Swipe (KTH ♡ JJK)

1. Todas as perguntas que nunca fiz

Jungkook

Swipe. Swipe. Swipe.

Arrasto o dedo para o lado esquerdo com uma frequência tão grande que estou prestes a me dar por vencido e ir para a cama, mas é sexta-feira e não são nem nove da noite ainda. Odeio ficar sozinho em casa. Namjoon saiu com a namorada e Pearl está na despedida de solteira de uma amiga da faculdade. Penso em mandar uma mensagem no grupo da agência e convidar o pessoal para beber, mas desisto quando vejo uma atualização no feed do Instagram do Eun-woo. Uma foto dele com o namorado. Sei que já faz mais de um ano que terminamos, mas ainda sinto o estômago embrulhar com essas coisas.

Preciso, mais do que nunca, afogar as mágoas no corpo de outra pessoa.

E então o universo me manda um sinal em formato de perfil no Tinder e eu não preciso analisar muito para arrastar o dedo para o lado direito. A notificação com um "It's a Match" pula na tela e eu torço para que esse cara esteja afim da mesma coisa que eu esta noite.

Taehyung tem 25 anos e é arquiteto. Pelas fotos, sei que gosta de cachorros, pratica esportes radicais e se veste bem. Sorrio, porque é ele quem fala comigo primeiro, o que significa que está tão interessado quanto eu.

Taehyung: Oi! :) Tudo bem por aí?

Você: Oi, Taehyung! Tudo sim, mas sempre dá pra melhorar, né? Haha e com você?

Taehyung: Com certeza haha

Taehyung: Comigo também

Taehyung: Quais os planos pra hoje?

Você: Ainda não decidi. Tem alguma sugestão?

Taehyung: Tô pensando em ficar em casa mesmo. Preparar uma massinha, assistir alguma coisa. Tá afim?

Consigo ouvir a voz de Pearl na minha cabeça dizendo "você só pode estar louco, Jungkook, e se esse cara for um psicopata?", que é exatamente o que ela diz todas as vezes que eu marco um encontro com alguém que conheci no Tinder. Não invalido sua preocupação, mas já estou bem grandinho e essa não seria a primeira vez que eu iria até a casa de um completo estranho para transar. Além disso, que diferença faria encontrá-lo em um lugar público se eu acabaria voltando com ele para casa de qualquer forma?

É isso o que eu quero. A única coisa que estar em um relacionamento sério me trouxe foi dor de cabeça, um coração despedaçado e um par de chifres do qual eu nunca vou me livrar. Sem maiores delongas, peço o endereço de Taehyung e tomo um banho rápido antes de chamar um Uber.

O prédio dele fica apenas a 8 minutos de carro de onde eu moro. Quando aciono o interfone na portaria eletrônica e o ouço do outro lado da linha, só consigo pensar em como essa é provavelmente a única voz que combina com seu rosto. Não costumo ficar nervoso com esse tipo de encontro casual, afinal de contas, não preciso me esforçar para parecer inteligente nem nada do tipo, mas sinto um leve frio na barriga quando entro no elevador e aperto o botão do oitavo andar. Assim que a porta se abre, dou de cara com dois apartamentos. Sigo na direção do 802, esfrego as mãos geladas na calça e toco a campainha.

— Oi! — Taehyung diz e eu me desmancho no que acho que é o sorriso mais bonito que já vi na vida. — Entra! Não estava esperando que você chegasse tão rápido, o jantar ainda não tá pronto.

— Não tem problema — respondo, aceitando o convite. Dou uma breve olhada ao redor – nenhum sinal de psicopatia até aqui. — Eu moro bem perto, na verdade.

— Ah, sério? — ele continua sorrindo e tudo o que eu quero é fazer o meu coração bater mais devagar.

Taehyung está bem à vontade, usando uma regata amarela e shorts pretos, e isso é tudo o que ele precisa para me impressionar. Deixo os meus tênis ao lado de um par de sapatos no hall de entrada e o sigo até a sala.