We Are Young

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Por Ana

As luzes coloridas cegaram meus olhos assim que entramos na sala, ou melhor, no lugar onde deveria ser a sala. O Thiago me guiava entre o amontanhado de pessoas mantendo nossas mãos ainda entrelaçadas.

"Não será uma festa grande". As palavras do Jorge reverberam em minha mente em meio a música eletrônica alta que tocava. Quando saímos do estacionamento da Universidade a maioria, ou quase todos, estavam empolgados com a festa. Pensei que só seria aquele grupo de no máximo vinte pessoas, mas quando chegamos na grande casa percebemos que a festa já acontecia e estava lotada. De onde tinha saído tanta gente? Eu não sei.

Do início da rua já dava para escutar a música alta que só piorou quando entramos na sala da casa que tinha sido transformada em uma grande pista de dança.

Em um dos cantos, onde as pessoas estavam mais amontanhados, estava um DJ cuidando das músicas e a sua função era não deixar ninguém parado. Um pouco mais afastado da mesa de música tinha uma grande escada que levava ao primeiro andar, mas foram os casais ali se beijando e namorando que fizeram minhas bochechas ficarem vermelhas e ao ver que as coisas entre alguns deles tornavam-se cada vez mais quentes eu desviei meu olhar e me apressei a seguir o Thiago. Onde foi que eu vim parar?

Atravessamos o mar de gente chegando até as grandes portas de vidro abertas para uma área externa. Lá fora, em volta da piscina, algumas mesas estavam postas de forma que a visão da pista de dança improvisada ficasse clara para todos. Envolta das mesas alguns grupos de amigos se aglomeravam sendo conversando ou virando shots de bebida. Algumas pessoas chegaram a cumprimentar o Thiago enquanto passávamos em busca de uma mesa vazia, e quando a encontramos foi que finalmente soltamos nossas mãos ao puxar uma cadeira para nos sentarmos.

O Thiago pareceu analisar o ambiente envolta, olhando para aqueles que estavam por perto e acenando para outros. Olhando para ele me perguntei como seria o seu dia a dia, como seria a parte da vida do Thiago que eu não conhecia? Ali eu podia ver uma pessoa querida por todos, mas que poucos o conheciam de verdade. Ao cumprimentar as pessoas ele punha um sorriso educado no rosto, escondendo uma parte dele, a parte machucada e que lutava todos os dias, e em vez disso ele mostrava apenas o seu lado gentil disposto a ajudar quem precisasse.

Thiago: Tudo bem? – ele perguntou ao notar meu olhar sobre ele.

Ana: Sim, só estava pensando – falei um pouco mais alto fazendo minha voz se sobrepor a música que ainda dava para ser ouvida.

Thiago: Posso saber em que? – ele pôs um sorriso no rosto, dessa vez verdadeiro, sem filtros.

Ana: Talvez... – acompanhei o seu sorriso deixando de me importar com o lugar envolta – Pode me responder uma pergunta? E não vale dizer que essa já foi a pergunta.

Thiago: Sabe que eu te responderia tudo Ana.

Sim, eu sabia. Já faz um bom tempo que ficou claro o quanto somos transparentes um com o outro, ou como não são necessário filtros quando estamos juntos. Olhei para ele vendo o carinho em seus olhos e a expectativa pela minha pergunta.

Ana: Thiago Kunst frequenta festas universitárias com frequências? – perguntei arqueando as sobrancelhas e com um sorriso brincalhão no rosto e ele soltou uma risada divertida.

Thiago: Às vezes – ele respondeu com o mesmo tom de diversão.

Ana: Olha só, quem diria em? Thiago Kunst em baladas. Mas me diz uma coisa, porque não queria vir? Ou ir a feira? Vejo que você não tá totalmente perdido no meio disso, não é um ambiente estranho para você.

Thiago: Não era só uma pergunta? – revirei os olhos enquanto ele ria do meu gesto – Não era algo que eu fazia com frequência, mas sempre tentava passar pelo menos um tempinho nas festas da escola. Mas depois... – seu olhar ganhou um tom opaco e não foi preciso dizer mais nada para que eu entendesse.

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