Encontros

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Uma semana havia se passado desde o dia em que Hellen completou dezoito anos. Triste por ter perdido a amizade de Paula e a confiança dos amigos, quase não saiu do quarto. Ligou várias vezes para a amiga. Ela nunca atendeu nenhuma de suas ligações. Tentou até o número convencional, mas a governanta sempre dava uma desculpa e a morena tinha certeza que Paula deixara ordens para não lhe passar nenhuma de suas chamadas. A mesma coisa acontecia com Beatriz e as gêmeas. Quando conseguia falar com uma delas, era tratada com frieza e indiferença, ninguém dava chance para explicar o que de fato aconteceu. Para as meninas, eram uma traidora mesquinha.

Todos achavam que ela tinha seduzido Daniel Mattos.

Virara a vilã, e ele, o mocinho assediado.

Desde quando se entendia por gente, não houve uma vez sequer em que não ligasse para Paula e contasse tudo que aconteceu durante o dia e vice-versa. Por mais que tivessem passado horas juntas no shopping, no clube ou em uma balada, precisavam estar conectadas a todo o instante. Quando Marina morreu, foi a loirinha que deu força para Hellen e ficou o tempo todo do lado dela segurando sua mão, enquanto Rogério Reis estava ocupado demais sendo consolado pela amante.

Paula também foi a única que acreditou quando a morena contou que viu o pai e Alicia se beijando em pleno velório de sua mãe, e quem a amparou na hora do enterro e durante as primeiras semanas que se passaram.

Hellen tinha uma verdadeira amiga ao seu lado. E não soube dar valor a essa preciosa amizade. Só abriu os olhos quando tinha perdido tudo.

Daniel não valia nada disso. Ela nem nutria sentimentos por ele. Só saiam juntos porque gostavam de aventuras e de chutar o mundo de vez em quando. Na hora que tudo veio à tona, o loiro não evitou em jogar toda a culpa nela, a ofender e humilhar como se fosse uma vadia.

Se pudesse voltar no tempo, concertaria todos os erros que cometeu...

Se pudesse voltar no tempo, não teria chamado sua mãe para uma tarde de compras...

Quem sabe assim, ela ainda estaria viva ao seu lado, dando-lhe conselhos sobre a vida.

Mirando-se no espelho, tentou mandar para longe os pensamentos ruins.

Depois de várias desculpas, tinha aceitado jantar com Victor e não poderia demonstrar tanta tristeza no primeiro encontro. Deveria estar pulando de alegria, porque sairia com o jogador de futebol mais popular da atualidade, porém, sentia-se como arrastada até uma forca ou cova de leões.

Deixou o quarto para aguardar o rapaz na grande varanda da mansão. Victor já deveria estar chegando, era sempre pontual. Ele mesmo ligou para Rogério e pediu permissão para levá-la para sair, dizendo que tomaria o maior cuidado com a garota e que voltaria na hora marcada.

Fora da casa, deu de cara com Renato, arrumado como se fosse acompanhá-la.

— Esqueceu que demos essa noite de folga para você? — perguntou naturalmente.

— Não esqueci, senhorita. É que também vou sair. Quero tentar falar com Laura. Vou até a casa dela.

— Olha, se você quiser, posso tentar explicar novamente o que aconteceu... — falou, em um tom sincero. Hellen estava arrependida de ter prejudicado o relacionamento do rapaz.

— Não precisa. Conheço Laura o bastante para saber que se for até lá, ficará com mais raiva da gente. Vou tentar de outras formas, mesmo assim, obrigado.

— Se houver algo que possa fazer, não hesite em me dizer — disse, sincera.

— Na verdade há. — Estava tímido para pedir, mas tirou coragem de onde não tinha. — Ela torce pelo time em que Victor joga. Se a senhorita conseguisse um autografo dele dedicado a Laura, tenho certeza que vou quebrantar o coração dela.

Meu Guarda-Costas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora