Pink Floyd

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Por Ana

Tinha sido uma noite calma, sem pesadelos ou o remorso que antes tirava meu sono. Quando abri meus olhos pela manhã percebi que ainda estava na sala, e então lembrei da noite passada e em como eu comecei a ficar com sono quase no final do filme, lembrei como me aproximei do Thiago e ele envolveu seu braço envolta de mim, me trazendo para o lugar onde estou agora.

Levantei a cabeça antes apoiada no seu peito assim deixando de ouvir a batida compassada do seu coração, e então ergui meu olhar para um Thiago ainda dormindo, tranquilo e com sua mente livre de problemas. Vê-lo assim me trazia uma sensação boa, que por um momento ele estava bem e isso era tudo o que eu desejava para ele. Sua presença acalmava minhas tempestades, e quando as dele se formavam eu tentava retribuir sua ajuda de alguma forma. Mas chegou um momento em que eu percebi que não se tratava apenas de uma troca de favores. Eu sabia que não importava o que acontecesse, mesmo se minhas tempestades estivessem fortes, eu tentaria ajuda-lo, porque vê-lo bem me fazia bem.

Minha mão trilhou um caminho até o seu rosto deixando um leve afago. Era um gesto simples, mas cheio de significado, não parecia algo estranho. O carinho que tínhamos um pelo outro era algo genuíno e puro, o afeto e os toques eram testemunhas da cumplicidade formada entre nós dois. Mesmo o toque em seu rosto sendo tão leve, foi o suficiente para o Thiago abrir os olhos acordando, não demorou muitos segundos para o seu olhar encontrar o meu. Ali eu conseguia enxergar todo o carinho ao qual me referi, em seus lábios um pequeno sorriso se formou, me fazendo admirar mais ainda o seu rosto recém acordado e aquele sorriso que a cada dia me trazia novas sensações.

Laura: Bom dia!

Nossa pequena bolha de sentimentos foi estourada de repente e olhamos ao mesmo tempo para a figura da Laura parada na porta da sala. Ela nos olhava com diversão, e tentava esconder um sorriso, mas falhou um pouco nessa missão.

Laura: Essa é a terceira vez que eu venho acordar vocês para o café da manhã – ela entrou na sala enquanto o Thiago e eu nos afastávamos e sentávamos no tapete – Mas vocês estavam dormindo tão bonitinhos que resolvi não incomodar – sua voz soava calma, mas percebi ela trocar um olhar com o Thiago que eu não entendi.

Thiago: Mãe... – ele falou com a voz ainda rouca e um pouco arrastada fazendo a Laura rir.

Laura: Tudo bem, vamos tomar o café da manhã.

Ela falou rindo e então saindo da sala. O Thiago olhou para mim, deu de ombros, e então levantou me estendendo a mão para me ajudar também. Tomamos o café da manhã sob o olhar da Laura e seu sorrisinho, e às vezes o Thiago tentava disfarçar mudando de assunto, mas apesar disso ele também ria, assim como eu. A manhã seguiu calma, e os nossos problemas que roubavam o sono na noite passada não passam de meras lembranças, mas lá no fundo sabíamos que eles retornariam para nos atormentar.

Com o passar dos meses eu me sentia cada vez mais parta da família. Eu ainda buscava encontrar respostas, o vazio no passado ainda me incomodava, mas as lembranças do que eu estava vivendo agora me acalmavam quando necessário.

Era início da tarde e eu estava na sala lendo um livro para passar o tempo. Eu sentia tanta falta de tocar, então sempre buscava algo para manter minha mente distraída. Escutei a campainha tocar e levantei indo abrir a porta. Um garoto de cabelo preto bagunçado e sorriso galante aguardava prestes a tocar a campainha novamente.

xXx: O Thiago tá por aí?

Ele me olhava aguardando uma resposta, mas antes que eu pudesse dizer algo o Thiago apareceu na porta atrás de mim.

Thiago: Jorge? O que tá fazendo aqui? – o garoto, no caso o Jorge, abriu um sorriso maior ao ver o Thiago e entrou na casa passando por nós dois.

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