Ato 0

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O começo do fim

Metropolis, Smallville e Gotham já estavam destruídas. Eles não poderiam deixar que isso acontecesse com sua casa, Central City.

Não era isso, contudo, que eles queriam. Não queriam estar no meio dessa guerra, e muito menos a terem provocado. Eram apenas jovens de no começo dos 20 anos. Queriam se preocupar com a ressaca do dia seguinte, e não com um possível fim do mundo.

Contudo, lá estavam eles, no meio da grande batalha contra diversos exércitos que foram hipnotizados pelo vilão Despero. Não podiam escapar; eram os filhos das lendas, eram o legado. Tinham que terminar o serviço de seus pais. Mas, afinal, onde estava a clássica Liga da Justiça? Mortos, a grande maioria. E, sem eles, o destino e o futuro do mundo estavam nas mãos de seus herdeiros.

Na mão de jovens que mal sabiam o que estavam fazendo.

— Onde está Connor? — gritou Poppy Kyle Wayne, filha de Bruce Wayne e Selina Kyle. — Onde está meu irmão? — gritou novamente.

No meio de todo o caos, Arthur Curry II e Aira Lance Allen, ainda ofegantes, olhavam um para o outro, o medo de falar onde o gêmeo Wayne estava visível em seus olhos.

— Eu... foi tão rápido... não... e Poppy... não tive... — gaguejando e soluçando, a sempre feliz Zinda Farris Jordan tentava explicar. A garota de cabelos meio avermelhados tinha os olhos cheios de água, o uniforme preto rasgado em diversos lugares e algumas manchas de sangue na roupa.

Suas mãos tremiam quando ela saiu de trás de um táxi capotado, se posicionando à direita de Poppy. Com passos tortos e lentos, a jovem Wayne desviou-se da mão de Arthur, que tentava a impedir, e foi até o lugar de onde Zinda tinha saído.

No momento em que contornou o veículo, suas pernas amoleceram, fazendo com que nem Aira fosse capaz de segurá-la.

Poppy sentiu os joelhos baterem no chão, ao lado do corpo inconsciente de seu irmão. Os dois eram gêmeos idênticos: ambos tinham cabelos pretos, pele clara e olhos, se estivessem abertos, azuis. Ela sabia que eram muito bonitos, mas, naquele momento, Connor estava incrivelmente sereno, e uma beleza jamais vista pairava sobre ele.

Poppy sentia seus olhos arderem, porém não conseguia sentir as lágrimas caindo. Talvez não houvesse mais nenhuma para ser chorada. No fundo, ela não se importava, só queria ficar ali com o irmão.

No instante seguinte, no entanto, ela sentiu um impacto e vento. Ele havia chegado, havia pousado. A raiva dentro dela a consumia, contudo só explodiu quando ouviu-o perguntar:

— O que houve?

Como que em instinto, Poppy pegou um dos boomerangs do cinto de Connor e o lançou em Danton Prince Kent. Aquilo não o machucou, sequer fizera um arranhão, mas ele entendeu o que o gesto queria dizer.

— Pípi — chamou, quase como um sussurro.

— NÃO! — Poppy berrou e saltou em cima dele rosnando, fazendo ambos caírem com o choque. — Só ele pode me chamar assim!

— Poppy! — exclamou Arthur, que, com ajuda de Zinda, tirou a menina de cima de Danton.

— Eu vou levá-lo para torre, precisamos dar um jeito de acordar todos do transe — começou Zinda, e, antes que Poppy pudesse a interromper, ela continuou. — Temos que fazer isso por ele, se não tudo... foi em vão.

Arthur soltou o pulso da melhor amiga quando percebeu que ela havia se acalmado. Mas, aparentemente, havia sido à toa, já que Danton voltará a falar.

— Eu sinto muito, amava ele como...

— Cala a boca, você não ama ninguém além de si mesmo — afirmou sem gritar, para a surpresa de todos. — Você pode ser filho da mulher-maravilha e do superman, pode ser nosso líder, o mais poderoso, mas você não tem o dom de amar. Eu sei bem disso. - Poppy então se agachou e deu um beijo na bochecha ainda quente do irmão. Pegou seu cinto e o vestiu. — Coloquem ele no meu quarto — pediu sem olhar para ninguém.

Antes que alguém falasse alguma coisa, a menina atirou no prédio mais próximo e o escalou como já tinha visto o pai fazer inúmeras vezes.

— Melhor continuarmos — falou Danton ainda olhando para onde Poppy tinha sumido. — Zinda, você leva o...

O líder, entretanto, foi interrompido por um clarão vindo do céu. O chão tremeu, e logo depois o céu voltou a escurecer, fazendo os garotos arregalarem os olhos.

Tanto eles quanto Poppy, no alto do prédio, sabiam o que vinha a seguir.




Notas finais

HerançaOnde histórias criam vida. Descubra agora