Obliviate

587 73 9
                                    



2 meses depois – Junho de 1980

Draco Lucius Malfoy era a criança mais bonita que Lucius já havia visto. Aquilo podia soar extremamente narcisista, levanto em conta que o menino era a cópia fiel dele mesmo, mas o loiro não se importava de como soaria ao falar sobre o pequeno bebê que tinha em seus braços. Draco era perfeito.

- Lucius... – Narcisa chamou sua atenção, ainda que se recusasse a acabar com roda aquela aura de felicidade que envolvia seu marido. – Sei que está encantado, mas Draco precisa comer. – esticou os braços e teve o pequeno ser depositado em seu colo para que pudesse amamentá-lo.

O silêncio se fez presente, enquanto a mente de Lucius trabalhava em mil e um pontos sobre o futuro do filho que acabara de nascer. Ele poderia ser como ele? Ele teria uma herança Veela mais fraca ou não teria esse tormento? Ou ele passaria pela maturidade de um parte Veela?

Aquelas indagações enlouqueciam Lucius lentamente, ainda mais se o caminho do filho em relação á sentimentos fosse tão tortuoso quanto o seu.

- O que tanto atormenta seus pensamentos, Lucius? – a voz da esposa mais uma vez o despertou de seus pensamentos. – Se é sobre meu primo...

O loiro empalideceu. Era um acordo mudo não falar sobre Sirius, ainda mais naquele momento que o fazia lembrar da criança que perdeu meses antes.

- Seu primo não está em meus pensamentos, Narcisa. O único em meu pensamento é Draco e o quanto eu não quero que ele se torne um tolo como eu me tornei. – apesar de abalado, Lucius ergueu o queixo, mostrando altivez. – Draco terá tudo o que quiser e precisar, mas saberá desde cedo que nunca deve confiar no amor. Se ele quiser nosso respeito, ele poderá se esforçar para conquistar, mas o amor... Isso ele deve pensar que não existe, que nada mais é que uma fraqueza.

Narcisa arregalou os olhos, perplexa com as palavras que não pensara que ouviria depois de ver Lucius tão adorável com a criança no colo.

- Você está me dizendo que não vai amar nosso filho?

- Eu o amo, eu sempre vou amá-lo, mas ele não precisa saber disso. Ele precisa entender desde cedo quais são as coisas que o farão sofrer... E o amor fará. – Lucius se inclinou e tocou as pequenas mãos de Draco com cuidado. – E a última coisa que quero é que meu filho sofra.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

- Me solta! Eu não acredito que você é tão cara de pau de vir atrás de mim depois daquela ceninha ridícula. Eu mandei me soltar! – Remus não estava contendo sua voz e sabia o quão perigoso aquilo poderia ser, já que estavam em um dos quartos disponíveis na mansão dos Avery e qualquer um poderia ouvir seus gritos. Mas não conseguia raciocinar direito, não depois do que tinha visto.

- Você precisa parar de agir como uma esposa traída e me escutar. Quer acordar a mansão inteira? – Snape sabia que não deveria dizer qualquer coisa naquele momento de estresse, mas também não estava em seu melhor humor para uma discussão daquele tamanho. – Vai me acusar de novo? Dizer que eu sou um duas caras e depois se arrepender e tentar se desculpar com sexo?

Não podia negar que não esperava pelo soco que veio logo em seguida, assim como também ficou surpreso pela expressão furiosa e magoada de Remus, deferente das lágrimas que esperava encontrar nos olhos do lobisomem.

- Eu não sou uma esposa traída e nunca serei, ao contrário de você, que é um duas caras filho da puta. – Lupin arrebentou a corrente que usava, jogando aquele pequeno símbolo do relacionamento deles sobre Severus, que engoliu seco. – E não se preocupe, porque dessa vez não vai ter desculpas. E se quiser sexo, vai atrás do seu amante... Karkaroff deve estar até te esperando na sua cama.

Severus bagunçou os cabelos, vendo Remus andar até a porta lateral que o levaria até a sacada do quarto. Não o seguiria, já que aquilo tudo tinha sido um plano dele mesmo para proteger o namorado.

A verdade é que Severus estava sendo vigiado de perto depois da história da poção Mata-Cão e sua lealdade era julgada a cada reunião, então não sabia quanto tempo ainda sobreviveria em meio aquilo tudo. Sabia que Remus era grifinório demais para apenas aceitar que deveriam se separar para a proteção dos dois, então teve a ideia de usar os ciúmes do lobisomem para que ele mesmo terminasse tudo.

Doía, é claro que doía, mas a partir daquela noite ninguém usaria o que sentia contra si ou contra a pessoa que amava.

Mesmo querendo ir até a varanda e dizer que tudo tinha sido uma farsa e que o beijo em Karkaroff não havia significado nada, Severus apenas virou as costas e saiu dali.

A parte mais difícil ainda estava por vir.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

- Eu vou te perguntar uma última vez: Tem certeza disso? – Lucius tinha visto o amigo chorar poucas vezes, e nenhuma como aquela, mas ele parecia resoluto quanto suas decisões. – Lembre-se que deve se focar somente nas lembranças que quer apagar, eu vou te guiar, mas você deve se manter focado, ou posso te mandar direto pro St. Mungus.

Severus concordou e fechou os olhos para se concentrar.

- Não vou mentir... Tenho inveja de você. Se eu pudesse, faria o mesmo que você, mas minha parte Veela provavelmente me mataria no processo. – o loiro suspirou, tirando um riso sem humor do amigo.

- Eu queria poder continuar com todas as lembranças. Queria poder guardar cada momento em minha memória para a eternidade, mas a segurança dele é mais importante do que um desejo egoísta.

Lucius estava ainda mais certo de manter Draco longe daquela loucura toda. O amor era uma droga.

- Eu vou começar...

- Espera. – Severus levou a mão até o pescoço, retirando de lá uma corrente com duas alianças sendo usadas como pingentes. - Quero que jogue fora. Que enterre, que jogue em um rio, que perca em uma floresta, não importa... Só suma com isso, como estou sumindo com todo o resto.

Lucius concordou, mas sabia que não teria coragem de fazer. Quem sabe depois de esquecer, o próprio Snape não cuidasse de sumir com aquele símbolo do amor dele por Remus.

- Agora estou pronto. – Snape fechou os olhos e, bem treinado na arte da Oclumência, separou todas as lembranças que tinha com Remus, desde aquele fatídico primeiro beijo.

Esqueceria tudo. Esqueceria para proteger os dois da fúria de Voldemort. Esqueceria para proteger Remus daquele amor devastador que tinha por ele.

- Obliviate.

Continua... 

O Tempo Pode Apagar?Onde histórias criam vida. Descubra agora