Nem tudo são flores, mas as flores destacam-se

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E eles tentaram. Tentaram construir uma família diferente das que eles tiveram. Estavam aprendendo com Draco e Harry na maior parte do tempo, para falar a verdade, já que os dois – junto á Mirela e Scorpius – eram o exemplo de família feliz. Mas ainda era complicado. Tão complicado que até mesmo o pedido de casamento fora deixado um pouco de lado.

Primeiro porque a privacidade era quase nula. A Mansão era grande, mas as crianças pareciam estar em todos os lugares possíveis e nos momentos mais inapropriados.

Segundo porque Lucius sentia uma necessidade avassaladora de recuperar o tempo perdido com o filho sendo um avô permissivo e extremamente presente. E Sirius não ficava nem um pouco atrás, tornando a vontade deles de construir a própria vida algo um pouco mais pra frente.

E em terceiro – e, diga-se de passagem, mais importante – os dois descobriam, a cada dia, o quão diferentes e conflitantes eram suas personalidades.

- Vocês parecem Harry e eu quando estávamos em Hogwarts. A diferença é que nós éramos adolescentes e podíamos culpar nossos hormônios. – Draco sentenciou, depois de ver o pai entrar no quarto de Scorpius com o rosto vermelho. – Você fez tudo para trazer Sirius de volta, sofreu por semanas achando que ele nunca mais ia querer nada com você e agora vocês são piores que gato e rato... O que aconteceu dessa vez?

A curiosidade falou mais alto quando Draco percebeu que Lucius estava mais irritado e descontrolado que o normal. O loiro era muito passional quando se tratava de Sirius, mas não ao ponto de tal desalinho. Normalmente quem esbravejava era o moreno, já que o outro apenas erguia o nariz fino e se mostrava o dono da razão.

- Ele vai embora... Ele vai sair daqui e vai embora, Draco. Ele vai me abandonar de novo. – as palavras não vieram com lágrimas, mas a tristeza na voz do pai fez Draco deixar Scorpius no berço por um instante e sentar ao lado do mais velho. – Ele vai sair, encontrar um bom emprego e uma mulher, eles vão se casar e ela vai dar pra ele todos os filhos que eu já não posso... É isso que vai acontecer.

Draco estava confuso com o que era realmente verdade e o que era apenas delírio da raiva de Lucius, mas logo Harry entrou no quarto carregando uma xícara de chá e tentando acalmar os ânimos. Ele e Lucius nunca se deram muito bem, mas Harry era bom em acalmar todos naquela casa, então Draco apenas deixou que ele fizesse sua mágica.

- Sirius conseguiu ser reconhecido como vivo no Ministério da Magia. Ele tem de volta a sua parte da herança Black, assim como a casa em Grimmauld Place. – ele entregou a xícara para Lucius, que aceitou apenas no automático, sem prestar atenção. – Ele e seu pai estavam conversando e Sirius disse que quer trabalhar, já que não aguenta mais ficar trancado em casa, então Lucius foi contra e os dois começaram a discutir. Sirius falou o que não devia, seu pai também... A mesma coisa de sempre. – Harry suspirou quando viu que o mais velho ali presente bebericava o chá de camomila. – Sirius está na biblioteca se martirizando por sempre te fazer mal e que não quer te perder por ser um completo babaca.

Lucius levantou os olhos e em seguida saiu do quarto, sem nem falar nada. Harry sabia que eles fariam as pazes.

- Eu queria entender do porquê você não usava esse seu lado comigo na escola. Nos pouparia de tantas brigas e poderia ter feito eu me apaixonar por você mais cedo. – Draco pegou Scorpius no colo novamente, passando para o colo do outro pai, que sorriu.

- Eu aprendi isso há pouco tempo. É uma técnica para evitar confrontos e negociar em ambientes com reféns. – Harry encolheu os ombros. – E eu já tentei usar com você, mas você é imune á qualquer coisa que nos impeça de brigar, então eu desisti. – a risada do moreno foi acompanhada por uma expressão desgostosa do loiro, mas também por um riso fofo do bebê que estava com eles.

O Tempo Pode Apagar?Onde histórias criam vida. Descubra agora