Capítulo Treze - A Convenção das Bruxas!

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Cuca saiu da reunião com os seres da mata confiante em seus planos. Caminhava firme, com a convicção de que seria a próxima Rainha das Coisas Feias, título a ser decidido na Convenção das Bruxas. O palco para esse evento seria a destruição do Sítio do Picapau Amarelo, o qual, em seu estado desolado, serviria como prova da sua aptidão para o posto.

Tudo estava meticulosamente planejado. Os caiporas roubariam as estátuas dos moradores do sítio com suas raízes e a ajuda de M'boiuna; o Curupira, com os animais, destruiria todos os espaços externos; o Saci, com seu rodamoinho, faria telhas voarem e cercas e árvores caírem sobre a casa; Iara secaria todas as fontes de água do sítio; e a própria Cuca atearia fogo para atrair a atenção dos convidados da convenção.

— Tudo está preparado, cada um sabe o que tem que fazer, certo? — perguntou Cuca.

— Sim, Cuca, tudo preparado — responderam os seres, ainda sob o efeito do feitiço.

— Muito bem! Os caiporas entrarão pela entrada principal para facilitar a chegada da M'boiuna e das raízes; o Curupira pela entrada lateral direita, onde a mata é mais densa e cheia de animais para ajudá-lo; Iara virá pela entrada lateral esquerda, onde estão o poço, o lago e os canos que captam água do ribeirão; o Saci descerá com seu rodamoinho, e eu entrarei triunfante quando tudo já estiver destruído para atear fogo. AHUAHUAHAUHAUAH! — gargalhou assombrosamente.

Enquanto isso, no sítio, todos estavam empenhados em construir armadilhas para capturar os seres. Tio Barnabé preparava a peneira e a garrafa com a rolha em formato de cruz para pegar o Saci; Emília e Gustavo preparavam cipós para prender os Caiporas e o Curupira; o Conselheiro preparava uma gamela de madeira para colocar a Iara; Tia Nastácia e Dona Benta preparavam buchas de pano para tapar os ouvidos por causa do canto da Iara; e o Visconde pesquisava nos livros algo que pudesse quebrar o feitiço da Cuca.

— Visconde, estou muito preocupada se conseguiremos quebrar o feitiço da Cuca. Imagine se capturamos todos esses seres e não conseguimos neutralizar o feitiço, estaríamos ainda mais em apuros — disse Dona Benta ao entrar na biblioteca.

— Elementar, minha cara Dona Benta, mas há aqui um livro muito antigo que fala exatamente sobre como desfazer encantos e feitiços — respondeu o Visconde.

— É mesmo? Esse livro era de minha avó. Antigamente, acreditava-se muito nisso, não é mesmo?

— Claro, Dona Benta, e hoje poderemos usar a nosso favor — disse o Visconde.

— Ótimo, deixarei você se concentrar — disse Dona Benta, enquanto retornava à sala para ajudar Tia Nastácia.

— Sabe, Emília, eu estou com muito medo disso tudo. Não podemos ver o sítio da vovó ser destruído pela Cuca e ela ganhar esse título de Rainha das Coisas Feias — desabafou Narizinho.

— Narizinho, o medo só vai te fazer parar igual à estátua que você virou ainda há pouco. Acredite e trabalhe para que tudo dê certo — disse Emília, enquanto recebia um abraço apertado de sua dona.

Em outro canto da sala, Gustavo disse ao seu mais novo amigo, Pedrinho:

— Sabe, Pedrinho, ao mesmo tempo que quero que esse pesadelo acabe logo, eu também não quero.

— Ué, como assim, Gustavo? Não entendi!

— Quero que acabe para que vocês não estejam mais em apuros, mas, se acabar, terei que voltar para casa, e eu ficarei com muita saudade de tudo aqui. E isso que nem conheci tudo ainda — disse Gustavo.

— E quem disse que você precisará ir embora? Pode ficar mais um tempo conosco.

— Meus amigos devem estar preocupados com meu sumiço, minha família também. Preciso voltar e dar notícias.

O Sítio do Picapau Amarelo em ApurosOnde histórias criam vida. Descubra agora