catorze

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- Mimi!

Foi o que o menino de cabelos loiros falou e foi logo descendo do colo do homem barbudo e tatuado e indo direto para o colo do outro barbudo e tatuado.

Deus, por que os homens não se barbeavam?

- Ciao piccolino. - Michele falou em italiano quando o pegou e o beijou diversas vezes no rosto enquanto o bebê ria. - Eve, esse é o Alberto. - ele falou sorrindo e virou o bebê pra mim. - E aquele é o pai dele, Raffaele. - ele apontou para o amigo.

- Oi.

Eu estava receosa, o amigo dele pareceria ser sério demais e tenho certeza que ele já me odeia.

- Ciao. - ele disse simplesmente e deu meia volta entrando na sua casa.

Ciao era oi em italiano isso eu sabia, mas vai saber o que mais ele iria dizer de mim?

Nunca quis tanto aprender italiano na minha vida.

Michele riu ao meu lado e pediu que eu entrasse, ele ainda estava com o menino no colo e meu coração ficou quentinho.

Ele segurando um bebê era demais.

- Ele não fala muito inglês. - ele disse. - Ele mais entende do que fala, então provavelmente ele irá falar mais em italiano.

- Tenho certeza que ele já me odeia, eu te disse.

- Não odeia nada. - ele riu e olhou para o bebê que chamou a sua atenção e falou algo em italiano. - Ele disse que sentiu saudade.

O bebezinho era lindo demais. Loiro dos olhos azuis e era a coisa mais fofa e pelo que vejo, gosta muito do Michele. E o Michele gosta muito dele.

- Ele é muito fofo. - falei pegando na mão do menino. - Oi, bebezinho.

- Dai un bacio a lei, Alberto.

O bebê então se inclinou e me deu um beijinho.

- Que fofo. - quase gritei. - Acho que estou apaixonada.

O bebê era a coisa mais fofa do mundo, só que o Michele falando em italiano me deixa sem estruturas.

- Ele é demais. - ele beijou o bebê uma última e o colocou no chão. - E muito sortudo por você estar apaixonada por ele.

Eu não via muitos bebês com frequência e por isso sempre que via algum ficava encantada. Na minha famíliaa ninguém mais tem bebê pequeno, ou já é adolescente ou já é adulto. Se bem que eu acho que meu irmão deve ter alguns filhos perdidos por aí, de tão dado que ele é.

- Vem. - Michele chamou e segurou minha mão, Alberto veio logo atrás de nós dois e se agarrou na perna do mesmo, o que fez que ele o pegasse no colo mais uma vez. - Ra, a Alessia já chegou?

Nós sentamos na sala e daqui dava pra ver o amigo dele na cozinha, ele fez algum gesto com a mão e se virou de costas para nós.

- Ele não está nada contente. - falei para o Michele ao meu lado e observei o bebê no seu colo. - Você fica bem segurando um bebê, e ele parece gostar muito de você.

- Eu sou incrível, claro que ele gosta de mim. - ele olhou para o bebê e fez cócegas nele, o Alberto riu alto com isso e desceu do seu colo. - E o Raffaele é assim mesmo. - ele se virou pra mim. - Você se acostuma.

- Certo.

O que eu poderia dizer, tenho certeza que o amigo está desconfortável com a minha presença. E agora eu entendo o que as pessoas desconhecidas que vão ao meu apartamento sentem.

- Vou falar com ele. - ele beijou minha cabeça e se levantou.

Observei ele ir até o amigo e eles começarem a falar em italiano. Nem se eu prestasse atenção, eu iria entender. Vi então quando o menino subiu no sofá ao meu lado e ficou me olhando.

- Oi bebê. - falei e toquei em seus fios loiros. - Você é fofo demais. - ele falou algo em italiano que eu não entendi e apontou pra televisão em nossa frente, estava pausado em um desenho. - Você quer assistir, é isso?

Ele não ia me entender, mas acho que ele queria continuar assistindo. Procurei o controle ao redor da sala e o encontrei no sofá, então dei play e ele começou a assistir. E eu comecei a assistir junto é claro.

Que auge, assistindo desenho em italiano com um bebê italiano e na Itália ainda por cima.

Até que o desenho era interessante e isso me distraiu um pouco, e também o tanto que coisa que o Alberto resmungava e eu não entendia absolutamente nada.

Só sai dessa bolha quando senti meu celular vibrar no bolso eu peguei pra ver quem era, era meu irmão. Eu ignorei a ligação, mas ele voltou a ligar novamente.

Eu teria que atender, por que se não ele não me deixaria em paz.

- O que foi, Julian? - já fui logo dizendo. - Estou ocupada.

- Onde você está? - meu irmão mais velho quis saber. - E quando vem pra casa?

- Estou na Alisson. - menti. - E não sei.

- Por que não está na faculdade?

- Estou me sentindo mal. - menti mais uma vez.

- Você está quase terminando a faculdade, sabe disso não é? Mas o que você está sentindo? Quer que eu vá te buscar para irmos ao médico?

- Não precisa, Julian. Não é nada demais. Logo vou ficar bem.

- Tudo bem. - ele respirou fundo. - Estou no escritório, qualquer coisa me liga aqui.

- Tudo bem.

Eu amava o meu irmão, mas as vezes ele era muito grudento. Eu amava a sua preocupação comigo mas isso me irritava as vezes, mas isso ele puxou ao meu pai. Muito super protetor.

- Tenho que desligar. - falou. - Até mais, maninha.

Eu respirei fundo e passei a mão no rosto. Eu sei que uma hora eu teria que voltar pra casa, mas eu não queria pensar nisso agora.

Alberto falou algo pra mim e apontou pra televisão, eu não entendi claro.

Não acredito que vou ter que aprender italiano pra me comunicar com esse bebê fofo.

- Quem era? - Michele perguntou quando se sentou ao meu lado e estendeu para o bebê um copinho de água.

- Meu irmão. - falei.

- Você não deveria mentir, sabe. - falou. - O que quer que tenha acontecido você tem que esquecer e continuar vivendo.

- Estou fazendo isso.

- Tem certeza? - quis saber. - Eu acho que você veio pra cá comigo só pra esquecer, você não quer continuar vivendo.

É, isso é verdade.

- Talvez eu não queira mesmo, é complicado. - falei. - Você não entenderia.

- Então me explica! - pediu e me olhou nos olhos. - O que aconteceu, Eve?

- Depois falamos sobre isso.

Estávamos na casa do seu amigo, um amigo que provavelmente me odeia, e acho que não seria um bom momento para falar dos meus problemas aqui. E eu não queria falar sobre isso, ainda.

- Certo, tudo bem. - ele sorriu. - Quando você quiser.


mezzo; michele morroneOnde histórias criam vida. Descubra agora