Capítulo 3

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Enfim sexta, essa semana mega agitada acaba de chegar ao fim, em uma escola nova nada é fácil.

De costume a sexta-feira está extremamente nublada e provavelmente vai chover o dia inteiro, digo de costume porquê a semana inteira foi assim. Gosto de dias chuvosos, parece que revela um lado meu que nem eu mesma conheço direito, ou melhor, revela como eu me sinto estranhamente vazia às vezes, e em dias chuvosos esse sentimento se aflora, talvez seja porquê são dias que me fazem pensar mais do que o normal, e acabam me deixando extremamente emotiva, triste, e vazia. Quando esse pensamento vem, eu normalmente tento colocar na minha cabeça que isso é uma simples paranoia de um dia nublado e chuvoso.

Vou pro banheiro, escovo os meus dentes e tomo um banho quente, porquê esses pensamentos me deixaram meio tensa, na real bem tensa.

Penso em como vou para escola já que o Dylan não fala comigo desde segunda-feira, não me buscou no meu primeiro dia de aula e nem na semana inteira. Ele se fez ausente dá minha vida nesses últimos dias de uma forma que eu nem sei explicar, sem entender o que eu havia feito de errado, pensei muito, mas sem sucesso, todos esses pensamentos eram em vão.

Pego o meu celular e abro a nossa conversa:

Segunda-feira 20:30

O que aconteceu? Tive que voltar da escola hoje com a Char.

Segunda-feira 20:40

Amor me responde, você ta online!

Você tá brabo comigo por causa de hoje de manhã?

Poxa, me perdoa, não queria te deixar chateado.

Eu também fiquei chateada!

Amor: Essa semana não vou poder te levar pro colégio, dá um jeito. Sexta-feira quem sabe eu te dou uma carona.

Terça-feira 22:24

Fala comigo, por favor.

Poxa, Dylan!

Quarta-feira 07:40

Tá bom, você não vai falar comigo a semana inteira?

Tudo bem, beijo, boa noite meu amor!


Ele não me mandou mensagem a semana inteira e como na sexta ele iria me levar para escola, nem pedi para Char me buscar junto com o Bryan, eu estava contando com essa carona, mas parece que não rolou.

Sexta-feira 06:35

Amor: Mia, havia prometido te levar hoje para escola, mas não vai rolar, prometo te buscar.
Beijos meu anjinho, boa aula!

Tudo bem meu amor, te espero na saída, 15:35  Não esquece!

Nenhuma mensagem chegou nesse meio tempo, vou perguntar para o papai, para ver se ele pode me dar uma carona para o colégio, eu podia pedir carona para a Char, mas já havia pedido a semana inteira e estava atrapalhando ela, sempre dependendo de sua carona, necessito urgente de um carro.

Coloco uma legging, camisa branca manga longa e um kimono amarelo, pego a mochila e desço as escadas correndo.

— Mãe, cadê o pai?

— Já saiu Mia, porquê?

Merda, me fudi—murmuro baixinho.

— Como é Mia? — Ela larga a colher em cima do balcão e me olha.

— Na...nada mãe, escapou, foi sem querer. — Coloco a mão na boca.

— Acho muito bom, que tenha "escapado". Não te pago os melhores colégios para sair falando palavrão por aí. — Ela fala em um tom alto, com uma das mãos na cintura e a outro apontado pra mim.

Minha mãe é uma mulher alta, bonita e que nem aparenta ter os seus 40 anos. Seus cabelos loiros feitos no salão dão uma cara mais moderna para o seu visual sério de advogada.

—Tá bom, me desculpa! — Olho para baixo, mexo na unha e depois olho de novo para a minha mãe.

Ela estica o braço e me chama, abre os braços e eu corro dando a volta na ilha que tem no meio da cozinha, para receber o seu abraço que eu tanto amo, ela deixa um beijo na minha testa e eu sinto aquela sensação de estar protegida.

— Te amo! Agora te agiliza que senão você vai se atrasar e o Dylan não vai te esperar.

— O Dylan não vem me buscar hoje, nós meio que brigamos.

— A que pena filha, mas tudo vai ficar bem. Essas coisas acontecem em relacionamentos. Só anda rápido porquê daqui a pouco vai chover e você vai chegar encharcada na escola.

Pego uma maçã e o saquinho com o meu almoço, coloco tudo na mochila, saio de casa e pego a bicicleta.

Começo a pedalar e quando estou na metade do caminho, a chuva não tem pena de mim e desaba muito forte, droga vou chegar ensopada, atrasada e o meu material vai estar destruído.

Depois de uns 5 minutos pedalando em desespero, um carro para do meu lado, eu me apavoro e pedalo ainda mais rápido. A pessoa que está dentro do carro não desiste e continua andando ao meu lado, logo em seguida abre o vidro e eu vejo Thomas com o seu sorriso de lado me olhando com os seus olhos brilhando, como sempre.

Não, não, não, bato na minha cabeça diversas vezes tentando não pensar naquele carro com um menino gato ao meu lado, puta que pariu, eu namoro.

Na minha falta de concentração, caio por cima dos sacos de lixo que ficam no meio da rua.

— Ai!

