vinte

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Sua boca tinha gosto de tabaco e era quente.

Tão quente quanto ele.

Eu respirei fundo, surpresa, por isso estar de fato acontecendo e, toquei seu rosto.

A sua barba arranhava minha boca e agora minha mão, era uma sensação... Diferente.

Mas boa.

Senti seu aperto firme na minha nuca quando ele passou a língua nos meus lábios e eu gemi, mas lembrei de algo.

Eu toquei seu peito nu e o empurrei de leve, na mesma hora ele se afastou e olhou pra mim. Seus lábios estavam ficando avermelhados e eu imagino que eu esteja igual.

- O que? - ele pergunto baixinho e me beijou de leve mais uma vez. - Qual o problema?

- Eu estava dormindo e você me beijou.

- Sim? - ele sorriu e começou a dar beijos em meu rosto. - Qual o problema?

- Você deveria ter me beijado enquanto eu estava acordada e linda, e maravilhosa. - falei. - Eu sabia que não iria ser em um desses momentos.

- Você está acordada, linda e maravilhosa, baby. - ele se afastou e apoiou o cotovelo no travesseiro. - Eu estou fedendo a tabaco e com gosto de cigarro, e você odeia isso. Vê problema nisso agora?

- Claro que não.

- Eu também não. - ele sorriu. - Tudo está ao meu favor claro, por que eu fumo e também tenho barba. Por que você não gosta? - perguntou. - Da minha barba, é claro.

Esse homem era tudo que há de bom no mundo, sério.

Acho que nunca iria saber lidar com ele, nunca.

- Eu já disse que em você gosto.

- Eu sei, mas por que não em outros caras? - quis saber. - Seu ex tinha?

- Não quero falar sobre ele mas não, ele não tinha. - bufei. - Eu apenas não gosto muito da sensação.

- Querida, eu acabei de te beijar. - ele riu.

- É.

- E qual é a sensação?

- Arranha mas não é nada demais. - falei. - Mas a sensação é interessante.

- Então você gostou?

- Gostei. - dei de ombro. - Se eu não gostasse estaria louca.

- Mas você tem o direito de não gostar, sabe disso não é?

- Eu sei sim, Michele. Mas eu quero, sério. - falei. - Não é como se você fosse tirar sua barba só por que eu não gosto, eu não quero que você faça isso. Até por que você fica bem com ela e, por que eu não tenho direito de te pedir algo assim.

- Claro que tem.

- Não, não tenho. - rir de nervoso. - Para de falar essas coisas, sabemos que não é verdade.

Ele sorriu e não disse nada. Ele voltou a deitar a cabeça no travesseiro do meu lado e beijou meu ombro. Ele tocou meu rosto e me beijou uma última vez.

- Acho melhor a gente dormir. - ele falou depois de deitar a cabeça no meu peito. - Eu ia até tentar te seduzir e tudo mais, porém eu lembrei que não tenho camisinha. Você me lembra de comprar?

Meu deus, que auge.

- Deixa de ser descarado, Michele. - ri alto e toquei sua nuca e puxei seus cabelos. - Vai dormir, homem.

- Eu vou. - ele levantou o corpo e me beijou mais uma vez, ele tinha um sorriso grande nos lábios. - Boa noite, Eve.

- Boa noite, baby.

;;;

- Ei...

Despertei com a voz dele e um beijo no pescoço.

- Eu trouxe seu café.

- Eu não quero café. - gemi e cobri meu rosto com o edredom. - Não gosto de comer de manhã.

- Você deve comer de manhã, Eve. - eu senti quando ele puxou todo o edredom. - Isso é sério, vamos lá querida. Eu não quero que você fique doente.

Eu abrir meus olhos e olhei pra ele. Ele estava sentado ao meu lado na cama e ainda continuava sem camisa.

- Bom dia, dorminhoca. - ele riu e beijou minha cabeça. - Come e se arruma, temos que sair daqui a pouco.

- Pra que? - eu olhei para o prato na minha frente que tinha pão e ovos, justamente com uma xícara de café com leite. - Eu odeio comer de manhã, sério.

Eu estava sempre ansiosa quando acordava pra ir para faculdade então, eu não conseguia comer de manhã. E me acostumei com isso, eu como a todo momento mas de manhã, não.

- Come só um pouquinho. - pediu. - Por mim. Eu não quero que você morra.

- Muito obrigada por dizer isso querido Michele. - ironizei. - Também não quero que você morra.

- Você me entendeu. - ele riu e apontou para o prato. - Come.

- Eu vou comer.

- Pra você não ter que ir ao médico tomar injeção e soro, você tem que comer.

- Eu sei disso...

- Claro que não sabe, estivemos lá ontem.

- Foi um equívoco que aconteceu, não vai acontecer de novo.

- Sei. - ele bufou. - Agora come.

- Você é muito insistente. - revirei meus olhos.

- E você muito teimosa. - ele riu. - Não estou vendo você comer ainda.

Quando eu coloquei a primeira garfada de ovo na boca, ele sorriu e se levantou pra sair do quarto.

Eu odiava comer de manhã.

Eu tinha acabado de lavar o rosto e escovar os dentes quando eu ouvi meu celular tocar. Eu já tinha uma idéia de quem poderia ser e decidi ignorar, algo que eu sabia que mais tarde seria um erro, mas mesmo assim fiz.

Quando peguei meu celular pra confimar, era meu pai mesmo.

Eu teria que falar com ele em algum momento, mas não agora. Ainda não estou preparada.

- Está pronta?

Michele apareceu na porta do quarto, ele já estava vestido e muito bonito claro.

- Sim.

- Era seu pai de novo?

Isso fez com que eu parece no mesmo lugar.

- De novo? - perguntei confusa. - Como assim de novo?

- Ele ligou de manhã e eu atendi. - ele deu de ombro. - Não achei que fosse fazer mal.

- Você não tinha esse direito.

Isso complica tudo, já imagino o escândalo que meu querido pai irá fazer.

- Isso é besteira, Eve. - ele bufou e me chamou com a mão. - Vamos logo.

- Não, Michele, isso não é besteira. Você não tinha esse direito, não deveria se intrometer nos meus problemas.

Eu estava irritada. Irritada com o meu pai por me perseguir, irritada com o Enzo por existir e irritada com ele por ter atendido a droga do meu celular.

- Não sei por que você está reclamando, Eve. - ele cruzou os braços e se escorou na porta. - Talvez eu tenha feito um favor a você, por que não pensa nisso?

- Como? - perguntei. - Eu quero resolver isso sozinha, eu tenho que resolver isso sozinha.

- Tá legal. Nós podemos ir agora?

- Claro.


mezzo; michele morroneOnde histórias criam vida. Descubra agora