Prológo | Coroa de plastico

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Sugiro que leiam ouvindo prom dress da mxmtoon.

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Não consigo voltar para dentro, a coroação não me importa mais

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Não consigo voltar para dentro, a coroação não me importa mais.

Ouvi o carro de Matthew partir bruscamente, até fazer a curva derrapando na esquina e sumir da minha vista. Queria correr atrás dele, alcançá-lo e implorar por perdão, mas sei que a melhor coisa que posso fazer agora é chorar e lhe dar o tempo que precisa.

Estou sentada na sarjeta, com a chuva gelada da primavera caindo sobre meus ombros. Os cachos do meu cabelo, que demoraram quarenta minutos para serem feitos, estão desmanchando, assim como minha maquiagem.

Tiro a coroa que dói em minha cabeça, e ao encara-la de perto, percebo que, ainda por cima, é de plástico. A jogo longe e nem me atento a onde caiu.

Consigo ouvir a música alta do baile em um eletropop dançante. Pelo o menos ainda não houve a dança dos reis e espero que, quando comece, eu esteja bem longe daqui. Porém, não bastou mais que o tempo preciso para tirar meu salto, até que Abigail se pusesse a falar no microfone estourado, mas não sem antes haver uma microfonia estridente que certamente fez todos tamparem os ouvidos.

Não quero escuta-la nos chamando para a valsa, não suporto ouvir mais uma palavra sequer sobre a cerimônia. Mesmo assim ouço nosso nome, abafado e com o eco do salão improvisado no refeitório. Inspiro com dificuldade, tentando ignorar, porém na segunda chamada, levanto em um pulo e me obrigo a andar.

O longo vestido azul cola ao meu corpo, encharcado como todo o resto. Meus pés nus pisam em poças de água, fazendo gotas respigarem por todo lugar. Porém sinto que, na verdade, estou me afogando em minhas próprias lágrimas e o temporal é apenas um delírio.

Em abril não costuma chover tanto.

Pego o celular, protegendo-o com a mão, e contemplo o contato de um táxi. Um pingo de chuva cai com força na tela acesa e desliza até o fim, caindo ao precipício. Eu suspiro, guardando o telefone na pequena bolsa em meu ombro.

Sinto que preciso passar por isso, afinal a culpa é toda minha e eu mereço. Meus braços descobertos e arrepiados abraçam meu corpo enquanto ando por um pouco mais de cinquenta minutos. Os postes e faróis de carro, ambos embaçados ao meu olhar. Nem as vermelhas e chamativas luzes de uma ambulância, fui capaz de ver com clareza, apenas ouvi sua sirene no eco.

Eu sabia para onde estava indo mas era como se não reconhecesse caminho. Estava perdida mesmo sabendo minha localização.

A chuva já quase para quando chego em casa e meus pés estão doendo a cada passo, visto que permaneci descalça.

Antes de virar a chave, olho através da janela da sala, mas tudo parece apagado e deserto. Pelo o menos isso. Não sei o que Marie faria se me visse assim hoje, justo hoje. Não preciso de mais uma briga essa noite, e, muito menos, ter de acompanha-la ao hospital.

Abro a porta, e nem me dou ao trabalho de
passar meus pés no tapete ou torcer meu cabelo, que sai pingando água pelo piso. Me dirijo as escadas, passando o mais rápido possível pela cozinha e tudo o que a pertence. Mal consigo ficar em pé.

No banheiro, tiro o vestido, deixando-o cair em meus pés e encaro o espelho, os olhos vermelhos e borrados de rímel. Lavo o rosto de maneira rápida, ainda deixando resquícios do que já foi uma bela maquiagem. Me livro, também, do corpete preto, vendo no reflexo as marcas deixadas em minha pele.

Pego a toalha e me seco, seguindo pelo cabelo, mas sem me preocupar em pentea-lo. Enrolo-a em meu corpo e vou ao quarto. Não preciso acender a luzes para vestir uma camiseta larga e me deitar, curtindo da companhia do escuro e de tudo que ele não vê.

Meus ossos parecem se juntar novamente assim que relaxo-os de encontro com o colchão macio. Minhas pernas param de ceder. Eu finalmente consigo respirar sem ofegar.

Penso em ligar para ele, mas estou ainda zonza pelo cansaço, dor e fome, afinal, não comi o dia inteiro, para conseguir entrar no vestido, e gastei mais energias do que poderia nessa andança.

Provavelmente, Matthew também deve estar dormindo, e a ideia de acorda-lo mais uma vez para a cruel realidade, me parte. Me viro no travesseiro, tentando fazer o mesmo.

Mesmo mal conseguindo deixar as pálpebras abertas, demoro muito a apagar. A culpa, a angustia, e a lembrança de seus olhos marejados de decepção, me tiram todo o sono.

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Oioi gente, sei que a maioria dos prólogos é a primeira coisa que o autor posta, mas como vocês sabem eu não tinha e decidi escrever agora. Espero que vocês tenham gostado e sinto muito pela minha falta de planejamento. Fiz por vocês e para vocês, como presentinho pela nossa última conquista. 💕 Devo tudo a vocês.
Se gostarem por favor, não se esqueçam de votar e comentar! Amo vocês, obrigada de novo pelos 10mil.

L'appel Du Vide (abandonada) Onde histórias criam vida. Descubra agora