— Você me fez almoçar o mais rápido que pude, é bom que seja importante — resmungou Changkyun ao arrastar a cadeira de madeira da biblioteca sem o menor cuidado, de maneira que o alarido do pé da cadeira deslizando pelo chão de mármore ecoasse pelo prédio e os alunos, poucos, que estudavam enquanto comiam, semicerraram os olhos, impacientes e amofinados. Dois estudantes pediram silêncio para Changkyun, o qual, tendo a certeza de que havia incomodado, no entanto, não o suficiente, sentou-se, à contragosto, o que fez com que o ruído da cadeira soasse ainda mais alto pelos andares da biblioteca e entre os inúmeros livros do prédio oval. Kihyun revirou os olhos.
— Você por acaso tem cinco anos?
Changkyun, mordendo o interior da bochecha e, claramente mudando o foco da farpa para o motivo que levara Kihyun a ligá-lo e pedisse, atormentado, que o encontrasse no prédio da biblioteca, respondeu:
— De que você precisa?
— Da sua ajuda — confessou Kihyun, amuado. O Yoo, se o fato não envolvesse forças maiores e peças pregadas pelo destino, resolveria ele mesmo o problema. Entretanto, querendo ou não, Kihyun precisava da ajuda do Lee mais velho — deixei uma coisa importante na sua casa no dia da admissão.
— Tem certeza que essa coisa não se perdeu no seu armário? — Changkyun indagou, sem um salpico de maldade, apenas curioso se as bagunças de Kihyun se tornariam as suas com frequência — quero dizer, por que tem tanta certeza de que está na minha casa?
— Por que era para lá que eu levava essa coisa. Evitava deixar em casa para que meus pais não mexessem e deixava na minha mochila quando ia para a escola. No dia da admissão eu estava com ele, mas o perdi no dia que você e seu pai brigaram e eu saí às pressas — Changkyun mordeu o lábio inferior ao que Kihyun relembrou-o daquele entardecer — não custa nada procurar na sua casa, custa?
— Depende.
Kihyun crispou as sobrancelhas, metidiço.
— Eu não sei o que é essa coisa, Kihyun. Como vou procurar algo que você nem descreveu? — Changkyun cruzou os braços. O Yoo entrelaçou seus dedos uns nos outros ao apoiá-los sobre a mesa, também de madeira, suspirou e pensou se realmente valia a pena sacrificar todas as páginas de seu caderno ao contar sobre elas para o Lee mais velho ou então se seria mais fácil rezar para que o caderno de poesias sofresse autocombustão.
Temeroso e ignavo, Kihyun umedeceu os lábios carnudos, avermelhados de tanto mordê-los no caminho até a biblioteca graças ao seu nervosismo. Disse a ele:
— Changkyun, você tem que me prometer que não vai rir.
— Prometo.
Porque o Lee mais velho respondeu-o tão rapidamente, Kihyun sabia que ele sequer havia prestado atenção ao seu pedido e que somente desejava matar a curiosidade sobre o que a tal coisa era.
— É um caderno de poesias — até aquele momento, Changkyun havia ficado, deveras, surpreso. Para ele, Kihyun tinha escolhido estudar literatura para ou ser um professor ou trabalhar em editoras, como ele. Assim, o Yoo pigarreou e prosseguiu seu falatório — eu as escrevi pensando em Minhyuk. É por isso que estou tão desesperado em conseguir o caderno de volta já que está na sua casa e, bem, tenho medo de ele ter lido.
Changkyun reclinou as costas na cadeira, completa e totalmente desleixado. Perguntou a Kihyun:
— Qual é a cor do caderno?
— Vermelho — que irônico, pensou Changkyun. Justo a cor da paixão, adicionou mentalmente e riu diante da resposta do Yoo, de maneira que este arqueou uma das sobrancelhas — você pode me ajudar?
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SEE YOU AGAIN「 Changki 」
Fiksi PenggemarYoo Kihyun é cegamente apaixonado por seu melhor amigo, Lee Minhyuk, há quase cinco anos, e acredita, fielmente, que ele é sua alma gêmea. O que o Yoo não esperava era que, na noite em que havia decidido que daria um passo adiante na relação entre o...