" Não queremos perder nem deveríamos perder:saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização. "
Lya LuftSpoleto 1923 , as vezes sabemos que vamos perder algo, mesmo que inevitável, tentamos com todas as forças não deixar partir. O acaso ou destino, como deseja chamar, é sempre o mesmo , a morte. Tememos o que não temos controle e é normal, todos temos medos mesmo que pequenos.
Pietro viajava a um dia, estava quase em seu destino, sua mente ainda cogitava as palavras de Annabell havia lhe dito. "Lourenço pode ser um dos assassinos. " "Miguel é um dos assassinos! " Ele estava irritado e confuso.
- Chegamos! - Disse o capitão de polícia.
- Certo onde mais ou menos disseram que o avistaram? - Pietro olhava ao redor, havia casas pequenas de camponeses e uma grande taberna de pedra, meio rústica mas bem cuidada.
- Foi em um rancho no lado Oeste, talvez uns 20 minutos de caminhada, mas precisamos de uma pausa pra se recompor.
- Se recompor meu...
- Opa! Precisamos, foi um dia de viagem e sem pausas Pietro.
- Tá certo.
Eles entraram e o lugar era grande. Uma jovem moça veio atende-los, seus cabelos eram longos fios dourados, seu rosto redondo, seu corpo bem avantajado, olhos que pareciam diamantes negros e estavam focados em Pietro. Seu sorriso contagiou o detetive que sorriu de volta. Depois de minutos a moça trouxe o pedido deles, seu olhar sempre em Pietro. Todos os outros riram dele e se recomporam.
Ao sair da taberna seu coração apertou em angústia, ele sabia que hoje perderia o irmão de um jeito ou de outro. O vento soprou seus cabelos e o cheiro de grama invadiu suas narinas o acalmando.
A caminhada era calma, as vezes passava um casal de camponeses, mas era só, depois de dez minutos de caminhada Pietro avistou um grande galpão, então seria possível que seu irmão estivesse lá? É claro que estaria, mas o que ele deveria falar para seu caçula? O que perguntar? E se ele já estivesse morto? Não ele não poderia estar... Pietro afastou esses pensamentos e continuou a andar apenas olhando para frente.
O sentimento de medo é uma coisa que anda lado á lado com a perda, o medo de perder faz com que criamos coragem para fazer o que for necessário, todo se resume a atitude. O coração do detetive pulava a cada passo como se soubesse o que estava por vir e não quisesse presenciar.
Próximo ao local, dava para ver nitidamente o rancho. Era feito de uma madeira escura, grande o suficiente para cavalos e máquinas. O medo tomou conta de Pietro, fez ele se sentir como se tivesse vinte anos de novo e a garotinha assustada passando pela porta e puxando seu pai com medo e o medo dela assustou Pietro.
- Vamos entrar juntos! - A voz do capitão soou estrondosa como um trovão.
-Não! Ele é MEU irmão, eu devo fazer isso. Minha prioridade ainda é prendê-lo e interroga-lo. Então eu entro, serquem o rancho caso ele queira fugir!
-Tem certeza?
- Sim ,ainda sou bom um revolver, não se preocupe.
Com o coração apertado entrou pela porta enorme. Lá dentro a escuridão tomaria conta se não fosse uma fresta de luz que passava por um buraco na madeira.
- Eu sabia que seria você. - A voz apertou Pietro com tanta força que se fosse uma pessoa teria quebrado suas costelas.
Lourenço saiu das sombras, seu corpo parecia frágil. Seu rosto estava esquelético com olheiras profundas, o cabelo totalmente bagunçado e a roupa imunda.- Eu gostaria de dizer que me arrependo, mas eu não sinto nada. Meu irmão me diga, eu sou louco por querer que ele parasse?
- Lourenço, meu pequeno, não és louco, mas tinha outras maneiras, mas matar alguém daquele jeito é cruel.
- Cruel...-Sua voz se tornou obscura como seu olhar. - Cruel é o que ele fez com aquelas meninas, aquele merda, teve o que merecia, mas Anna... - Suas lágrimas escorriam ao tocar no nome dela.
- Eu sei, eu vou pegar quem fez isso com ela...
- NÃO! VOCÊ NÃO ENTENDE! - Lourenço gritava, passando a mão entre o cabelo. - Eu, Pietro, eu a matei e foi necessário. Eu precisava, mesmo que isso me matasse.
O chão de Pietro cedeu, seu irmão era tão desconhecido, suas mãos suavam.
-Por quê? - Foi a única coisa que ele conseguiu dizer.
- Ela estava te dando muitas pistas. Eu deveria deixado pra lá mas não consegui, eu amava ela... - E mais lágrimas caiam. - Sabe Pietro, eu formulei tudo desde que conheci Anna, ela era tão pura e doce e eu tirei isso dela. Perder não é ruim o pior é tirar de si mesmo...
Nesse momento Pietro reparou uma silhueta na mão de Lourenço, ele sabia que se tratava de um revolver.
-Lourenço não faz merda, larga esse revolver.
- Desculpe Pietro, eu não sou forte o suficiente. Você sempre foi o irmão mais calmo ,paciente e até esperto, eu te admiro e sei que Emílio vai ficar bem com você.
- Ele precisa do pai! - Pietro tremia e chorava.
-Deixe eu te contar, em campo de batalha eu perdi muitos amigos, rezando para ser o próximo e aquilo acabar, tudo que eu precisava era um único tiro, eu nunca fui forte e nem sou agora. Meu irmão, eu quero morrer e pagar meus pecados, talvez eu pudesse ver Anna e acho que ela vai me odiar eternamente por ser um idiota. Eu não vou para o mesmo lugar que ela e sei que Emílio está me esperando e não vou voltar . Tirar a vida de um homem é o pior pecado que se pode cometer, mas tirar a própria vida é um passe livre para o inferno...
-Lourenço... - Pietro foi interrompido pelas últimas palavras do irmão.
-Diga ao meu filho que estou com a mãe dele e que o amo. Queria que tudo fosse diferente.
O som do tiro acertando a cabeça de Lourenço foi muito alto, mas não tão alto quanto o grito de Pietro. O corpo caiu no chão frio, Pietro caiu de joelhos abraçando o corpo do irmão, chorou e gritou até sua garganta rasgar, abraçado ao corpo frio enquanto a polícia entrava no rancho para ajudá-lo. A dor é parte da humanização, Pietro naquele momento sentia o coração quebrar em milhares de partes, sua mente não suportava o peso das palavras do irmão.
"Queria que tudo fosse diferente. "
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Peça Socorro
Tajemnica / ThrillerDor Todos sabem olhar e julgar, mas e ouvir e ajudar? Pois o que eu passei... Ninguém passaria por mim. A dor que eu senti... Ninguém sentiria. As verdades que vi e ouvi, ha! Ninguém aguentaria... Sou fiel à dor... pois é dela que sou feito. Vi...