07 | Isqueiro

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— Porque? — ergue as sobrancelhas — Já fez algo tão ruim assim para merecer?

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— Porque? — ergue as sobrancelhas — Já fez algo tão ruim assim para merecer?

Sei que foi irônico mas me espanto ao não saber responder sua pergunta. Sigo-o até a mesa com um caderno de anotações na mão.

— Então, qual vai ser o pedido?

— Gostei da fantasia — encara meu uniforme — acho que será meu novo fetiche sexual.

Inspiro lentamente, incrédula.

— Vou fingir que não ouvi isso. — infelizmente não posso bater nele, não aqui pelo o menos. — Tenho mais o que fazer Sloan, o que vai querer?

— Você devia tratar melhor um cliente. — aconselha e reviro os olhos em resposta. — Vou esperar para pedir, estou esperando alguém.

— Ha. — finjo uma gargalhada. — Como um encontro?

— Exatamente como um.

Entorto a cabeça.

— Nesse caso, sinto muito por ela.

Chase está prestes a rebater mas fecha a boca quando ouvimos alguém.

— Cheguei Cha... — a voz familiar para quando me vê e eu engulo em seco. — Skyler.

Charlotte. — enrijeço o corpo e retribuo seu olhar intimidador.

Nenhuma de nós fala por alguns segundos mas continuamos nos encarando como se a qualquer momento uma fosse dar um golpe fatal. Embora ache que Aiko já deu.

— Vou querer um milkshake de chocolate. — Chase pede tentando aliviar a tensão que mal entende.

Porém enquanto Charlotte faz seu pedido, especificando a quantidade de gelo, sem açúcar, medida da água e a cor do canudo, me custa muito autocontrole para não respondê-la rudemente, e só não o faço pois não quero prejudicar os pais de Katherine, embora tenho certeza de que ela concordaria.

— Ela não perde tempo né? — diz Foster  preparando seu suco verde com adoçante diet — E nem posso julgar pois também não perderia.

— Não pode? — abro a porteira entre o balcão, lhe dando passagem — Então vai você levar o pedido.

Observo-a chegar com os pedidos e então me volto a Chase, que está igualzinho como na escola. O casaco de couro, outro, parecido mas não igual, calça jeans e a camiseta branca que desenha seu abdômen.

— Ok, errei, é impossível não julgá-la.

Não consigo evitar não observá-los. Não que eu esteja atrás de uma mesa próxima tentando ouvir a conversa ou algo do tipo, mas apenas olho para eles quando estou atoa. Pensar nos dois me faz parar de pensar em Matthew. Raiva, às vezes, pode apagar a tristeza.

Percebo uma agitação entre eles e cerro os olhos. Chase se levanta para pegar algo em seu bolso, e depois olha para os lados – para mim – mas desvio o olhar rapidamente por alguns segundos. Quando se volta para Charlotte, entrega duas notas de dinheiro. Não consigo ver quais, mas pela maneira como passa a cédula pela mesa discretamente e o sorriso de Lottie ao receber, parece um valor alto. Ela guarda o dinheiro em sua mini bolsa e os dois começam a conversar como se aquilo não tivesse importância. Ou, talvez, como se tivesse importância demais para ser discutido aqui.

L'appel Du Vide (abandonada) Onde histórias criam vida. Descubra agora