Quatro: Não há fumo sem fogo

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— Conseguiu terminar aquela edição das férias de verão? — questionou Hoseok ao tomar um breve gole do café em sua destra. Estava relativamente frio naquela manhã, o Lee se arrependia, amargamente, por não ter pegado a jaqueta que estava em cima de sua cama, à mando de Hyunwoo, o qual parecia preencher o cargo de sua mãe, dizendo o que ele deveria levar ao sair — você ficou totalmente inacessível por boas semanas, Hyun.

Hyunwoo, com um suspiro e um passo mais largo, respondeu-o:

— Terminei, enviei-a antes de saírmos.

— Você gosta tanto assim de estudar sobre cinema? Nem mesmo atua, qual a graça?

— Quando eu era mais novo, eu gostava de tirar fotos da minha mãe — disse em um tom triste, como se criança fosse e os flocos de neve, delicadamente traçados, houvessem se desmanchado nas palmas de suas mãos nuas — e eu percebia que os sorrisos sinceros que ela dava sempre que eu dizia que a estava gravando me deixavam feliz. E, querendo ou não, há pessoas que nascem com o dom de estarem na frente da tela. Eu, por outro lado, prefiro apenas guardar essas fotos e vídeos na câmera, porque esses momentos nunca voltam.

— Entendi — murmurou o Lee — você parece meio para baixo hoje. Por acaso sua mãe pediu para você voltar para casa?

— Ela quer uma reunião de família. Certamente quer que eu pare de estudar cinema e vá fazer vestibular para medicina.

Quando Hyunwoo conseguiu a bolsa de estudos na Universidade de Artes de Seoul, sua mãe fora totalmente contra. No entanto, o Son desistiu de fazer sua mãe entender que, desde pequeno, ele via que tinha certa vocação para aquilo, além da dança, cujo praticava três vezes por semana. Sua mãe, por sua vez, havia negado pagar as taxas do dormitório e qualquer outra coisa que envolvesse a Universidade de Artes. Hyunwoo, convicto em contestar os desejos de sua mãe, alugou uma pequena casa perto da faculdade junto com Hoseok, seu melhor amigo de infância. A diferença majoritária entre os dois, além de discrepante, era também irônica: de um lado, Hyunwoo, o qual recusou-se em seguir os sonhos que sua mãe impôs e, do outro lado, Hoseok, que decidiu agradar a mãe e não desapontá-la, estudando artes cênicas. O Lee não desgostava do curso, achava que sim, tinha um lugar em toda aquela trama. O design de moda, porém, era algo em que ele realmente se encaixava e não só ele sabia disso, mas também Hyungwon fazia questão de lembrá-lo de suas escolhas e que tais predileções acabariam tomando as rédeas da vida dele.

— E você e Hyungwon, conseguiram chegar a um consenso? — era a vez de Hoseok ser o interrogado.

— Conversamos um pouco ontem. Hyungwon está menos arisco.

— Você fala isso como se ele fosse um gato — o moreno brincou, de maneira com que o melhor amigo desse uma gargalhada divertida e, também, contagiante.

— Ele é mesmo — Hoseok deu-o uma piscadela, brodista.

Após um minuto inteiro sem trocar palavras, somente bebendo de seus cafés, a quietude dos passos e dos goles foi quebrada com a pergunta do moreno:

— Temos que passar em muitas turmas anunciando sobre o comitê de boas-vindas? — Hyunwoo perguntou, já cansado só de imaginar em quantas salas ele e Hoseok deveriam entrar e, brevemente, conversar.

— Não são muitos calouros esse ano — contando nos dedos da mão esquerda, prosseguiu seu falatório — são só duas turmas de artes, duas de literatura e uma de cinema — Hoseok mordeu o interior da bochecha — pensando bem, passar em cinco turmas repetindo sobre o comitê e como podemos ajudar é um pouco chato — riu, abobado.

— Espero que essas turmas não sejam iguais às passadas. Eles diziam que tinham uma dúvida e essa dúvida era se nós estávamos solteiros ou não — resmungou o moreno. Hoseok gargalhou.

SEE YOU AGAIN「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora