Entrada no Inferno

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Cris e Andréia passaram no shopping, compraram roupas, maquiagens e perfumes para as mulheres da casa. Cris comprou um bouquet de rosas vermelhas para Lorys, ia pedi-la em namoro. No Hospital tudo pronto para a transferência de Daiane, não pôde ser algemada nos pulsos por causa dos ferimentos, mas colocaram algemas de tornozelo. Uma agente penitenciária com cara de poucos amigos, pediu para a enfermeira ajuda-la a se sentar na cadeira de rodas, colocou as algemas sem nenhum cuidado, a moça sentiu o aço gelado em sua perna, seu coração doeu. A enfermeira levou a paciente até o balcão, para receber alta, o Doutor Pedro estava aguardando, para acompanha-la até o presídio. Assinou os papéis da alta, levou sua cliente até a ambulância do presídio, ajudou-a a entrar, preferiu ficar sentada, a agente foi sentada do outro lado, não tirou os olhos dela. Daiane estava se sentindo uma criminosa perigosa, ouviu a sirene, fechou os olhos, as lagrimas cairam, não sabia o que a esperava naquele lugar. Na casa de Lorys o clima era de felicidade, amou os presentes, se derreteu com as flores, resolveram pedir comida japonesa e poupar Marcia aquele dia especial. Quando o almoço estava servido, Cris olhou para Lorys, pigarreou, se ajoelhou, tirou algo do bolso da calça, trêmula, pediu a mão da moça, olhou para Andréia, emocionada perguntou se concedia mão de sua linda sobrinha para que ela a fizesse feliz para o resto da vida? Lorys e Andreia se olharam e sorrindo, disseram "SIM" juntas, afinal de contas as duas tinham que concordar. Marcia trouxe suco de uva, pois Lorys não podia tomar bebida alcoólica, brindaram, Cris lhe deu um anel de compromisso, simples e lindo. Se beijaram com alegria, as quatro se abraçaram e tiraram fotos com sorrisos felizes. Após cerca de 40 minutos, a ambulância parou, Daiane estava enjoada, com dor de cabeça, o barulho da sirene a incomodava. Ouviu outro barulho, ferrolhos, portões pesados, chiaram quando foram abertos. Vozes abafadas, logo a ambulância seguiu viagem, parou em outra portaria, mais vozes abafadas, o coração da moça parecia que ia parar. A ambulância parou novamente, desta vez, percebeu que a porta seria aberta, outra agente cumprimentou a que a acompanhava, ajudou-a a descer, tinha um ar mais humano. Seu nome era Dona Marta, colocou Daiane numa cadeira de rodas, chamou uma detenta e pediu para levá-la ao setor de inclusão. Lá outra detenta, começou a lhe dizer como funcionavam as coisas, entregou roupas com o numero 37, duas calças azuis, duas camisetas brancas, um jaleco azul de manga comprida, falou que deveria trocar as roupas uma vez por semana, por estar na enfermaria suas roupas seriam lavadas por detentas que trabalhavam na lavanderia. O advogado levou produtos de higiene pessoal, alimentos, como bolachas, pão de forma, frios, margarina, chocolate, doces, não sabia o que a moça comia, comprou tudo que pôde, roupas intimas, blusas de frio, chinelos, tenis, meias, as roupas foram levadas para o setor de inclusão e entregues à nova detenta de número 37. Daiane não falava nada além de "entendi". A detenta, a ajudou a pegar suas coisas, uma outra agente, as acompanhou, foi levada por um corredor azul e branco, grades pra todo lado, numa cela com maca, a agente pediu para a detenta ajuda-la a sair da cadeira de rodas. A moça se chamava Suelen, colocou as roupas num armário de cimento sem portas, os produtos de higiene numa outra parte do armário e os alimentos em outro. A agente pediu que saisse, fechou uma cortina na grade da cela, pediu para Daiane tirar as roupas, com dificuldade ela o fez, sentia dores, ficou timida, a guarda pediu para ficar calma que passaria por uma revista pessoal, revistou as roupas que usava, as demais já haviam sido revistadas, bem como os alimentos e produtos de higiene. Disse que por ter ficado internada e sob escolta permanente, não faria a revista intima, um papel foi assinado pela detenta de que passou pela revista e nada de ilícito foi encontrado. Foi informada dos horários de abertura das celas, das, banhos de sol, alimentações, dos fechamentos, dias e horas de visitas. Passaria por um periodo de adaptação, chamado "isolamento", não poderia ter contato com outras detentas que já estavam a mais de uma semana, somente com as que estavam no mesmo estágio que ela. A guarda disse para não se envolver em problemas, não falar sobre sua vida fora dali, nem sobre seus delitos, nem sobre sua familia, não entrar em conflito com as guardas, seguir as regras que tudo seria menos dificil, a moça assustada apenas balançava a cabeça. Colocou as roupas do presídio, percebeu que havia números nela, a