Pai e filho

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Por Ana

A dor de cabeça começou antes mesmo que um fio de consciência tomasse conta da minha mente. Aquela dorzinha irritante só piorou quando abri os olhos e a luz do sol que entrava pela janela quase me cegou com tanta claridade. Fechei meus olhos novamente afundando meu corpo na cama, a maciez do colchão abaixo de mim me convidava a passar o resto do dia ali e eu não estava com coragem para contestar esse convite.

Puxei o edredom sobre a cabeça formando um pequeno casulo do qual eu não queria sair. Tudo o que meu corpo queria era ficar ali e esperar que a sensação de cansaço fosse embora junto com a dor de cabeça. O que tinha naquela bebida azul? Ao lembrar dos flashes da noite passada soube que já era tarde demais pra fazer essa pergunta.

A imagem da Caroline convidando o Thiago para dançar me veio a mente, lembro da pontinha de raiva que percorreu o meu corpo e que se intensificou quando a vi prestes a beijar o Thiago. Senti minhas bochechas esquentarem ao lembrar de ter gritado com ele.

O que você tem na cabeça Ana? Nunca mais bebo algo fluorescente ou chamativo demais, ou melhor, nunca mais bebo nada que a Mirella oferecer. Depois de um bom tempo na cama obriguei meu corpo a levantar e traçar um caminho até o banheiro entre tropeços. No espelho a imagem refletida de uma garota acabada, com olheiras abaixo dos olhos e um rosto inchado não conseguia representar tudo o que eu estava sentindo no momento.

Entrei embaixo do chuveiro esperando que a água levasse um pouco do cansaço, mas minha musculatura ainda protestava a querer trabalhar. Os flashes da noite passada ainda passeavam pela minha mente, até que lembrei de uma frase: "Você é, e sempre será única para mim". Sua voz dizendo isso ainda estava fresca em minha mente e senti um sorriso moldar os meus lábios, mas não demorou muito para ele sumir, foi só lembrar da volta para casa e a cena na sala. Por que eu tinha vomitar logo naquele momento? E no Thiago?

Ana: Parabéns Ana, você acabou com a sua imagem – sussurrei para mim enquanto desligava o chuveiro – Se é que tinha uma.

Quando finalmente sai do quarto e cheguei a sala encontrei a Laura e o Thiago conversando, parecia ser algo sério e jurei ter escutado o nome da Alana. Ao entrar no cômodo os dois olharam para mim, o depois de uma breve analise um sorrisinho divertido tomou conta do rosto do Thiago.

Thiago: Bom dia flor de dia! – ele falou um pouco mais alto fazendo minha cabeça latejar – Ou melhor, boa tarde!

Ana: Não grita – resmunguei antes de sentar ao seu lado no sofá.

Thiago: Acordou de mau humor? Ou é só a ressaca?

Ana: Eu nunca mais aceito bebida da Mirella – afundei no sofá.

Laura: Espero que tenham aproveitado bem a noite, já que me fizeram passar horas preocupada.

Ana: Eu sinto muito Laura, não queríamos ter te deixado preocupada.

Thiago: Eu já expliquei para ela o que aconteceu – a Laura olhou para mim com um sorriso educado.

Ana: Explicou tudo? Tipo, tudo mesmo? – olhei para o Thiago franzindo a sobrancelha.

Thiago: Poupei algumas partes – a Laura nos olhou interessada na história.

Laura: Nem imagino o que foi que vocês aprontaram.

Thiago: Eu não fiz nada – ele ergueu as mãos.

Ana: É sério?

Thiago: E ainda gritaram comigo, acredita mãe? – os dois tinham o sorriso brincalhão no rosto.

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