Capítulo 1

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Por mais absurda que a ideia pudesse parecer, Bllatrix Lestrange era uma boa mãe. É, você leu direito. Bellatrix Lestrange, ou Bella para os mais íntimos, era não só uma boa, como uma ótima mãe.

Obviamente, ela encheu a mente de Harry com seus ideais sangue-puristas, mas apesar dos pesares, ela dava amor para seu filho. Era do seu jeitinho, porém se prestasse atenção, estava lá: amor e carinho. Todo esse cuidado não era visto em abraços, beijos ou qualquer coisa do tipo, e sim nos crucios que ela lançava em qualquer um que ousasse insultar seu protegido de qualquer maneira que fosse.

Harry era muito pequeno quando seus pais biológicos morreram, então não sabia da diferença das demonstrações afetivas de ambas as famílias, portanto, não sentia saudade de contato físico. Isso era bom, embora um pouco triste.

Rodolfus por sua vez, era um homem tão aristocrático quanto Lúcios Malfoy sob o olhar de todos, mas quando não havia plateia, era o pai mais babão que podia, já que ele também não tinha permissão ficar muito em cima no bebê de Bella. Ficava encantado em como o menino era bom com a vassoura e dizia que ele tinha puxado o talento de si, mesmo sabendo que era de James Potter. É, eles sabiam quem o menino era.

Nas primeiras semanas, só sabiam que o menino se chamava Harry. Na mochila que continha os poucos pertences do garoto, havia o nome bordado com extremo cuidado e pompa. Quase um mês depois de abrigarem o moreno, receberam um profeta diário que lhes chamou a atenção, porque, diferente dos anteriores a manchete não era sobre a alegria do mundo bruxo, com fotos de pessoas alegres e sim o título: "O MENINO-QUE-SOBREVIVEU ESTÁ DESAPARECIDO" acompanhado de uma foto do pequeno Harry.

Era inconfundível. Tinha os mesmos cabelos bagunçados e o mesmo sorriso bonito. Aquele era Harry.

Nesse momento, se você entrasse na sala de jantar dos Lestrange, iria encontrar um casal de aparência levemente mortificada, sentados em pontas opostas de uma grande mesa, cada um com seu jornal em mãos, talheres pousados ao lado dos pratos e um café da manhã variado na mesa.

Dizer que eles estavam perplexos era eufemismo. Como não notaram antes?! O menino foi encontrado um dia depois da queda do lorde, foi possível perceber que Sirius passou pela propriedade, e a menos que Bella estivesse ficando louca, seu odiado primo era melhor amigo dos Potter, e Merlin! Como aquele garoto era parecido com James!

Mas a real razão para eles estarem espantados, era porque eles estavam mais do que confraternizando com o inimigo, estavam dando amor e carinho e criando-o como um filho! Como os comensais reagiriam a aquilo?! Porque definitivamente não organizariam a festinha de 2 anos do menino. Bom, pelo menos não todos...

Apesar das terríveis possibilidades do que poderia acontecer a Harry e a si próprios caso continuassem com a guarda dele, eles não tinham outra opção, não iam de forma alguma, se livrar do pequeno. Tinham se afeiçoado demais a ele e talvez isso viesse a ser um problema. Um grande e fofo problema.

Tomaram, graças ao bom Merlin, a decisão mais racional e organizaram uma reunião com os comensais remanescentes em sua mansão para esclarecer tudo, fazer algumas ameaças e convencer a todos que seria bom para as trevas ter o garoto de seu lado, ocasionalmente cruciando alguém que interrompesse ou discordasse.

Os convites foram enviados e em algumas horas, tudo estava devidamente organizado e os primeiros convidados estavam chegando.

Harry estava trancado na segurança de seu quarto, para impedir que qualquer comensal com menos juízo do que o normal, agisse com impulsividade e tentasse atacar o bebê. Provavelmente ele não passaria da porta da sala de jantar sem cair morto por um Avada Kedavra, mas Bella disse que era apenas uma precaução e Rodolfus ainda não tem coragem o suficiente para discordar de sua mulher.

-Cissa, que bom que veio - Bella disse, dando um pequeno aceno com a cabeça.

-É um prazer, Bella. Só não entendi o porquê do convite a essa altura - Disse Narcisa com cordialidade, imitando o gesto da irmã.

Bellatrix apenas deu de ombros e, vendo seu marido beijar a mão da morena, finalmente se dirigiu ao seu cunhado.

-Lúcios, é bom vê-lo - Falou formalmente, ouvindo a resposta logo em seguida.

A reunião ocorreu normalmente. E com normalmente eu quero dizer que foi um quase desastre. Nas primeiras cinco palavras de Bellatrix todos estavam com seus queixos no chão, cinco pessoas saíram sem sentir suas pernas, um homem havia sido morto e o restante estava tão chocado quanto se alguém os tivesse dito que Dumbledore e Voldemort tiveram um caso.

Quando só restavam Narcisa e Lúcios, o outro casal foi até a sala, sendo seguidos. Sabiam que teriam que explicar a decisão de ficar com o menino e que provavelmente levariam um sermão por terem acolhido alguém sem ter pesquisado sobre, então, quando chegaram na sala com sofás e poltronas de aparência confortável, Bella desatou a falar, enquanto os outros apenas a assistiam.

Mas ao contrário do que pensaram, não receberam um sermão, e sim um pedido por parte de Cissa:

-Tragam aqui o menino - Bella fez menção de levantar-se para atender o pedido, mas Rodolfus a parou com um gesto.

-Eu vou - Disse e apareceu alguns minutos depois carregando um Harry com aspecto choroso e sonolento, como se tivesse acabado de acordar, e de fato era o que tinha acontecido. Bella o botou para dormir pouco antes da reunião começar.

Diante daquela adorável visão os três que já estavam na sala sorriram involuntariamente para o recém chegado. O bebê ainda um tanto grogue, estendeu os pequenos e gordos bracinhos na direção de Bella e a chamou:

-Mamãe, colo - Então, inusitadamente a cacheada acolheu o corpinho entre seus braços e sorriu docemente. Quando percebeu que estava sendo encarada, fechou o cenho automaticamente e pensou no que havia de errado com eles ao perguntar o porquê dos olhares.

-Você gosta muito dele, não é? - Narcisa questionou com genuína curiosidade.

-Mais do que poderia imaginar - Retrucou Bella um pouco distraída pelo bebê em seu colo.

A partir daquele dia, Harry pode viver uma vida "normal" apesar de ter seu fofo rosto estampado em todos os profetas daquela semana. É, teriam que resolver aquilo.

E se fosse... diferente? - CanceladaOnde histórias criam vida. Descubra agora