guarda a aconselhou a colocar númers nas outras roupas, pois as vezes sumiam quando mandavam para a lavanderia e as guardas não se metiam naqueles problemas. Daiane perguntou se era obrigada a sair da cela? Respondeu que não, porém lhe faria bem sair, pegar sol, pois estava com um aspecto horrivel, sorriu de leve. O almoço já tinha sido servido, então o jantar seria servido as 18 horas, as 18:30hrs as celas eram fechadas, as 19 feita a contagem, após isso as celas só seriam abertas as 7 da manhã do dia seguinte para contagem e as 7:30hr para o café. Havia um botão, que lhe foi orientado a aperta-lo apenas em caso de extrema urgência, disse que a medicação seria entregue nos devidos horários e verificados se os tomava. A guarda saiu, a cela ficou aberta e com a cortina aberta, ficou sentada numa cadeira, que tinha ao lado de uma mesa, tinha riscos e nomes nas paredes, tinha local para colocar uma TV, tinha uma tomada proxima e outra perto do banheiro, o banheiro era um vaso sanitário, um chuveiro que eram escondidos por uma paredinha e sem porta, a janela, ficava bem no alto, protegida por grades, no teto uma lâmpada tambem protegida por armações, o banheiro cheirava bem, a cela era limpa, teria que mante-la limpa, havia rodo, vassoura, desinfetante, água sanitaria, mas aquilo era uma cadeia e isso não parava de ser ouvido por Daiane. A médica do presídio entrou, doutora Sara, uma mulher de meia idade, com ar de professora do primário, falou para a detenta que olhou seu prontuário, sua medicação já estava separada para entregarem nos horarios corretos, aferiu sua pressão, estava alta 18x13, lhe deu um remédio, sua temperatura estava normal, 36,5 C°. Falou que seria bem tratada ali, bastava seguir as regras e não se meter em confusão, a médica saiu, uma guarda trancou a cela e puxou a cortina, Daiane resolveu deitar, mas ficou virada de frente para a porta, tinha medo de alguem lhe fazer mal. De repente ouviu uma gritaria, palmas, gritos de palavrões, ficou assustada, uma sirene foi disparada, deduziu que poderia ser briga, entrou em pânico, mas como estava fechada ali, se acalmou, o tumulto passou, dormiu mesmo sem querer. Acordou com alguém a chamando, era a detenta que servia o jantar, disse que não tinha fome, a moça disse que tinha que pegar mesmo que não fosse comer, ela pegou, abriu, tinha arroz, feijão, carne picada com batata, de sobremesa uma maçã, para a madrugada lhe deram um pão com manteiga e uma caixinha de chocolate. Fechou a comida, deixou sobre a mesa, após algum tempo, a cela foi aberta, duas agentes entraram, conferiram seu número e nome, sairam e trancaram novamente, as luzes do corredor ficavam acessas até as 22, das celas não eram apagadas. Mais um tempo depois, foi chamada, uma enfermeira a chamou, confirmou seu número, seu nome, sua cela e os comprimidos que deveria tomar, pediu para pegar água e tomar os remédios na sua frente, teve que mostrar a boca. Voltou para a cama e deitou virada para a parede azul já desgastada, chorou e implorou a Deus que a tirasse dali, que se arrependia do que tinha feito, agradecia por ninguem ter morrido, nesse momento se assustou com as luzes se apagando, ao longe ouvia uma goteira, vozes cochichando. Tentou dormir, mas o barulho da goteira não permitia, ouvia gritos, batidas nas portas das celas, xingamentos, de detentas e guardas, televisões e rádios ligados, parecia que a confusão só aumentava conforme as horas iam passando. De repente viu alguém mexer na cortina, se assustou e deu um grito, uma voz sem rosto, disse para se acalmar que e se acostumar que era ronda e isso acontecia o tempo todo. Mesmo tomando remédio para dormir, não conseguiu pregar os olhos, seu braço doia, não achava uma posição para amenizar a dor, virava de um lado para o outro, cochilou porque o sono a dominou, mas o som da goteira não parava, alguém gritou "pega o rato"! Ela tinha pavor daquele bicho, os olhos fechavam, mas ela os abria, finalmente o dia clareou, estava exausta, novamente vozes no corredor, eram as guardas para contar as presas, abriram confirmaram numero, nome e cela, percebeu que ali era um número, não queriam saber do seu nome, o que importava era o número dela, deitou e chorou mais uma vez. Naquela noite na casa de Lorys a felicidade era total, mas não esqueceram de Daiane, o advogado ligou para Andreia, informando da efetivação da transferência, oraram pela moça, ela precisava muito de orações. Cris estava em extase, sua amada aceitou seu pedido de namoro, Lorys teve um sono agitado e acordou com dores. Precisava ir ao Centro Espírita se despedir de sua familia e Natalia, sentia essa necessidade e não podia demorar.

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