15 - Ilusões

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— Jungkook-ah, sossega essa perna — disse Taehyung pressionando meu joelho com os dedos por baixo da mesa.

— Aish! — Tentei escapar de seu aperto dolorido. — Eu estou sossegado. — Meus pés ansiosos me contradisseram e voltaram a tocar o chão num batuque veloz. — E se aconteceu alguma coisa grave? — Puxei o ombro de Tae, atraindo sua atenção, mas ele revirou os olhos.

— Não aconteceu nada. O Jimin deve ter saído para espairecer — falou, tentando manter-se paciente com minha insistência naquele assunto que perdurou o resto da tarde. — Eu não estou te entendendo. Hoje cedo você queria superar, agora está obcecado atrás dele, o que aconteceu?

— Só preciso falar com ele... — desabafei, mergulhando em um pequeno devaneio.

Taehyung não necessariamente precisaria saber tudo o que Hoseok havia me contado, e eu também não estava muito afim de repetir toda aquela história.

— Eu acho que você deveria comer e relaxar um pouco — falou de boca cheia, bebendo no copo de refrigerante e fazendo uma mistura nojenta de comida com bebida gasosa.

— Não estou com fome.

A noite estava um pouco mais fria que o normal, mas nada que um agasalho simples não resolvesse.

Com alguns relances ao redor do refeitório, procurei esperançoso algum sinal de Jimin, mas não havia indícios dele, fazendo meu coração se apertar um pouquinho mais no peito.

— Não se preocupe, o Jimin não sumiria sem avisar. — Hoseok tentou me tranquilizar, mas não adiantou.

Nanah, que também estava conosco dividindo a mesa, permaneceu calada. Ela não parecia mais tão preocupada em me dar atenção, o que era compreensível já que eu havia a deixado de lado em razão dos meus problemas. Além disso, ela estava bem grudada às outras meninas e ao Taehyung.

🏕

Meus olhos fitavam os dois juntos dentro da barraca, mas minha atenção estava totalmente desfocada de qualquer coisa que não fosse o desaparecimento de Jimin. Nanah brincava com o celular de Taehyung, assentada no colo do mais velho, que de pernas cruzadas a envolvia em seus braços compridos de um jeito afetuoso. Ela parecia despreocupada ali. Já eu, estava totalmente abalado no meu canto. De cabeça e braços apoiados no joelho, tentei uma respiração profunda e controlada a fim de relaxar, mas isso não parecia possível àquela altura.

— Nossa, você é péssima — provocou o castanho, levando um beliscão em sequência.

— É seu celular que é ruim — retrucou a menina dando uma risadinha.

Enquanto eles brincavam distraídos, eu tentava organizar as ideias na minha cabeça e tentava não ficar tão abatido com todas as coisas que haviam ocorrido nos últimos dias.

Era até estranho pensar que eu já estava há mais de uma semana sem celular, sem computador, sem internet e sem videogame e esse não era o maior dos problemas que me preocupava. Eu estava diferente. O acampamento me deixou diferente.

Minha atenção estava debilitada, por isso demorou um certo tempo para eu perceber que os outros dois estavam em silêncio dentro da barraca. Levantei minha cabeça, recebendo, de cara, dois pares de olhos preocupados a me encarar.

— Que foi? — perguntei, forçando um sorriso de boca fechada.

— Você está realmente preocupado, não é? — questionou Tae, se aproximando e acomodando-se ao meu lado.

Ele enroscou o braço ao redor do meu, escorando a cabeça no meu ombro. Nanah, que observava a cena de longe, decidiu fazer o mesmo e enrolou-se no meu outro braço. Como era de se esperar, meu nariz sentiu aquele ardor característico de quando o choro avisava que iria chegar.

O Acampamento do Tio Park || JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora