Oito: Chaves e fechaduras

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A chuva, no lugar dos salpicos gelados que caíam, parecia ser feita de adagas que cortavam o corpo de Changkyun, o qual engoliu em seco. Ele e Kihyun estavam, há um minuto inteiro, olhando-se, e os orbes do Yoo esperavam, ansiosa e desesperadamente, por uma resposta. O Lee mais velho, por sua vez, ainda não sabia o que dizer. Seria aquele o momento em que, finalmente, contaria para Kihyun que ele era sua alma gêmea? Se fosse, Changkyun tampouco sabia. Todavia, o mais velho tinha a certeza de uma coisa: ele não queria que Kihyun sofresse mais e mais. Queria protegê-lo.

— Eu sei porque eu sei, Kihyun — foi a única justificativa que pôde encontrar diante de uma enorme massa de pensamentos que cruzavam em sua mente — eu apenas sinto que você tem uma alma gêmea e vocês vão encontrar o momento certo para se descobrirem.

Kihyun, com os beiços contraídos, disse:

— Isso não me convence.

— Quando você perceber que encontrou sua alma gêmea, você vai entender o que eu estou falando, Kihyun — Changkyun disse ao recuar um passo, e, com um aceno, indicou que o Yoo deveria seguí-lo para buscarem por um local coberto e secarem-se.

Kihyun optou por deixar o assunto de lado, visto que o frio já encharcara seu corpo, bem como a chuva fizera com suas vestes. Então, seguiu Changkyun até o prédio da biblioteca, situado do outro lado, onde a maioria dos estudantes esperava que a chuva passasse. Kihyun, com a destra, bagunçou os fios, de forma que as gotas frias atingiram o rosto de Changkyun, cujo olhava para frente, na direção da árvore em que estavam próximos. Ele deixou escapar um segredo que não queria que Kihyun descobrisse dessa maneira, fora por pouco.

O Lee mais velho suspirou.

— Ei, Changkyun — a voz baixinha de Kihyun chamou-o — você acha mesmo que eu tenho uma alma gêmea?

Por mais que Yoo Kihyun estivesse cercado por mentiras, Changkyun preferiu pensar que a que escondia era por um bem maior; futuramente a diria a ele. E, ao perceber que Kihyun não teve pensamentos além dos que devia por causa de seu comentário inoportuno, Changkyun podia respirar calma e normalmente. Somente por alguns dias, pois sentia que devia isso a Kihyun.

— Sim, Kihyun. Eu acho — respondeu a ele — eu tinha esse mesmo pressentimento quando conheci Hoseok — apesar de estar contando aquilo para usar de embasamento e tornar sua mentira mais plausível, o que dizia não era invenção — e, um tempo depois, Hyungwon apareceu na minha casa me dizendo que encontrara sua alma gêmea.

— E era Hoseok?

Changkyun assentiu afirmativamente.

— Se você estiver mentindo para mim sobre eu ter uma alma gêmea, saiba que eu sei aonde você mora — disse Kihyun, dando-o um leve soco no ombro. Changkyun sorriu ao ver que as lágrimas não mais desciam pelas bochechas do Yoo.

— Não estou mentindo — Changkyun sorriu — e eu só moro lá nas férias.

Kihyun deu um tapa nas costas do Lee mais velho, o qual desatou a rir ao ver a fúria dele. Para escapar da agressão, nada dolorida de Kihyun, Changkyun correu pelos estudantes, esquivando-se não só do próprio Yoo mas também dos demais alunos que ainda esperavam o fim da chuva. E, sem perceber, já estavam embaixo das gotas frias e álgidas novamente. Desta vez, no entanto, não era como se adagas perfurassem seu corpo. Changkyun sentia que eram como se flores, as mais coloridas dos campos mais altos, deixassem que suas pétalas pousassem em sua pele.

Hyungwon, o qual mexia em seu celular para passar o tempo, impaciente com a chuva pois queria voltar logo ao dormitório, teve seu ombro cutucado por Hoseok, cujo apontou para a direção de Changkyun e Kihyun, os quais corriam pelo campus sem preocupar-se se ficariam resfriados ou não. Defronte a cena, o Chae soltou uma risada divertida.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora