Capítulo VI

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Olá, rabias ! Como cês tão 🗼 ?!

E vamos de drama. Não foi o que vocês pediram ?

Divirtam-se.

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POV RAFAELLA KALIMANN

18 de março de 2020

- Apesar de ter meu nome e referir-se a mim, estou certa que não era sua intenção que essa carta chegasse até a mim...

Pesadelos são experiências mentais, porém realistas que são vivenciadas durante o sono. E para Rafaella, essa era a única explicação plausível para o fato de Bianca Andrade estar segurando uma de suas cartas a sua frente. Se não estivesse tão apavorada e atônica, a mineira beliscaria a si mesmo para acordar daquele tormento.

- Não posso dizer que entendo a existência dessa carta... Vi meu nome e como estava em minha mesa, deduzi que era para mim. Então eu li, mas logo percebi que essas palavras são direcionadas para outra versão de mim, a Bia de 5 anos atrás... - Bianca tentava esconder seu nervosismo em um tom sereno e firme, mas as mãos trêmulas e as mordidas no lábio inferior denunciavam suas emoções. A fraca luz do vestiário não colaborava tanto, mas Rafaella podia jurar que seus olhos castanhos estavam úmidos - Está assinada por RK. É você, não é ? - a pergunta era completamente retórica tanto que a loira não fez qualquer menção para responde-la - Rafaella, sinto muito. Se eu soubesse que você se sentiria assim... que meu retorno te faria tanto mal, eu juro que não teria voltado para sua vida. Não viria trabalhar aqui...

Toda raiva e irritação que Rafaella sentira nos últimos dias pareciam ter se desintegrado. Já não desejava gritar, brigar, bater em Bianca como há horas atrás, só queria fugir. Correr para o mais longe possível daquela situação humilhante e embaraçosa. Como explicar aquela carta a Bianca ? Como explicar que 5 anos depois continuava escrevendo coisas para a ex-namorada ? Naquele momento, Rafaella começava a duvidar da própria sanidade.

- Rafaella, ao contrário do que você escreveu aqui, eu não voltei para desdenhar de você e dos seus sentimentos - a mulher se aproximava a passos lentos da mineira que permanecia pálida sentada no banco - Eu juro que não, Rafa. Eu juro - a voz de Bianca saia embargada - Jamais zombaria e desrespeitaria coisas tão importantes para mim como você e a nossa - disse ao se agachar em frente aos olhos verdes atordoados. Aquela proximidade permitiu que o conhecido aroma doce invadisse as narinas de Rafaella, fazendo todos seus órgãos chacoalharem. Bianca usava o mesmo perfume de sempre - Não menti quando falei que você é um dos motivos da minha volta ao Brasil...

- Bianca, isso não faz sentido algum - balançava a cabeça em negação. Usou pingo de racionalidade que lhe restava para pôr seus pensamentos em ordem - Cincos anos depois, Bia ? Por que agora ? É tão injusto. Tão i-injustificável - a medida que as palavras saiam de sua boca, levavam consigo o choro contido. Não queria transparecer tanta mágoa e vulnerabilidade, entretanto àquele momento já era impossível - Você é incrível, seu currículo invejável, com certeza uma das melhores pediatras do país... Você poderia trabalhar em qualquer hospital, Bianca, por que veio para o Grey-Sloan ? Por que eu estava aqui, não é ? - a morena não precisou responder verbalmente, a forma como encarou envergonhada o chão confirmou aquela suposição - Isso é loucura ! Uma loucura !

Rafaella tinha plena consciência de que não podia julgar ninguém no quesito sanidade. Afinal em casa ela possuía pelo menos 100 cartas escritas para a ex-namorada. Entretanto, aqueles papéis eram inofensivos, não pretendia fazer nada com eles, apenas mante-los em sua gaveta longe de todos. Nada daquilo impactava na vida de ninguém, a não ser da própria Rafaella que usava aquele diário para manter suas lembranças. Já o plano mirabolante de aproximação forçada de Bianca tinha virado a vida de Rafaella de cabeça para baixo... Não era só uma loucura, era inapropriado e autoritário.

Memories - RaBiaOnde histórias criam vida. Descubra agora