dezessete

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- Eu te falei, você está com trinta e nove graus.

Ele segurava o Alberto no colo enquanto olhava o termômetro.

- Isso é alto. - falei.

- Claro que é alto. E é preocupante, sério que não está sentindo nada?

- Sério.

- De verdade?

- Sim. - balancei a cabeça. - De verdade.

- Deveríamos ir ao médico. - ele falou e balançou o Alberto no colo que estava com a cabeça deitada no seu ombro. - Tem certeza que está bem?

Eu queria jogar a almofada que estava ao meu lado nele, mas não o fiz por causa que ele segurava um bebê.

- Tenho. - revirei meus olhos.

- Não sentiu nada esses dias? - quis saber. - Nada de diferente?.

- Não, baby. Eu não senti nada de diferente.

- Isso é bom. - ele sorriu e tocou a cabeça do Alberto. - Mas você está com febre e ela está alta, vamos acompanhar e se continuar ou aumentar nós vamos aí médico.

- Ok. - bufei por que sabia que não iria conseguir discutir e conversar com ele sobre isso. - Vou beber água, posso?

- Claro.

Depois de beber um copo de água na cozinha eu voltei para sala e me sentei ao seu lado no sofá. Ele ainda ninava o menino em seu colo que estava quase voltando a dormir.

- Você gosta de bebês. - falei. - Você deve ser um ótimo pai.

- É, eu acho que sim. - ele beijou a cabeça do bebê e passou a mão em seus costas pequenas. - Me diz se estiver se sentindo mal, ok?

- Eu digo.

Eu já estava começando a ficar irritada com sua preocupação mas o fato dele ser assim e dele estar assim, preocupado comigo, amolecia meu coração. Então eu não me importava, não muito.

- Tem comido direto?

- Tenho. - menti, eu estava comendo esses dias uma refeição apenas. - Por que?

- Por que está mentindo, Eve?

- Eu não estou mentindo, Michele. - ri de nervoso e desviei o olhar para o bebê. - Você esteve comigo esses últimos dias, viu que eu estava comendo.

- Não o suficiente. - bufou. - E antes, estava comendo? Tomando água?

- Claro que sim.

Mentirosa.

- Você mente muito mal, querida. - zombou. - Você tem que se alimentar direito por que aí, você não fica doente. Não tem que parar de comer só por que eu cara babaca te machucou.

Eu sei disso, mas é tão difícil.

- Desculpa. - dei de ombro. - Não vai mais acontecer.

- Não tem que se desculpar por isso, não é sua culpa. - ele abriu os braços e me chamou. - Vem aqui.

Eu fui até ele e deitei minha cabeça em seu peito. Senti um beijo na minha cabeça e fechei os olhos por um momento, agradecida.

Ao menos alguém gostava de mim.

Eu sabia que não estava me alimentando direito esses dias. Mas não achei que fosse ter febre ou algo do tipo, que saco.
Eu comia a todo momento já que amava e era incrível demais, mas meu organismo me fudeu de qualquer jeito.

mezzo; michele morroneOnde histórias criam vida. Descubra agora