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Por Shawn

Depois do momento fodidamente estranho no corredor, minha mãe havia mandado um segurança avisar que havia saído com Camila, o que foi ainda mais estranho. E agora? Bem, agora já faziam mais de duas horas que as duas estavam sozinhas na rua e eu estava com Amélia em casa. Não que fosse ruim, claro, mas eu estava começando a ficar um pouco mais preocupado do que deveria. Eu já havia feito doze ligações, seis para cada, e enviado centenas de mensagens de texto. Minha única resposta era de uma hora atrás, emojis de palmas e mulher dançando pela minha mãe. Nada fazia sentido.

Me levantei da cama pela terceira vez em quinze minutos e saí do quarto, seguindo pelo corredor até o local de Amélia, o cômodo inteiro pintado de cor de rosa e com uma das paredes coberta por um papel de parede florido, como a maioria de suas roupas. Móveis brancos e uma cama enorme, um quarto de princesa. Haviam brinquedos, livros, roupas, pelúcias, tudo o que ela poderia usar e não usar agora que morava aqui. E sua janela, onde havia um pequeno sofá, dava vista para o lugar por onde ela estava perdidamente apaixonada, o Central Park. Mas, ainda assim, ignorando todas essas coisas, minha filha estava deitada no chão ao lado de Peter, ele com a cabeça na barriga dela enquanto ela via algum vídeo no celular, parecendo muito entretida. Cruzei os braços me apoiando no batente da porta e sorri de lado, chamando por ela em um tom calmo. Foram precisos mais três chamados para que ela me visse ali, se sentando no chão com o cachorro ainda ao seu lado.

– A mamãe já voltou?

Ela perguntou esfregando os olhos, parecia realmente realmente cansada. Camila já havia me dito que a pequena não era acostumada a fazer grandes viagens, já que passavam a maior parte do tempo em Londres para não chamar atenção demais. Minha atenção. E, bem, outra coisa que ela havia dito, ou melhor, pedido, era que eu botasse nossa filha para dormir assim que entrássemos. E aqui estava ela agora. Pontos para o Mendes.

– Ainda não, querida. Mas ela vai chegar logo, só saiu com a sua avó.

Balançando a cabeça algumas vezes, ela se levantou, indo até a sua penteadeira e deixando o celular, tirando também os sapatos antes de pular em sua cama cheia de bichinhos de pelúcia, fazendo até com que alguns deles caíssem no chão, virando alvo de Peter. Sorrateiro, o safado apanhou um urso na boca e passou por mim correndo, descendo as escadas rumo à sua casinha atrás do balcão. Eu apenas ri enquanto ia até a minha garota, me deitando ao seu lado na cama depois de tirar os sapatos.

– Está gostando daqui? – eu perguntei com as mãos apoiadas sobre a barriga – É como você imaginava?

– Bom, a Nova York dos filmes é muito mais dança e menos frio. Mas tem sido bem legal! Principalmente porque você está aqui.

Me arrancando o maior sorriso do mundo, a pequena agarrou um dos meus braços, deitando sua cabeça ali enquanto me olhava também com um sorriso enorme, me mostrando todos os seus dentinhos. Sendo modesto, minha filha é absurdamente fofa.

– Eu também estou muito feliz por você estar aqui.

– Mas você parece preocupado agora. – séria e com uma sobrancelha erguida, ela se sentou na cama.

– Pareço?

– Parece. E eu acho que sei bem o que é.

Ergui uma sobrancelha para o seu sorriso travesso e me sentei na cama também, puxando um dos bichinhos para o colo enquanto a olhava com curiosidade, esperando pelo seu veredito.

READY • shawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora