5 | uma tarde em paris

360 62 50
                                    

Por CARL ARCHIE
20 anos
Paris - France

(...)

— Carl, péssima hora... — Ouvi Jonathan soltar um reclame baixo, pelo celular, mas eu podia ouvir música ao fundo, enquanto eu caminhava a passos rápidos por uma rua conhecida de Paris, não muito longe de Champs Élysées, indo pra um desfile.

O hotel onde estávamos ficava a poucas quadras, e eu ia me sentir um idiota usando um motorista pra virar algumas esquinas.

— Com música ao fundo? — Perguntei em tom bem humorado, antes de continuar. — Você vai entregar meu trabalho quando? — Indaguei, isso sim era necessário.

Tive que vir a Paris acompanhar minha mãe em um desfile que a Archie patrocinou, ela estava sedenta para investir na área, para em breve lançar sua própria coleção. Com meu pai no que ele chamou de congresso, no Qatar, acabou sobrando pra quem: eu.

Mas eu tinha uns trabalhos de Administração de Empresas II, pra entregar, e como foi tudo de última hora, pedi que ele salvasse a minha pele.

— Entreguei ontem. — Respondeu. Ainda bem, menos uma coisa pra me preocupar.

— Você é o cara! Já falei isso?

— Sem bajulação. — O ouvi dizer ainda baixo, e uma risada feminina soar logo em seguida, ao lado dele.

— Fala oi pra Hailey. — Soltei o ouvindo falar "Carl disse oi". E a voz dela soar em seguida num sussurro gritado "Oiiii Carl".

— Himmes, é duas da tarde aí, onde vocês estão enfiados, se é que quero saber? — Perguntei por causa de ouvir uma pessoa que não era a Hailey, cantando ao fundo.

— Em uma audição. Hailey veio fazer o teste para um musical. — Comentou.

— Desejo uma boa sorte. — Fui sincero. — Ela já fez?

— Sim. E foi a melhor, o papel já é dela. — Respondeu convicto mas não demorou eu ouvir a voz da Hailey soar ao telefone "mentira dele, é um exagerado" enquanto soltava risadinhas aparentemente tentando tirar o celular da mão do Jonathan enquanto tinham um discussão boba, me fazendo rir também. Era engraçado finalmente ver um de nós realmente apaixonado.

Comigo ainda não havia acontecido. E nem sei se eu quero me amarrar a alguém agora. Henry era o Henry.
E o Ben...

— E o Ben? — Perguntei ao Jonathan.
Ben estava em uma situação complicada demais.

Jonathan suspirou.

— Preocupado. Ele foi hoje resolver a burocracia para se trasferir para Leeds. — Jonathan comentou.

— Tão cedo? — Respirei fundo — Sei que é compreensível. A Georgia vai dar a luz em menos de um mês pelo o que ele disse. — Falei, esse sim, era um grande problema.

Georgia descobriu que estava grávida há uns meses, ela não estava muito convicta com a ideia de ser mãe, Ben a convenceu de ter a criança e entregar a ele, pois segundo ela, isso a atrapalharia no balé, afinal uma "bailarina tem que ser livre". E então, ela entrou em um acordo com o Ben, onde ela deixaria a menina recém nascida com ele, pra que ela assim que desse a luz pudesse se preocupar apenas em recuperar sua forma e voltar a dançar. Sem um compromisso tão árduo.

E Ben aceitou, mas pra isso teria que se transferir pra Inglaterra, pois teria ajuda dos avós para cuidar da menina.

— Ela tinha o direito de querer ou não ser mãe, mas ela escolheu ter a criança. E o Ben decidiu que cuidaria. — Hailey disse ao lado do Jonathan para que eu ouvisse. — Mas a questão não é essa. É que ambos não se cuidaram, enquanto se acomodaram em um relacionado falido. — Completou.

Ignorando as Leis de Newton Onde histórias criam vida. Descubra agora