12 | O chamado do vazio

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Charlie me liga para perguntar porque não estou na Mel's, como sempre fazemos as sextas feiras antes de irmos ao terraço restrito à funcionários do prédio de Charlie e Eleanor, o nosso lugar

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Charlie me liga para perguntar porque não estou na Mel's, como sempre fazemos as sextas feiras antes de irmos ao terraço restrito à funcionários do prédio de Charlie e Eleanor, o nosso lugar. Falo que estou doente, porque tudo que quero é ficar na cama.

Eles sabem que estou mentindo e me perguntam se podem vir aqui depois que a lanchonete esvaziar e Kat estiver livre. Por mais que agradeça a preocupação, quero ficar sozinha.

— Eu estou falando sério Elle, e é uma doença muito contagiosa. — digo, após o celular ter sido trocado de interlocutor, na tentativa de tentarem me convencer.

Mas eles sabem que pelo jeito que estava na escola hoje, era melhor não me contrariarem e agradeço por ter amigos que respeitam meu espaço.

Já que meus animais não. Gypsi está alinhada comigo, meu braço em seu pelo raso. Pantera, que sempre fica no telhado a noite, hoje está no meu pé. E Violet espreme todos nós com a barriga para cima, bagunçando os lençóis e às vezes cavando buracos invisíveis. Mas estaria mentindo se dissesse que não gosto de estar apertada entre eles.

Aumento a dose do remédio de insônia, tomando dois comprimidos ao invés de um, e então, não lembro quando apago profundamente.

                          ✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

Acordo assustada. Acendo o abajur na pequena mesa ao lado, a luz amarela ilumina parcialmente o quarto e não vejo nada incomum. Gypsi e Pantera estão dormindo, se livrando de suspeitas e Violet é extremamente barulhenta então não pararia o que estivesse fazendo tao rápido. Penso que deve ser minha mãe chegando, mas depois não ouço mais nada. Será que estava sonhando?

Um segundo após desligar a luz, o mesmo barulho ressoa no silêncio, o que me faz religa-la imediatamente e rezar em silêncio, mesmo sem ter religião alguma. Maldita Sexta-feira 13 que Katherine nos fez assistir.

Mas dessa vez percebo que veio de fora. Tento olhar a sacada, na segurança de minha cama, mas está muito escuro. O som desconhecido, no entanto, permanece com pequenos intervalos.

Sem pensar pego meu travesseiro para me defender de um possível Jason, calço minhas pantufas e vou em direção ao ruído, fazendo exatamente o que julgo burro nos filmes de terror. Assim que abro a porta devagar, desvio de algo, que por pouco não me acerta. Olho para o chão e vejo pequenas pedras.

— Mas o que? — sussurro sozinha.

Me apoio no parapeito. Só há iluminação dos postes da rua e.... Chase? Antes que consiga concluir, uma delas me acerta em cheio.

Ai. — reclamo, passando a mão pelo braço, onde fui atingida. Aí percebo, sim, é Chase.

— Opa, desculpa! Não vi que já estava aí. — exclama como se fosse super normal bater na janela dos outros de madrugada.

L'appel Du Vide (abandonada) Onde histórias criam vida. Descubra agora