A pintura em neon que abrangia o rosto delicado de Hyungwon, o qual, há pouco, havia feito, enaltecia seus traços enquanto ele dançava, no meio do salão, com um copo de cerveja em uma das mãos, os orbes fechados e um sorriso — quiçá fosse pela bebida ou por simplesmente estar dançando sem a mente estar uma enchente, cuja transbordava pelas laterais, de probabilidades e problemas que deveria resolver, sendo, o principal deles, Lee Hoseok. A única agrura era o fato de Hyungwon ser extremamente orgulhoso, além de ter medo do olhar que sua alma gêmea o daria. Ele não queria perder Hoseok, no entanto, caso continuasse assim, definitivamente não teria como voltar atrás. E o loiro sabia disso. O que o interdizia era sua covardia. Hyungwon e Hoseok não tinham a eternidade para ficarem juntos, muito menos eram imortais. O Chae odiava admitir, porém, o pensamento de morrer de flores o fulminava e o caçava em seus piores pesadelos.
Após beber o último gole da cerveja presente em seu copo, Hyungwon amassou o plástico e o jogou em uma lata de lixo próximo ao lugar em que estava. Em seguida, ajeitando seus fios, agora úmidos e bagunçados, com o corpo cansado, rindo de um elogio bobo de um calouro, que passou minutos o observando dançar, caminhou até o sofá que situava-se na sacada do salão. Sua garganta se fechou no momento em que seus olhos acastanhados encontraram a silhueta vigorosa de Hoseok. Hyungwon, imediatamente, parou de andar e o sorriso, que anteriormente tomava conta de seus lábios carnudos e aveludados, vermelhos como suas bochechas, indicando que havia bebido uma boa quantidade de álcool, esvaeceu-se, misturou-se ao ar e encontrou seu caminho pelo céu não tão estrelado. Hoseok, cujo estava acompanhado de outros três rapazes, ria e fazia expressões engraçadas, provavelmente contava uma história de seus tempos como novato na faculdade.
O Lee, de soslaio, avistou Hyungwon, o qual estava inepto a andar. Era como se seus pés estivessem grudados no chão com cola quente, impossível de girar o corpo e correr pelos corpos dançantes, fugindo como uma criança que acabara de ver um monstro embaixo da cama e clamava pela ajuda dos pais, em outro cômodo. O loiro, após engolir em seco, contorceu os lábios e desviou o olhar de Hoseok, de maneira que, velozmente e, antes que perdesse a coragem, afastou-se deste, indo em direção à saída. Não obstante, Hoseok, pediu, com delicadeza, licença aos calouros, e, esquivando-se pelos demais estudantes — os quais aproveitavam a festa e tinham suas visões ofuscadas, algumas vezes, pelas luzes neon enquanto dançavam — tentou, ao máximo, não perder Hyungwon de vista. Com passos açodados, Hoseok conseguiu alcançar o Chae após um minuto inteiro e, sem rodeios, chamava por seu nome, algo que o loiro via como proibido, uma maldição. Uma maldição caracterizada pelo lento envenenamento, cuja perfurava a pele e invadia a corrente sanguínea de que o clamava. Ignorando o Lee, Hyungwon apressou-se, afastando-se e fugindo ainda mais do problema que quebrava seu coração. Farto de ser ouvido e ignoto, Hoseok puxou a alma gêmea pelo pulso, buscou ser o mais cauteloso possível para que ele não se machucasse.
— Hyungwon — suplicou Hoseok, a voz sussurrada e doce, no instante em que o corpo de Hyungwon colidiu com o seu, de forma a causar, no mais alto, seu aceleramento cardíaco — por favor, me escute.
O rosto do Chae estava cabisbaixo e um pouco rubro.
— Estou escutando — Hoseok conhecia Hyungwon como ninguém. Sempre que este encontrava-se dúbio, evitava olhar diretamente para ele, mordia o lábio inferior, carnudo, e engolia em seco. A saliva parecia rasgar a garganta, como o vinho mais forte e amargo. Porque, genuinamente, conhecia Hyungwon, Hoseok sabia que ele abaixava as muralhas de seu castelo coberto de ouro e marcas de guerra, sempre que entrelaçava seus dedos nos dele, e, assim o fez, fechando suas mãos como se fossem uma, de forma a trazê-las para perto seu coração.
— Está mesmo?
— Não seja assim, Hoseok — murmurou Hyungwon, trêmulo.
— Você não precisa falar nada, Hyungwon. Apenas me escute — Hoseok disse — eu amo você e sei que você se sente da mesma forma, então não precisa fugir quando nos desentendemos. Eu também sei que você quer que eu siga meu sonho e não fique à mercê dos desejos de minha mãe.
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SEE YOU AGAIN「 Changki 」
FanfictionYoo Kihyun é cegamente apaixonado por seu melhor amigo, Lee Minhyuk, há quase cinco anos, e acredita, fielmente, que ele é sua alma gêmea. O que o Yoo não esperava era que, na noite em que havia decidido que daria um passo adiante na relação entre o...