— Ei Mia, você tá bem? — Ele desce do carro, mas quando eu faço um certinho, Thomas retorna para a sua Lamborghini, por conta da chuva extremamente forte.

Fiz um certinho para ele, porquê se eu falasse agora provavelmente minha voz ia falhar, que vergonha!

Limpo a minha bunda e pego a minha bicicleta do chão, dou uma boa olhada para ver se não estragou nada, a roda só deu uma leve entortada; nada com que eu precise me preocupar de sofrer um possível acidente.

— Você quer carona? — Thomas me pergunta passando a mão no cabelo e me olha de cima a baixo, provavelmente com pena, mas eu estou super acostumada, faz só 2 anos que eu não ando de bicicleta... Puta merda, faz muito tempo.

— Não Jaken, Obrigada! — Respondo sentando na bicicleta e começando a pedalar. — Na real se você puder levar só a minha mochila para não estragar os meus livros, eu seria extremamente grata.

— Tudo bem, mas, porque você não pode pegar uma carona comigo? — Ele morde o lábio e começa a dirigir o carro bem devagar para me acompanhar.

— Meu namorado não vai gostar de saber que eu peguei carona com outro garoto. — continuo pedalando sem parar, não consigo nem pensar direito.

— A qual é Mia, você vai pegar um resfriado e não vai poder ir para aula a semana inteira. — Penso nessa possibilidade e meu corpo arrepia não sei se é de medo ou de frio, pois estou encharcada.

— Tudo bem, vai, eu aceito a sua carona!

Thomas desce do carro e pega a minha bicicleta para por no porta malas.

— Vai, entra no carro que eu guardo a sua bicicleta, você vai ficar gripada com toda essa chuva. — Ele coloca a bicicleta com dificuldade para dentro do carro.

— Obrigada! — Dou a volta e entro no carro, sinto um arrepio de frio, o ar condicionado está ligado no gelado, credo.

Thomas é alto, bonito, cabelos escuros meio compridos, magro, ou melhor gostoso, é divertido e super querido.

— Mas que porra Mia, para com essa merda! — Bato na minha testa e encosto a minha cabeça no banco do carona, e em seguida fecho os olhos.

—Ué! Mia, tá tudo bem? — olho para ele com os olhos arregalados e ele dá uma risadinha da minha cara, e eu me mexo desconfortavelmente no banco do carona.

—Tá tudo bem sim! Só por curiosidade porque dá pergunta? — Enrolo uma mecha de cabelo no dedo e me abraço com os meus próprios braços.

— Escutei você falando sozinha, coisa do tipo, mas que porra Mia para com essa merda. Achei engraçado, mas é coisa sua, não tenho direito de te insultar. — Ele morde o lábio, coloca o cinto e liga o rádio do carro.

— Quer que eu ligue o aquecedor, né? — Dou um sorrisinho e assinto.

Começo a sentir o carro mais quentinho e confortável. Thomas se vira para pegar algo no banco de trás, mas eu não faço ideia do que seja.

— Toma, tira o seu kimono molhado e coloca essa jaqueta. — A jaqueta é do time de natação, ela é roxa com verde tem um tubarão de um dos lados. A intenção foi mega fofa, mas eu não posso aceitar.

— Obrigada Thomas, mas e... eu não posso aceitar. — baixo o olhar para os meus pés sentindo as minhas bochechas esquentarem. Thomas tira uma mecha do meu rosto, provavelmente para poder enxerga-lo melhor, algumas lágrimas acho que sem motivos concretos rolam pelo meu rosto, para falar a verdade tenho diversos motivos, como: o fato do meu namorado não olhar na minha cara a uma semana e também não responder as minhas mensagens, eu estou no carro do cara mais gato do colégio que anda confundindo a minha cabeça essa semana inteira, Dylan vai ficar brabo por saber que eu peguei carona para escola com um menino e ainda por cima o simples fato de usar a jaqueta dele, tudo irrita o meu namorado e eu não faço a mínima questão de ser ignorada uma semana inteira de novo.

— Ei, você deve estar morrendo de frio, coloca a minha jaqueta. — Ele estica a sua jaqueta novamente e eu nego com a cabeça.

— O Dy...Dylan, ele... ele vai brigar comigo, e as coisas entre nós dois já não estão muito boas, ele vai ficar chateado.

Thomas vira o meu rosto, me segurando pelo queixo.

— Você tem medo dele? — Ele faz um carinho no meu rosto e eu deito a minha cabeça na sua mão.

— Não é medo, ele me faz bem. Ele só tem se tornado uma pessoa meio difícil e normalmente gosta das coisas do jeitinho dele. — lágrimas escorrem pelo meu rosto, ardendo os meus olhos.

Thomas pega a jaqueta e abre ela.

— Tira o kimono, ele tá molhado, qualquer coisa eu bato um papo com esse seu namorado. — eu tiro o kimono e coloca a jaqueta por cima de mim.

— Obrigada!- Falo baixinho. — Me desculpa, eu não queria te incomodar e tá tudo bem, sério mesmo.

Thomas sorri e arranca o carro.

— Não tem problema, conta comigo para tudo, sério. Se quiser desabafar, é só chamar.


You are toxicOnde histórias criam vida. Descubra agora