8 | algumas verdades

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HAILEY ANN DAVIS
20 anos
Dublin - Ireland

(...)

- Olha só quem veio me visitar! - Tive que ouvir, o Henry dizer com escárnio assim que ele abriu a porta para mim.

- Jonathan já chegou? - Fui direto ao ponto. Eu só tive as duas primeiras aulas do meu curso de música e saí do campus, mas Jonathan hoje tinha todas as aulas, e se eu bem conhecia meu namorado, em uma sexta feira, ele também daria uma passada na biblioteca do Trinity.

- Não. - Henry disse se encostando no batente da porta. - Quer entrar? - Perguntou.

Dei de ombros e passei por ele sem fazer muita cerimônia. Pude o ouvir encostar a porta do apartamento.

Olhei em volta... Estava uma verdadeira bagunça. Nem mesmo os móveis caros competiam com as caixas de pizza, garrafas de cerveja, e roupas do Henry espalhadas.

Jonathan não era um bagunceiro em si, mas não era de se preocupar. Mas Carl e Henry eram uma catástrofe. Quando Ben vivia aqui não era dessa forma, mas depois que o único realmente organizado entre eles foi viver em Leeds, nem mesmo a diarista daria conta.

- Não tem nem lugar para sentar. - Resmunguei, vendo que o estofado estava ocupado pela bagunça.

- Se quiser sentar em mim... - Ouvi o Henry sussurrar com malícia, me fazendo virar para ele abrupta.

Que porra era essa?

- O que você disse, babaca? - Soltei incrédula, me virando pra ele. O que esse idiota pensava que estava falando?

- Não se faça de santa... Não é a primeira vez que engana o idiota do seu namorado. - Disse dando um passo a frente.

- Eu jamais traí o seu amigo. - Frisei com ignorância, tentando me manter calma para saber do que Henry falava.

Eu jamais traí o Jonathan. Jamais.

- Existem muitos tipos de traição. - Ele sussurrou, chegando mais perto. Muito perto a ponto de me encurralar contra o sofá. Henry estava brincando com fogo. - Davenport falou sobre a branquinha que anda comprando dele... Imagina só a decepção do seu namoradinho careta ao descobrir is... - Antes que ele terminasse, meu joelho já havia parado no meio de suas pernas. Forte.

O empurrei para longe, alarmada, enquanto ele urrava de dor.

- Vai pro inferno! - Berrei me afastando dele correndo em direção a porta e a abri, enquanto ele cambaleava até mim, rindo. Ele estava rindo!

- Eu vou ser seu inferno, sua drogada maldita! - O ouvi dizer, enquanto eu passava pela porta e a fechava atrás de mim.

Respirei fundo, me encostando contra a parede do corredor.

O Henry não ia falar nada, ele também era enrolado com esses caras. Ele não ia falar nada. Repeti como um mantra.

Jonathan não podia saber.

Eu tinha medo que ele me odiasse.

Tanto por esconder isso dele, tanto pela droga, maconha era muito diferente de cocaína, ele iria me ver de outra forma, muito mais também, por eu andar me endividando pra comprar.

E eu realmente estava me esforçando para parecer a mesma, sendo que eu estava sendo absorvida por problemas. Minha mãe relapsa, meu pai se casando de novo, sendo que a única coisa que eu tinha dele era uma boa pensão que eu uso pra pagar a república onde vivo. Para piorar, eu acabei perdendo o emprego na loja de discos quando meu chefe encontrou cocaína no meu armário por denuncia de outra funcionaria.
Jonathan jamais poderia saber que menti pra ele falando que foi corte de funcionários.

Ignorando as Leis de Newton Onde histórias criam vida. Descubra agora