Resolvi publicar um cap desta fic já que quatro da outra que estou escrevendo (O que nasce do ódio?) estão prontos, porém sem artes para acompanhar (ainda preciso fazê-las).
Então, aqui está um cap novinho da minha fic 'Oi, quer teclar?'.
Quem se interessar pode acompanhar as duas sem receio! Estou escrevendo todo dia e procuro postar com uma certa regularidade...
Um beijo e boa leitura!
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A segunda-feira chegou e Zulema acordou depois do meio dia já que estava de férias. Suas aulas só retornariam no final de janeiro e ela teria tempo suficiente para se acostumar com a nova rotina. Estudaria pela manhã e à tarde ficaria na lan-house como atendente. Era exatamente esse o tipo de trabalho que ela mais queria já que, no momento em que não precisasse receber nenhum cliente, provavelmente poderia ficar em algum computador disponível navegando pela Internet.
A garota só tinha acesso à conexão em sua casa em dias de semana depois da meia noite, nos sábados a partir das 14h e domingos o dia todo até às 6h da segunda. Tal coisa ocorria porque se tratava de uma conexão discada ou dial-up. Assim, a rede telefônica ficava ocupada para receber ou realizar ligações por ser ela a responsável em transmitir o sinal, já que precisava estar conectada a um modem. Como cada minuto em que estivesse online seria cobrado pelo provedor do serviço isso podia deixar a conta de telefone muito mais alta do que poderia pagar, por isso ela recorria aos dias e horários específicos para pagar um pulso único pela conexão torcendo sempre para que a mesma não caísse, já que se isso acontecesse era preciso aguardar para se reconectar...
Quando a conexão caía Zulema ficava extremamente irritada, outra coisa que também a irritava eram os momentos em que sua mãe a fazia se desconectar para usar o telefone. Saray sempre pedia uma ou duas vezes para que Zahir saísse da Internet, e sua filha raramente a ouvia, o que fazia a cigana tirar o telefone do gancho e a conexão se perdia. As duas não discutiam por coisa nenhuma, exceto isso.
Como naquele horário ela não poderia usar a Internet, estava ansiosa para que o tempo passasse depressa e assim fosse logo à lan-house. Então, a garota assim que acorda começa a se arrumar vestindo uma regata preta com uma serigrafia de 'Red Hot Chili Peppers', uma bermuda jeans e seu calçado favorito... Um coturno preto com cadarços vermelhos. Ao sair de casa nunca ia sem suas pulseiras de borracha e munhequeiras, no pescoço uma choker preta que dividia o espaço com um colar prateado.
Ela estava pronta, levava consigo um sanduíche de presunto que preparara para comer no caminho e em seu bolso da bermuda a carteira, o celular novo que ganhara e seu discman. Naquele horário Saray já não estava por lá, sua mãe trabalhava na oficina das 7h às 17h, e às vezes chegava tarde em casa resolvendo outras coisas. Com a chave de casa em mãos Zahir tranca a porta e segue para a parada de ônibus mais próxima para não se atrasar em seu primeiro dia de trabalho.
Ao chegar no local quem a recebe é a filha do patrão, a mulher se chamava Leya e aparentava ter uns vinte anos, mas tinha trinta. Ela segurava seu filho no colo enquanto apresentava o espaço mais do que conhecido pela garota que já o frequentava a um tempo só que como cliente. Depois de lhe dar as boas vindas e colocar para fora da porta uma placa escrito 'Aberto', a mulher sobe as escadas para o primeiro andar que era, na verdade, onde morava com seu pai (o patrão de Zulema), marido e filhos.
Ao se sentar na cadeira que passaria o restante do dia já que o movimento no mês de janeiro era bem menor, Zahir começa a procurar pela sua sala de bate-papo favorita do mIRC, a 'loucosporsupernintendo'. Ela entrara com o nickname que sempre usava 'ElfodoInfern0' e as horas passaram voando entretida com as conversas que tinha com aquele bando de desconhecidos que só falavam de jogos. Mas então bateu um horário que não tinha mais ninguém logado ali e por ter ficado entediada ela procurou por uma sala que tinham algumas pessoas. O canal se chamava 'QueroPaquerar'.
'Nome mais brega, impossível.' - a menina pensa enquanto clica para acessar o espaço. 'Veremos se encontro um nick interessante por aqui...'
