Almas Iluminadas

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Dona Mercedes entrou no quarto da sobrinha, muito pálida, com ataduras no braço direito, olhava para o lado, quando chegou perto da moça, percebeu que chorava. Tocou em seu rosto, Daiane fechou os olhos, sabia que era sua tia, estava um pouco sonolenta e confusa por causa da medicação e anestesia. Sua tia falou para ficar calma que tudo se resolveria, a sobrinha não falava nada, apenas olhava para o vazio. Em sua cabeça mil perguntas, não sabia direito o que tinha acontecido com Cris e Lorys, pensava que tinha conseguido atirar na mulher que amava, estava com medo de perguntar sobre o ocorrido para a tia. Sua tia sem saber muito bem o que lhe dizer, começou falando que Cris estava bem, que Lorys tinha sido operada e estava fora de perigo. Falou com cautela sobre a perda de uma parte da musculatura do braço, não teve coragem de falar sobre a internação na Clinica de Recuperação, na verdade nem sabia como tudo aconteceria. Sentiu um aperto na mão, Daiane olhava pra ela, tentou falar, mas as palavras não saiam, fez um esforço enorme, a primeira e unica palavra foi:"PERDÃO "! Dona Mercedes tocou o rosto da sobrinha, a amava muito, a mágoa e raiva haviam desaparecido na eminência de perde-la, sabia que as coisas não estavam faceis, teria que responder na justiça pelos crimes que cometeu, quando pensou nisso lembrou de ter visto uma policial uniformizada proxima a porta. Teve que contar para Daiane que seria presa, após receber alta médica, a sobrinha não reagiu à noticia, isso a preocupou, ouviu uma leve batida na porta, era a enfermeira avisando o fim da visita, deu um beijo na testa da sobrinha e saiu. Na sala de espera estava Cris, Andréia e Marcia, estavam preocupadas, a transferência de Daiane corria risco de não acontecer por causa da polícia,  uma Delegada havia conversado informalmente com Cris, a moça insistiu em não apresentar queixa da ex, mas a Delegada informou que não era possível, pois Daiane resistiu a prisão,  sequestrou, tentou matar e os crimes eram graves e foi presa em flagrante. Andréia ligou para um adovogado conhecido, explicou o que havia acontecido, pediu para defender a moça dependente, tentar relaxar a prisão, conseguir um habeas corpus, havia agido por abstinência, o Doutor Pedro conversou com a Delegada que era amiga pessoal dele, mas sabia que não tinha muito a fazer, conseguiu autorização para a transferência e isso já era um ótimo sinal. Falou com Andréia que sem esperar deu sequência ao pedido, porém teria que esperar a autorização por escrito. Lorys seguiu em uma ambulância UTI com Cris e Marcia, Andréia ficou com Dona Mercedes, após mais de 3 horas de espera, conseguiu finalizar a transferência, aguardou uma viatura que escoltaria a Ambulância com Daiane, os policiais não estavam facilitando nada, o Dr Pedro, estava trabalhando nos bastidores. Chegaram no Hospital Sirio Libanes as vinte horas, Cris estava na sala se espera, convenceu Marcia a ir pra casa descansar um pouco, mas o cansaço já tomava conta dela também, sentia dores no corpo, fome e seu psicológico estava abaladissimo, mas não queria demonstrar. Dona Mercedes conversou por telefone com o advogado, ele deu informações a ela para tentar amenizar as coisas para a sobrinha, marcaram de se encontrar no dia seguinte bem cedo, a senhora não sabia como agradecer aquelas pessoas que Daiane tinha feito tanto mal, mas elas passaram por cima de tudo e estavam ajudando a sobrinha para que não fosse presa. As lágrimas corriam pelas faces daquela mulher vívida, mas que percebeu que não sabia nada da vida, pois viu que tinha muito a aprender com pessoas de almas tão iluminadas. Andréia sentia o cansaço domina-la, procurou a médica responsável por Lorys, que a tranquilizou, disse que era melhor ir para casa descansar, falou com a médica responsável por Daiane e também foi tranquilizada, conversou com Dona Mercedes e decidiram ir embora, chamou dois táxis, um para senhora que demonstrava exaustão e não parava de agradece-la por tudo que estava fazendo, convidou Cris para passar a noite em sua casa, havia ligado para Dona Judite, a vizinha da moça, soube que a porta havia sido consertada, mas o apartamento ainda permanecia sujo, só seria limpo no dia seguinte, a vizinha, que Cris pensou ser uma bisbilhoteira, se mostrou uma pessoa muito solícita e amável, aceitou ficar na casa de Lorys, até porque não sabia como seria voltar ao apartamento. Pensava em Daiane, não sentia raiva, mas um misto de sentimentos, tinha uma única certeza, não queria mais contato com a ex. No hospital Lorys foi medicada e dormia, Daiane tentava lembrar o que havia acontecido, mas era tudo muito nebuloso, apenas flashes vinham em sua mente, o que não esquecia era o momento que atacou Cris, fechou os olhos, respirou fundo, segurou a faca com força, em seguida ouviu um barulho e sentiu uma dor dilacerante no braço, só quando sua tia lhe disse que não tinha atingido a moça, estava mais tranquila, sentiu medo ao pensar na cadeia, naquele momento decidiu que se livraria das drogas, pois só perdeu depois que começou usa-las, tudo começou com uma brincadeira e a levou para o fundo do poço. A máquina que marcava as batidas do coração dela começou apitar, estava agitada, a enfermeira entrou, aplicou um calmante, em poucos minutos dormiu profundamente. Andréia e Cris chegaram em casa, Marcia tinha feito um jantar leve, a tia de Lorys a levou para o quarto de hóspedes, tinha roupas limpas, o banho foi torturante, sentia muitas dores, tomou dois comprimidos para dor, após quase uma hora foi devagar para a cozinha, encontrou as anfitriãs, usando roupas confortaveis, jantaram. Andréia perguntou a Cris se concordava com o que estava fazendo pra ajudar Daiane, a moça disse que faria o mesmo, por saber que a ex é uma pessoa doente, precisava de tratamento, que se pudesse não a deixariam prende-la, mas a Delegada lhe disse que Daiane teria que responder pelos crimes. O advogado combinou encontrar Dona Mercedes, iria com Andréia à casa da senhora, juntariam provas de que a sobrinha  é uma dependente química e precisava ser internada numa Clinica e não presa. Cris disse para a dona da casa, que não tinha noção que ainda existiam pessoas como ela e Lorys, estava grata a Deus por te-las conhecido e faria o possível para permanecer próxima a elas, Andréia sorriu, piscou para moça e as duas deram gargalhadas, Cris pensou que a alguns dias não sorria daquele jeito. Andréia disse que ia para cama, falou para Marcia ir dormir, para deixar para arrumar a cozinha na manhã  seguinte, pois aquele dia não tinha sido facil para ninguem, não houve protestos, Cris também foi para o quarto, tomou um calmante, pouco tempo depois dormiu. Dona Mercedes  ao chegar em casa, foi pagar a corrida, mas o motorista informou que já estava pago, entrou em casa, sentia tontura por não ter comido quasr nada naquele dia, tomou um banho quente e demorado, foi a cozinha fez um chá de camomila, comeu um pedaço de bolo, acabou, foi para o quarto, pegou o telefone e ligou para os pais de Daiane, ao dar a noticia, ouviu os dois chorarem, disseram que no dia seguinte viajaram para São Paulo, Dona Mercedes concordou com a viagem do irmão e cunhada, precisava de apoio, desligou o telefone, o sono a dominava, dormiu logo e não sonhou.

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