Dez: Chamas ardentes

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— Se eu me lembro bem — Kihyun disse, com um tom um tanto quanto irônico, enquanto segurava o amontoado de roupas, as quais faltavam-lhe cair dos braços, que Changkyun jogava em cima de seu corpo — você me chamou para ajudar a consertar a situação de Hyungwon e Hoseok — o Yoo olhou para Hyunwoo, cujo estava parado, de braços cruzados, do outro lado do quarto de Changkyun, olhando para o amigo com confusão estampada em seus orbes acastanhados — então por que está fazendo sua mala?

Changkyun jogou outra peça de roupa dentro da mala acinzentada e pôs as mãos cintura assim que soprou os fios que caíam-lhe sobre os olhos. Em seguida, olhou para Kihyun e disse ao mais novo:

— Vamos dar uma passada na casa no lago dos Lee — Kihyun crispou as sobrancelhas.

— Você quer dizer que vamos matar aula? — incrédulo, o Yoo questionou.

— Exatamente. Dois dias, para ser mais preciso.

— Eu não posso matar aula. Preciso manter um bom histórico na universidade.

Changkyun deu um sorriso de canto, ladino. Caminhou até o de fios alaranjados e puxou duas blusas dos braços finos do mais novo, com o evidente propósito de fazer com que o resto dos tecidos caíssem no carpete. Ainda com os lábios finos contraídos, o Lee provocou-o:

— Ah, vamos, Kihyun. De qualquer forma, não será um crime tão hediondo assim matar aula.

Kihyun revirou os olhos. Ainda contrário à sugestão proposta por Changkyun, disse:

— Eu disse que ia ajudar, mas isso era até saber dos seus planos. Por que não tentamos juntá-los aqui na faculdade?

— Porque assim os dois pombinhos podem transar em paz depois que se resolverem. Tem um chalé ao lado da casa no lago, lá eles terão privacidade o suficiente.

Kihyun, repentinamente, pisava em lava. Palavras como sexo e transar não eram muito frequentes em seu vocabulário, quiçá em seus romances. Talvez fosse isso que faltava em inúmeros roteiros que criara mentalmente durante algum devaneio que tivera: o fogo ardente que se alastrava pelo peito de forma tão surreal que só se era possível demonstrar amor por meio de toques e beijos, a doçura que seria ouvir a voz de sua alma gêmea com a guarda baixa, nu não somente às carícias, mas também enfraquecido pelo prazer.

— Confie em mim — Changkyun disse ao perceber que Kihyun perdera-se em uma órbita totalmente desconhecida — e relaxe. O chalé é longe o suficiente para que ninguém escute o que estão fazendo.

Embaralhando-se em meias palavras e frases sem sentido, Kihyun teve de limpar a garganta para que pudesse responder o mais velho. Disse-lhe, ainda embasbacado:

— Não era essa a minha preocupação.

— Mesmo se você faltar dois dias, você só terá uma falta em cada matéria. E são três matérias por dia, certo? — Hyunwoo pronunciou-se — a perda não será tão grande.

O Yoo, ao agachar-se para pegar as vestes que Changkyun havia feito o favor de deixar cair, curioso e dúbio se deveria acatar a ideia dos mais velhos, indagou:

— Hyunwoo também vai?

O Son fez um movimento negativo com a cabeça. Respondeu-o:

— Hoseok tem o privilégio de ter a mãe que tem, já eu, nem tanto. Minha mãe segue uma carreira totalmente diferente e não tem como eu usar ao meu favor, como ele usa quando precisa viajar com a família. Por isso, devo ficar.

— Então seria só nós quatro? — Kihyun, acanhado, questionou.

Assim que recebeu o aceno positivo de Changkyun, sentia-se perdido como as letras embaralhadas em uma sopa. Hyungwon e Hoseok ficariam juntos assim que se resolvessem e, quando isso acontecesse, o chalé seria inteiramente dos dois. O que, de acordo com os cálculos de Kihyun, era péssimo, pois ele passaria a maior parte do tempo junto de Changkyun. E, a julgar a velocidade de seus batimentos cardíacos na noite anterior, tinha medo de que isso se repetisse; por mais que Kihyun odiasse pensar nisso, seu coração acelerou quando Changkyun estava perto. Aceitar ou recusar, era algo que martelava a cabeça do de fios alaranjados. De fato, o Yoo não conhecia a palavra diversão, para falar a verdade, tinha medo do que podia resultar-se dela, ainda mais quando se tratava do Lee mais velho. Ele sim era uma caixinha de surpresas.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora