Estrela guia

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Peter chegou rápido em casa, e sem dar oportunidade para se afogar na ansiedade que o convidava ao naufrágio, destrancou a porta mesmo instante. Mesmo sendo horário comercial, encontrou tia May sentada na cozinha, com os cotovelos apoiado na mesa e as mãos na testa, em frente a uma vela. Sabia que estava concentrada rezando por si.

— Tia May, eu tô de volta.

Sua voz atraiu a mulher que levantou o rosto com uma expressão completamente surpresa ao flagrar sua figura. Sem dizer uma única palavra, May se levantou rápido, e Peter teve que ser veloz para segurá-la da queda de pressão.

Enfim recebeu aquele olhar que teve mais peso do que imaginou que teria: os olhos marejados que o olhavam incertos, que denunciavam o medo... o medo daquele momento não ser real.

May ergueu a mão até o maxilar do sobrinho. Haviam se passado quatorze torturantes dias, tão longos quanto nunca, mas aquilo era o suficiente para o seu sobrinho parecer… tão diferente? Aquele era o mesmo rapaz que havia saído de casa com uma expressão ingênua, levando um bolo de carne aos amigos no hospital? O seu maxilar estava mais marcado, tinha uma barba desconhecida pelo rosto, olhos maduros e novas marcas de expressão. Estava mais alto? Musculoso? Duas semanas eram suficientes para alguém amadurecer tanto?

May sabia, sabia que não era apenas a aparência. Tinha algo naqueles olhos acastanhados que dizia maturidade. Peter havia crescido nesses últimos dias, longe de si. E apesar da preocupação destruir o seu peito, sabia que estava tudo bem agora, não só por ele estar seguro, são e salvo na sua frente, mas também pela intuição que lhe dizia que seu sobrinho havia se encontrado interiormente.

— Tia May, eu te devo explicações. Muitas explicações. — May arrepiou pela emoção, algumas lágrimas deixaram seus olhos. A voz de Peter estava mais grossa… aquele não era mais o seu menino.

Sorriu ao sentir o toque gentil do homem sobre sua bochecha, limpando suas lágrimas.

— Você tem todo o meu tempo, querido. — tia May sorriu carinhosa e foi guiada para voltar a se sentar. Peter a acompanhou e segurou a mão da mais velha em cima da mesa, parte por tentativa de reconforto, parte por receio de protegê-la.

— Vamos devagar pra você não se assustar, tá bom? Eu tô aqui pra você, pra te ajudar a lidar com isso.

Apesar do carinho, May não gostou da ideia:

— Ai Peter, você tá me deixando ansiosa demais! Abre o jogo de uma vez que é melhor! Já esperei por duas semanas, quer me fazer esperar mais?

— Na verdade você esperou muito mais. Pra ser exato, uns… quatro anos?

May arregalou os olhos, em silêncio, provavelmente interligando os fatos. Finalmente o sobrinho lhe contaria a verdade sobre o que acontecia com sua vida: do porquê de tantos machucados, sumiços, irresponsabilidade, e tantas, tantas fugas noturnas.

— Tia May, eu… — respirou fundo. A coragem estava ali, mas algo o impedia de dizer aquilo fácil, afinal, esteve por quatro longos anos fazendo o melhor para não dizer aquilo para ela. 

Olhou pro rosto da tia, que, apesar dos olhos desesperados, a boca seca, o rosto pálido e as mãos trêmulas como sinais da ansiedade, se forçava a ser paciente quanto ao seu tempo.

Peter se sentiu culpado, mas a aranha lhe disse para ser rápido:

— Eu sou o Homem Aranha. — obedeceu o sentido. — Fui picado por uma aranha radioativa quando eu tinha quase dezoito anos, na Oscorp. A compatibilidade do meu DNA com a dela permitiu a transmissão das habilidades, visto que o meu pai foi o responsável pelo projeto.

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2020 ⏰

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