Eis que CoelhinhaLoira123 surge em sua tela a chamando para um chat privado dizendo:
- Oi, quer teclar? Gostei do seu nick ElfodoInfern0. - e com isso Zulema automaticamente pensa 'Não posso dizer o mesmo do seu...', mas responde: - Oi, o que está vestindo?
Ela começa a se irritar com a demora da outra em digitar, mas espera.
- Me chamo Macarena e não estou aqui à procura de um sexo virtual como deve estar pensando já que foi logo me fazendo esse tipo de pergunta. Quero conhecer um cara bacana para conversar. Qual o seu nome, rapaz?
Olhando perplexa para a tela do computador Zulema agora quase cai da cadeira. 'Joder... essa garota tá achando que sou um rapaz?', mesmo assim ela resolve seguir o fluxo da conversa:
- Meu nome é Luís. Mas... O que você tá procurando exatamente por aqui então?
- Ainda não sei, mas sei o que não estou procurando.
- Ok. Podemos continuar nosso papo se me disser o que está vestindo e tudo certo.
- Você é insistente, não?
- Hum... Às vezes...
E as duas continuam trocando mensagens. Maca responde que veste uma camiseta branca e um short, e que está de férias da faculdade de filosofia procurando se distrair online. O que faz a morena dizer em um tom de brincadeira:
- Se estivéssemos cara a cara talvez sua camiseta já teria ido parar no chão, rsrsrs...
Macarena, por sua vez de frente para o computador, ri ao lado de Cachinhos, sua amiga que havia sugerido que ela procurasse alguém online para paquerar, pessoa que também tinha tido a ideia para o seu nick, e que pediu que elas fizessem isso hoje em uma tentativa não fracassada de animá-la. As duas dividem um balde de pipoca e bebem guaraná esperando pelo horário em que um filme que queriam assistir passaria na sessão da tarde. Rizos provoca para que a amiga entre na onda do tal garoto que está do outro lado da tela, e Maca se solta um pouco mais no chat:
- Tá. E o que faria depois...?
Zulema fica nervosa com o rumo que a conversa estava tomando, até porque não esperava tal resposta de alguém que disse não estar procurando por sexo virtual e, de certa forma, ainda lhe restava alguma consciência referente aonde se encontrava agora. Afinal, acessava o mIRC através do computador da lan-house que se tornara a partir daquele dia seu ambiente de trabalho. Então, para sair pela tangente de maneira que pudesse dar continuidade à esse papo em outro momento, a ElfodoInfern0 tecla:
- Você pode descobrir... Talvez quando souber o que de fato está procurando por aqui. Agora preciso sair. Nos falamos nesse mesmo canal em outro dia, certo?
Macarena, depois de ler a mensagem, se vira para Rizos com uma cara de 'O que que eu faço?', o que leva a outra a esboçar um sorriso sem mostrar os dentes e colocar seu corpo na frente do da loira para digitar:
- Com certeza. Até outro dia!
Nesse momento as amigas riem do ocorrido, mas Maca no fundo está curiosa para entender como funciona essa coisa toda de ficar online conversando com gente que ela poderia, quem sabe, vir a encontrar pessoalmente. Sem dúvidas ela não tinha muita desenvoltura para paquerar frente a frente e poderia usar a Internet à seu favor para que conseguisse conhecer alguém talvez ali através de um chat.
Zahir, por sua vez após deslogar, fica estática por um tempo e depois passa a mexer descontroladamente em sua gargantilha, esse era um de seus mecanismos de defesa com situações que não sabia lidar muito bem... E essa definitivamente era uma inusitada, pois estava se passando por um homem devido ao mal entendido que a própria Macarena colocou de saída na conversa. 'Porra! Por que eu não disse que era uma garota!?'. Eis que até o final do seu expediente a frase "Quero conhecer um cara bacana para conversar." fica grudada em sua mente.
A garota se despede agora do patrão que havia chegado no local e estava à espera do funcionário que pegaria o turno da noite e no caminho de volta para casa, que Zahir resolveu fazer a pé, ela escuta uma música em seu discman:
{{{ Shes a dove, shes a fuckin nightmare
Unpredictable, its my mistake to stay here
On the go and its way too late to play
I need a girl that I can train }}} /// Dumpweed ~ Blink-182.
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Oi, quer teclar?
أدب الهواةFanfic Zurena. Universo alternativo. Maca e Zahir sobrevivem ao suposto fim do mundo que seria na virada de 1999 para 2000. Ambas moram em Recife, a primeira cursa filosofia, a segunda é uma repetente de dezoito anos que ainda está na segunda série...