Trevas

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O belo penetra por toda parte mesmo no silencio e nas trevas.

Hellen Keller

      Spoleto 1923, as últimas folhas do outono caem por terra,agora o frio invernal chega junto com o mistério que faz a mente de Breno e de Annabell questionarem tudo, não se sabe mais o que é verdadeiro e o que não é.

       O nó no estômago de Annabell cresce a cada instante, ela quer gritar,vomitar ou simplesmente chorar mas não pode,pois há o desconhecido embaixo de seu teto ,Miguel ou seja lá quem ele for pode ser perigoso e até mesmo o assassino por isso Annabell tem que ser forte e se manter no controle. Agora havia um grande dilema para a jovem, seu coração o amava e sua mente o odiava, isso só faz as trevas crescerem cada instante em seu coração.

     Um toque quente em seu rosto faz seu estômago revirar, aquele toque tão conhecido mas tão distante, tão superficial. A jovem se vira e sorri, Miguel pega um pedaço de bolo e café,olha Breno dar a última mordida em sua maça em silêncio,o clima está pesado e todos sabem.

- Parece que viram um fantasma, o que aconteceu?- Perguntou Miguel.

- Bom, não consegui dormir.- Disse Annabell se ageitanto na cadeira.

- Mas por que , achei o vinho bem forte ontem.- Miguel se intrigou passando a mão entre os cabelos.

-Pesadelos, eles são minha punição divina.- Annabell se levantou e foi até Breno e o deu um beijo na testa virou-se para Miguel e disse .-Estou indo trabalhar tenham um bom dia.

       Ao chegar no hospital Annabell percebeu uma movimentação estranha atrás de si, então se virou e viu um vulto pequeno atrás de uma grande árvore , ela seguiu em passos suaves até lá e olhou para a criança que quis correr mas Annabell a segurou.

- Não precisas correr,não vou te machucar ...- Annabell olhou para o pequeno menino e em segundos o reconheceu.- Emílio , não é? Cadê seu pai?

-Eu não sei.- Ele caiu no choro e correu para os braços da moça em sua frente.

- Shiiii... Tudo bem, vamos achá-lo . Mas preciso que seja forte , você consegue?- Ela olhou para ele e o garoto assenou com a cabeça.

    Passaram-se horas até o detetive Di Angelis chegar ao hospital, Annabell estava revoltada , como podia um homem ser tão atrasado, como aquele? O que raios Breno viu nele? E a pergunta maior como podia deixar seu próprio sobrinho esperando em um hospital? Assim que ele passou pela porta Annabell já estava ao seu lado lhe contando tudo que sabia sobre e dizendo que podia contar com ela caso tivesse a necessidade de auxilio com a criança. O detetive agradeceu mas disse que não teria problema em cuidar de uma simples criança.

    Pietro já estava perdendo a paciência com a demora do resultado da autópsia , Roma nem era tão longe assim

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    Pietro já estava perdendo a paciência com a demora do resultado da autópsia , Roma nem era tão longe assim. Elene invadiu sua sala sem nem se quer pedir licença , a que ponto estava sua autoridade , mulher de cabelos amarrados em tranças mal respirava.

- Por que toda essa euforia ,mulher?- Pietro se levantou.

- Seu ir... Seu irmão senhor, ele... Ele sumiu.- Disse a garota ofegante.

   O baque tinha sido tão forte que Pietro se sentou novamente, incrédulo , se levantou cambaleando, Elene correu para ajudá-lo mas foi inútil ele se recompôs e saiu da sala. Sem nem se quer olhar para trás ele foi em busca de ajuda a única pessoa capaz de ajudá-lo de verdade, Breno.

    Ele bateu na porta, uma ,duas , três vezes e nada, quando quase desistindo a porta se abriu,Breno o viu , mas não o mesmo Pietro sério e inabalável ,e sim o garoto assustado e chorão que ele costumava ser quando criança. Pietro abraçou o jovem amor de sua vida e debruçou-se em lágrimas. Breno o acolheu em seus braços e sussurrava algo carinhoso e reconfortante em seu ouvido. Depois de minutos Pietro finalmente conseguiu falar.

- Lourenço sumiu e eu preciso da sua ajuda , só você pode me ajudar seus sentidos são mais aguçados que o meu, por favor Breno eu preciso de você ....

- Acha que eu diria não para o homem que amo? Seu bobinho ,vamos achar seu irmão.- Breno pegou seu casaco e saiu pela porta fechando as portas de medo e fraqueza que os cercavam.

      O primeiro lugar que passaram foi a casa de Lourenço, a casa estava completamente virada. Lixo por toda parte ,vidro de garrafas quebrados, garrafas de vinho e uísque vazias jaziam na pia , subiram ao quarto de Lourenço que não estava muito diferente do resto da casa, vestidos que um dia foram de Anna agora estavam no chão , sobre a penteadeira de Anna havia varias cartas ,Pietro se lembra muito bem o tempo em que Anna passava em frente aquela penteadeira escovando seus longos cabelos, era o que  ela fazia para se sentir linda novamente, Pietro só foi saber disso depois de vários assassinatos ocorridos e Anna era um deles.

-Foi escrito por um homem. E bem possivelmente bêbado.- Disse Breno entregando uma das cartas para Pietro.

- Vou leva-las comigo, elas precisam ser analisadas.

      Passaram horas desde que eles começaram a procurar mas a única coisa útil que encontraram eram aquelas cartas que o fazia temer o que estava por vir, Pietro não queria achar o corpo do irmão em uma vala qualquer como o daquela pobre mulher. Foi pensando nesses acasos e devaneios que Pietro se deu conta, ele não havia achado Emílio , mas lembrou de uma senhora falando com ele, mas sua cabeça estava tão longe que não escutou , e ela dizia sobre um menino aparecer no hospital após o desaparecimento do pai. Breno seguiu o caminho oposto para o hospital.

       Ao chegar Annabell disse alguma coisa sobre ajuda ,mas ele só estava preocupado com o garoto, o menino correu para seus braços e chorou. O choro não cessou até a casa do detetive onde ele caiu no sono. Pietro aproveitou para ler as cartas, quando chegou na quinta carta seu choro silencioso era inevitável ,como ele não notou a dor do irmão , como pode ele ser tão egoísta e não ajudar  seu pobre irmão casula? Como? A dor desses pensamentos e sentimentos o estavam fazendo com que ele se amargurasse e ele não podia fazer isso pois a única pessoa que Emílio tinha era ele. Passinhos apressados vindo do quarto fez o detetive limpar as lágrimas e se recompôr .

- O senhor vai achar ele ,não é titio?- Emílio segurava o travesseiro entre os bracinhos pequenos .

-Eu prometo que vou achá-lo.- Prometeu Pietro pegando a criança no colo. 

Peça SocorroOnde histórias criam vida. Descubra agora