As verdades doem, mas os segredos matam.
Com seus cabelos escuros como a noite e olhos claros como o dia, Skyler Hayes esconde algo a sete chaves após um evento traumático.
Chase Sloan, o retrato do caos, muda-se para a parte pacata de Fox, afim de...
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Abro a torneira do chuveiro com tamanha força que a faz ranger. Demora apenas alguns segundos para esquentar ao máximo, e assim que entro embaixo, faço uma careta com o incômodo. As lágrimas se misturam com a água e gostaria que minhas lembranças fizessem o mesmo em direção ao ralo. De qualquer forma, com a temperatura fervendo sobre meus ombros, não me lembro do pesadelo.
Sento no chão e vejo que ainda estou de cueca, não pensei em nada, apenas corri para o banheiro como um furacão na esperança que uma dor substituísse a outra.
Pude perceber no corredor que a casa está completamente escura, sem qualquer indício de sol pelas janelas, o que revela que ainda é de madrugada. Então, permaneço nessa posição pelo tempo que preciso.
Minha pele queima a cada gota.
— Chase?
A voz parece um borrão, mas as batidas violentas na porta conseguem me acordar. Abro os olhos rapidamente e fico confuso ao deparar o lugar onde estou. Estou no box, com agua gelada batendo em minhas costas, mas elas ardem como nunca.
— Chase! — Hailey grita — Sempre vou primeiro, esqueceu?
Levanto. Meu pescoço dói pela posição em que dormi, e não faço ideia de por quanto tempo.
— Já estou saindo. — gaguejo.
Enrolo a toalha no quadril. O tecido encosta em meu abdômen e grunho com a dor. Limpo com a mão o espelho borrado pelo vapor, e percebo que estou inteiramente vermelho.
Me lembro dos acontecimentos da noite passada. Me lembro do sonho, de chorar e da dor. Na verdade, sinto a dor.
— O chuveiro pegou fogo? — pergunta rindo assim que a deixo entrar, fazendo a fumaça espessa sair visivelmente do cubículo. Ouço o chuveiro ligar e corro para o quarto, seu bom humor vai sumir em questão de segundos. — Chase Sloan, você acabou com a água quente inferno! — esbraveja em plenos pulmões.
Depois de colocar a roupa com certa dificuldade, abro a janela e inspiro lentamente o ar fresco. Eu já estive próximo da morte várias vezes, mas no banho seria patético. Mesmo assim sinto minha respiração danificada e bolhas se formando. Talvez eu goste dessa sensação. É sofrer para viver.
Com os olhos fechados, consigo ouvir a ambulância chegando, embora saiba que não há um carro na rua. Preciso imediatamente me distrair. Abro os olhos. Skyler. Minha distração preferida.
— Dama da noite. — chamo.
Não perturbo Sky apenas por ser divertido mas também porque preciso. Seu cabelo é escuro como a noite, e os olhos claros como o dia. Mesmo assim, sua beleza não é óbvia, e sim tão profunda quanto um oceano da cor de sua íris. Com uma certa fragilidade que não combina com sua língua afiada.
