5. Coexistência

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Jungkook

Nem Pearl, nem Namjoon me levaram a sério quando eu contei que estava apaixonado – o que já era de se esperar, porque paixão seja, talvez, uma palavra forte demais para descrever o que estou sentindo. De qualquer forma, era só uma brincadeira. Tudo bem que eu não parei de pensar em Taehyung desde que pus os pés para fora de seu carro, mas acho que isso não estaria acontecendo se eu não estivesse tão carente. Ou se ele não fosse tão lindo, inteligente e gostoso pra caralho.

Passo o restante do sábado na companhia de Pearl. Depois do almoço, nós vamos ao supermercado para comprar o que combinamos de levar para o churrasco de um amigo e voltamos para a minha casa, mas não estou afim de fazer nada, então ficamos na sala jogando conversa fora com Min-si e Namjoon.

Min-si é a cota hétero no apartamento. É a primeira vez que Namjoon namora uma garota que não se importa com o fato de ele ser bissexual, e ela é, de longe, a pessoa mais legal com quem ele já esteve. De acordo com minha mãe, a bissexualidade é uma mentira que os gays contam para se sentirem melhor com a própria sexualidade, e acho que é o que bastante gente também pensa. Hétero ou não. É triste imaginar que a nossa identidade se resume a uma única característica particular, e mais ainda quando essa característica é negada pela sociedade, porque é como se a nossa existência fosse anulada. Se ser bissexual é o que define o Namjoon e bissexualidade não existe, logo o Namjoon não existe. Não importa se, além de bi, ele é advogado, filho, amigo, ou namorado de alguém. Não importa se ele é o cara mais honesto e gentil que eu conheço, ou se ele gosta de tocar piano e de enterrar os pés na areia sempre que vai à praia. Não importa se ele está apaixonado por uma garota agora, porque ele já se apaixonou por garotos antes dela, e isso invalida automaticamente qualquer sentimento que ele possa ter pelo outro gênero. Sei que o Namjoon não liga muito para o que os outros pensam, e que Min-si liga menos ainda, mas ninguém tem o direito de dizer quem a gente é ou o que a gente sente.

Pearl nunca saiu do armário para mim. Quer dizer, ela sempre fica com garotas quando nós vamos à alguma balada, mas ela não sente a necessidade de se definir e eu não sinto a necessidade de saber como ela se define, porque, no final das contas, tudo o que a gente precisa é se sentir alguém de verdade. Alguém que existe sem coexistência.

É tarde quando o sono chega. Penso em Taehyung durante o banho, enquanto escovo os dentes e depois que deito na cama. Minha cama não é mais tão confortável, não após eu ter deitado na cama dele. Pego o celular e abro o nosso chat no Tinder. Não é muito, mas é tudo o que eu tenho. Isso e toda a vontade que ele deixou comigo. Digito alguma coisa, mas não estou disposto a correr o risco de não obter resposta, então apago. Não sei bem como relacionamentos abertos funcionam e não tenho certeza se conseguiria estar em um, porque para mim é particularmente difícil saber que o cara de quem eu gosto está transando com outras pessoas. Tenho vontade de arrancar os olhos sempre que vejo uma foto do Eun-woo com In-yeop, e pior que isso foi ver os dois ao vivo, pouco tempo depois de ele ter terminado comigo.

Pelo menos não preciso me torturar com a imagem de Taehyung com o namorado, e só por causa disso resisto à vontade de procurar pelo perfil dele no Instagram. Bloqueio a tela do celular e tento me conformar com o fato de que não vou encontrá-lo na cama quando abrir os olhos pela manhã. Seu corpo não vai estar sobre o meu e o sol não vai atrapalhar o meu sono, porque não faz sentido deixar as janelas abertas se não for para acordar ao lado dele.

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Boa noite, ppls. Voltei das férias essa semana e tô meio louca, quase esqueci de atualizar a história. Espero que estejam gostando e muito obrigada pela leitura. Não deixem de favoritar e comentar. Próximo capítulo no sábado que vem <3

Swipe (KTH ♡ JJK)Onde histórias criam vida. Descubra agora