Capítulo VIII

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Olá, rabias 🗼 ! Como cês tão ?

Desculpem pela demora. Está um pouco complicado organizar meu tempo para escrever. Mas prometo não sumir mais <33

Divirtam-se

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11 de abril de 2015

"Oi, Bia

Ontem eu encaixotei sua coleção de discos de vinil. Ainda sigo sua playlist no Spotify e sempre a escuto no caminho do trabalho (seu ecletismo é realmente impressionate, Bianca). Mas ontem, eu decidi fazer diferente. Enquanto saboreava um vinho Antinori Tenuta Guado, ouvia disco por disco da sua coleção. Ouvi cada um deles, passeando de Alceu a BB King. Foi delicioso e nostálgico. Diria até melancólico. Naquelas quase quatro horas de música e vinho, pude sentir sua energia novamente preenchendo a casa.

Ontem, Bia, todos meus sentidos, já enebriados, me traíram. Pude te ouvir cantando desafinada. Pude te ver dançando agarrada a Luete. Pude sentir seu aroma doce impregnando o ambiente. Pude rememorar seu pele suave entre meus dedos. Pude quase degustar do sabor do seu beijo. Todas essas experiências sensoriais que vivi nos últimos cinco anos foram inflamadas pelo álcool, pela música e pela saudade. Talvez por isso, pude revive-las com um realismo enlouquecedor.

Ontem, certamente, a noite terminaria com uma magnifica foda na sala, na cozinha, na escada, no banheiro. Talvez teríamos transado por toda casa (não seria a primeira vez, não é?). Não dúvido que, com nossa habitual avidez e desejo, até quebraríamos as taças no processo. Mas a única vítima da noite fui eu mesma, Bia. Quando o vinho findou-se, a música cessou e as luzes se apagaram, não havia mais você. Nem mesmo a doce ilusão de você. Havia eu sozinha e despedaçada numa cama de casal fria.

Ontem seria nosso aniversário de namaro. Comemoraríamos seis anos de relacionamento. Seis anos é muita coisa. Seis anos é tempo para caralho. Em seis anos, uma criança nasce, aprende a andar, aprende a falar, já explora o mundo e começa a se alfabetizar. Mas com seis anos, uma criança ainda tem muito o que viver, não é ? Sem dúvidas em nossos incompletos seis anos, aprendemos muitas coisas, descobrimos a nós mesmas e ao mundo. Foi intenso, vívido e frutífero. Mas esses seis anos não me parecem suficientes, porque ainda havia tanto a fazer, a experimentar, a aprender, a amar.

Ontem eu senti uma vontade absurda de te ligar. De falar com você. De dizer que ainda te amo. De dizer que terminar foi um erro. De dizer que eu ainda quero tentar. Dizer que eu quero continuar. Dizer que eu quero você. Talvez o álcool tenha me encorajado. Porém o destino me refreou. Não tinha seu número, por sorte. Considerei mandar um direct pelo instagram e ali me surpreendi com o que vi.

Ontem você estava em um jantar romântico com seu novo par. Ontem, no nosso dia, você estava sob a Torre Eiffel degustando um belo prato com a Mariana Saad. É uma puta piada de mau-gosto sua e do destino: nosso restaurante sempre foi o Paris 6 e lá comemoramos todos os nossos "dez de abril", então no primeiro aniversário de namoro separadas, você sai para jantar com outra na porra da Torre Eiffel ? Caralho. Olha, você me conhece e sabe que sou aversa à rivalidade feminina e acho uma babaquice sem tamanho esse script de odiar atual do ex. Porém, porra ! Não pude evitar de me sentir pessoalmente atacada com o comentário dela: "noite memorável rs". Bom... É fato eu não tenho qualquer direito sobre nada disso. É sua vida, seu romance, sua rede social. Mas, seria mentira dizer que não fiquei magoada. Seria mentira dizer que essa foto não me estilhaçou em vinte milhões de pedaços.

Memories - RaBiaOnde histórias criam vida. Descubra agora