A Escuridão

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Rey Skywalker

O mais difícil foi vencer o primeiro dia depois da queda livre. Tudo precisa começar de algum lugar e dar os primeiros passos costuma ser cortante, tão doloroso a ponto de conseguir ver o próprio sangue que ficou para trás numa tentativa de se tornar mais forte.

Era fácil me esconder de todos, o castelo era grande o suficiente para eu não precisar encontrar o rei Luke Skywalker em algum lugar que ele pudesse me dizer que eu era uma vergonha. Meus olhos não se fecharam durante os cinco dias que sucederam a partida de Poe Dameron, e isso começava a refletir em como eu aparentava para todos que conseguiam me ver. "Ela foi abandonada praticamente no altar", "O rei a desconsiderou como filha, eu ouvi os boatos.", "Eu tenho pena da princesa, ela parece sombria e quebrada.", ou "O pai a culpou pela partida do noivo." e até mesmo "O rei vai acabar a deserdando."

Todos os dias haviam funcionários ou guardas prontos para comentar sobre mim pelos cantos, alguns até riam ou me olhavam cheios de pena, era a forma mais terrível de humilhação para alguém que um dia seria a rainha da Rússia, mas nem isso eu poderia ter certeza, não quando meu pai havia proibido a minha presença na sala do trono e de certa forma me desconsiderado como sua herdeira. Mas estava tudo bem, porque eu não me importava mais.

Meus passos eram lentos e tortuosos na direção dos aposentos da minha mãe, que era a única pessoa nesse castelo a me ver com os mesmos olhos de antes, ela havia tentado provar a minha inocência para meu pai, e acreditou em mim desde a primeira vez que contei a minha versão dos fatos, quando me encontrou praticamente desmaiada no ar frio da sacada. Naquela hora eu queria morrer, e cheguei a tentar pular  para acabar com a minha dor, mas não consegui sair daquele chão frio, uma parte de mim ainda se importava com as consequências da minha morte. Meu pai não estava no castelo, sua viagem até a Bélgica duraria pelo menos dois dias, ele estava disposto a convencer Dameron a retornar, mas eu sabia que ele nunca conseguiria. Poe odiava tudo nesse lugar e por culpa dele eu também estava passando a odiar, mas uma parte minha ainda era movida pelo medo de meu pai conseguir trazê-lo de volta, e eu seria obrigada a conviver com quem me destruiu até que a morte nos separasse.

 - Não. Ele nunca mais vai voltar. - Digo para o nada e balanço a cabeça, afastando os pensamentos. Poe Dameron tinha ido de meu grande amor para meu maior pesadelo e responsável direto pela minha destruição, no fim das contas a história era um terror disfarçado de rosas.

Abri a porta para encarar o segundo maior motivo da minha angústia: minha mãe estava doente. Desde aquele maldito dia do aniversário da capital ela já não parecia bem, mas agora era impossível esconder sua doença, o rosto estava pálido, as bochechas afundando e os olhos iam perdendo a vida a cada dia que se passava. Nenhum médico em toda Rússia conseguiu definir ao certo o que ela tinha, alguns diziam ser uma intoxicação gradativa, outros apostavam em um vírus ou bactéria, mas todos deixavam a desejar quando se tratava de uma cura. Eu assisti de longe a tristeza e raiva do meu pai, e tudo que eu mais queria era estar lá com os dois quando se abraçaram, mas o rei Luke não me queria por perto, talvez ele realmente me deserdaria em algum momento, então a melhor opção tinha sido chorar enquanto acabava com boa parte dos estoques de vinho da adega real, até que era um bom escape do abismo que a minha vida tinha se tornado.

 - Rey. - Minha mãe me chama coma voz fraca, me tirando dos meus devaneios. - Venha aqui, filha, eu quero ver você.

- Mãe.

Não tive forças para dizer mais nada, apenas me sentei na beirada da cama e tomei as mãos dela contra as minhas, eu sabia que estava perdendo a pessoa mais importante da minha vida, e não me sentia pronta para ficar órfã de mãe. As lágrimas silenciosas caíram pelo meu rosto a medida que via seu sorriso triste para mim. Minha mãe, quem me deu a vida e me criou, me ensinou a andar, a falar e a ser uma princesa. Para todos ela era a a poderosa rainha Mara Jade Skywalker, mas sempre foi muito mais do que isso, ela não quis confiar a minha criação a uma preceptora, estava lá para me auxiliar e me encher de amor em todos os momentos. A ideia de perdê-la me parecia dolorosa demais, eu não saberia dizer o que aconteceria comigo sem ela aqui para me apoiar. 

The Rising Empire (Reylo AU) - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora