Capítulo 43

38 9 0
                                    

As palavras que Margot dissera ainda ecoavam na mente de Edgar quando ele viu a cena descrita por ela acontecer alí, diante dos seus olhos. Um momento de hesitação antecedeu a ação seguinte.

Não chegara à testar como o maquinário em suas pernas se comportaria se tivesse de ser veloz com elas, mas o tempo urgia e, sem pensar em mais nada que não fosse Dara, partiu em disparada, rumo ao jardim. Em meio à correria, chegou à esbarrar em Sebastian nos degraus da entrada, mas não chegou a cair nem a machucar o funcionário.

— Dara! Dara!

Seus gritos a plenos pulmões e o tilintar metálico de suas pernas eram os sons que se ouvia com mais clareza. A carruagem, puxada por quatro cavalos, partira em alta velocidade, e dela já mal se ouvia ruídos nem era possível vê-la no horizonte.

Ele ainda quis acreditar que fosse devido à cerração, e continuou à bradar o nome de sua amada enquanto avançava em direção ao portão, do qual só via as pontas das setas douradas logo acima da neblina densa e baixa qua também o envolveu.

— Dara! Dara! — ele ainda insistia em chamá-la, sem obter resposta.

Olhou para trás e já não viu empregado ou jardim. Apenas a casa que, construída no ponto mais alto do terreno, parecia flutuar sobre a neblina. À sua frente, nada. Tudo era cinza, e parecia não haver cor melhor para emoldurar toda a tristeza que sentiu naquele momento.

Ofegante devido ao esforço inútil, Edgar curvou-se sobre o próprio tronco e apoiando as mãos sobre as coxas, desatou um choro comovente. Ao ouvir um ruído, ergueu a cabeça imediatamente, na esperança de distinguir alguma silhueta em meio à baixa visibilidade, mas não viu nada, ninguém se aproximava. Ainda constatou, desapontado, que o ruído que ouvira era o de mais uma peça que acabara de se soltar de sua engrenagem. Várias haviam ficado pelo caminho, e com o maquinário tão danificado assim já não sabia se conseguiria voltar sozinho para casa.

Ele já virava-se lentamente para tentar retornar quando notou alguém vindo em sua direção. Seus olhos mal podiam acreditar no que viam.

O Fantasma de Lockwood (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora