quinze

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- Quem é Alessia? - perguntei para o Michele.

Estávamos na área de trás da casa, o Alberto estava chutando uma bola para o Michele toda hora, ou melhor, chutando a bola no Michele.

- É a esposa dele. - respondeu. - Ele é ranzinza mas é só pose. E sim, ele é casado.

Eu tinha trocado apenas algumas palavras com o amigo dele, tinha ficado mais com o bebê. O Alberto era fofo demais e acho que gostou de mim, tanto quanto eu gostei dele.

- Entendi. - observei o bebê jogar a bola no Michele mais uma vez e ri com isso. - Quantos anos ele tem?

- Acho que um e meio. - falou.

- Ele é uma graça.

- Ele é sim. - Michele chamou o Alberto e ele veio correndo e subiu no seu colo, ele deu vários beijos em seu rosto. - Ele é muito carinhoso, mas apenas quando ele quer.

- Claro, você só irrita o menino tadinho. - eu segurei na mão do bebê.

- Eu brinco com ele. - ele beijou a cabeça do mesmo. - É totalmente diferente.

- Sei...

Ele já tinha feito várias coisas com o pobre do garoto e o menino só sabia rir e rir mais por que não entendia.

- Ele não está reclamando, Eve. - ele riu e prestou atenção no que o bebê dizia pra ele.

- O que ele falou?

- Não tenho idéia. - ele riu e beijou mais uma vez o Alberto.

Alberto então veio para o meu colo e ficou sentado, ele ficou passando a mão pelo meu cabelo e parecia estar admirado.

Bebês se encantava por cada coisa.

Eu passei a mão nos seus cabelos loirinho e o segurei pra não cair, olhei para o Michele e ele estava me olhando.

- O que foi? Por que está me olhando?

Ele me olhava demais, sempre.

- Não posso te olhar mais? - perguntou divertido. - Você é bonita, gosto de te olhar.

- Você pode mas...

- Então não reclama, Eve. - ele beijou minha bochecha. - Você também fica bem segurando um bebê, pensa em ter filhos?

Eu ainda não pensava nisso, eu ainda era jovem demais mas sim, eu queria ter um filho algum dia. No máximo dois, eu acho.

- Sim. - eu olhei para o bebê no meu colo que ainda mexia no meu cabelo. - Mas não agora, sou jovem demais ainda.

- Deus, claro que sim. - ele riu. - Futuramente eu estava dizendo.

- Eu também, ué.

Ficamos nos olhando sem dizer nada até que o Raffaele chamou seu nome e falou algo em italiano.

Por um momento eu imaginei nos dois juntos futuramente e quis gritar só de pensar na possibilidade. As chances disso acontecer são nenhuma, então eu não posso me iludir.

- Pega ele. - ele falou e se levantou. - Vamos comer.

;;;

- È tutto sporco! - ouvi Raffaele dizer e pegar a colher da mão do Michele. - Lo faccio.

- Eu faço isso a mais tempo que você. - ele pegou a colher de volta. - Eu sei como dar comida pra um bebê.

Eu tinha acabado de comer e estava vendo eles brigarem para ver quem iria dar comida para o Alberto. Raffaele começou a dar mas Michele quis continuar e agora o bebê está esperando pra comer por que eles não se decidem.

O Michele gostava muito de implicar com o Raffaele e por isso, estava implicando com o amigo.

E o pobre bebê só queria comer.

- Gente, deixa que eu dou. - falei por que vi que eles não iriam acabar com isso tão cedo. - Me dá aqui essa colher, Michele.

Estávamos sentados na mesa e eu me inclinei para pegar a colher da mão dele. Dei a volta e me abaixei ao lado da cadeira do Alberto e logo comecei a dar comida na boca do bebê que agora resmungava todo feliz por estar comendo.

- Viu? - falei aos dois. - Ele só quer comer, imagina até que horas ele iria ter que esperar até vocês decidirem quem iria dar.

- Ele implica com tudo. - Michele se defendeu. - Eu não fiz nada.

- Cala a boca. - o Raffaele disse e seu sotaque era muito forte. - É o meu filho, eu sei como dar comida pra ele.

- Claro que sabe. - Michele ironizou. - Não duvido das duas capacidades como pai, mas ele prefere o tio.

Eles pareciam duas crianças discutindo por algo besta, meu deus. Isso até me lembra eu e meu irmão.

Revirei meus olhos mesmo assim e continuei ouvindo eles falarem em italiano entre si e a dar comida para o Alberto.

;;;

Passei o meu dia todo ouvindo o Michele e o Raffaele falando em italiano sem parar.

E eu não entendia nem metade é claro, mas não posso reclamar por que o Michele falando em italiano era um tesão que só.

Então não vou reclamar, foi muio interessante olhar e ouvir.

Quando estava quase anoitecendo, o amigo do Michele falou que iria dar um banho no Alberto e colocar ele pra dormir.

Até que o dia foi bom, acho que bem melhor e bem mais produtivo do que se eu estivesse em um quarto de hotel, sozinha, ouvindo alguma música triste do Coldplay e provavelmente chorando horrores.

Tinha acabado de ler a mensagem que Alisson me mandou quando o Michele apareceu e deitou com a cabeça em minhas pernas. Ele tinha falado que iria se despedir do Alberto e que depois poderíamos ir embora, então eu estava aqui na sala esperando.

- O Alberto me cansa. - ele falou e tocou a ponta do meu cabelo. - Ou será que eu que canso ele?

- Talvez os dois. - dei risada. - Ele já está dormindo né?

- Aham. - falou e olhou pra mim. - Qual shampoo você usa?

- Qual shampoo você usa? - perguntei e toquei seu cabelo. - Seu cabelo é muito macio, quase invejável.

- Quase? - ele riu e se levantou. - Vamos embora?

- Claro.

No momento que falei, Raffaele apareceu descendo as escadas e todo arrumado, e também perfumado, eu conseguia sentir o cheiro do perfume dele de longe. Ele falou algo para o Michele, pegou um molho de chaves e saiu pela porta.

- Filho da puta!

- O que ele disse?

- Disse que estamos de babá hoje, que maravilha.

mezzo; michele morroneOnde histórias criam vida. Descubra agora