Capítulo Cinco - "Dadeira" de ideias!

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Ao pular da mata sem que o Visconde e Gustavo esperassem, Emília deu um grande susto em ambos e, sem perder tempo, abriu sua torneirinha de asneiras.

- Então quer dizer, Sr. Sabugo de Milho, que quando a situação aperta o senhor sai correndo por aí morrendo de medo como se uma galinha estivesse correndo atrás de você? - disse Emília, indo em direção ao Visconde com seus olhinhos de retrós bem bravos.

- Marquesa, na hora do desespero eu fiz o que julguei sensato: utilizei o pó de pirlimpimpim para ir ao mundo real atrás de ajuda.

- Ah, sim, claro. Claríssimo, sabugo, enquanto todos estavam pedregosos?

- Empedrados, Marquesa, se fala empedrados.

- Que seja, Visconde, você foi um covarde. Largou uma Marquesa, um Marquês que nem merecia ser ajudado porque foi tudo culpa dele, e todos os outros amigos para dar uma voltinha com o pó de pirlimpimpim.

- Peraí gente, estou confuso com todo esse falatório - disse Gustavo.

- E quem é você para dar esse "piti", hein, ô cara de coruja?

- Emília, esse é o Gustavo, do mundo real, que veio comigo para nos ajudar nessa batalha contra a Cuca - interveio Visconde.

- Olha, Emília, conheço sua história desde que você sequer falava ainda. Lembro bem do dia que tomou a pílula falante do Dr. Caramujo do Reino das Águas Claras. É um prazer te conhecer - disse Gustavo, com os olhos brilhando.

- Ah, sim, mais um fã da nobre Marquesa de Rabicó. Viu aí, Visconde? - disse Emília, sentindo-se famosa.

- Olha, Marquesa, por onde andou desde que tudo aconteceu? - perguntou Visconde, curioso para saber os passos de Emília após o ataque da Cuca.

- Então, Visconde, tudo estava correndo muito bem. Dona Benta, Narizinho, Pedrinho e Tia Nastácia estavam posicionados no lugar que combinamos e o tio Barnabé vindo do capoeirão o mais rápido que podia, conforme eu, a "dadeira" de ideias, havia sugerido.

- Mas o que aconteceu de errado, então, já que todos viraram pedras? - perguntou Gustavo.

- Fica calmo aí que ainda não terminei a história. Foi então que, do ponto onde eu estava, vi que o pançudo do Rabicó foi atraído por uma lixeira embaixo da janela da cozinha da Tia Nastácia, o Quindim ainda calculava a distância da rede até a Cuca e o Conselheiro Burro Falante filosofava com cara de bocó. Foi então que eu assustei o Rabicó com um beliscão para ver se ele tirava aquela cara redonda dele da lata de lixo e...

- E o que, Marquesa? Conte logo, Emília - interrompeu Visconde, ansioso com a torneirinha de asneiras aberta.

- E daí que aquele porco porcaria gritou, assustou o Quindim que correu e esqueceu-se da rede, e o Burro Falante perdeu os óculos no pulo que deu de susto. Foi então que a Cuca viu a arapuca e soltou seus raios para cima, "empedregando" todos.

- Empedrando, Marquesa.

- Empedregando, Visconde. Quem estava lá vendo, eu ou você?

- Humpf...

- Tá, Emília, mas e você? Para onde fugiu?

- Ora, para onde fugi? Para o capoeirão, afinal a Cuca não estava lá, estava aqui. Fui ver se os seres da mata poderiam nos ajudar.

- Gente, gente, esperem aí. Estava aqui lembrando que quando a Narizinho e outras pessoas foram empedradas pela Cuca, foi usada uma florzinha azul para reverter o feitiço - disse Gustavo, interrompendo Emília.

O Sítio do Picapau Amarelo em ApurosOnde histórias criam vida. Descubra agora