O Tempo Pode Apagar?

Não é ciúmes, mas ele é um idiota

Os dias se arrastavam enquanto Lucius se recuperava do resfriado forte e Sirius começava a ter uma melhora significativa em suas costelas quebradas. Não tinham falado do quase beijo ou do momento que Lucius só conseguia se lembrar como extremamente constrangedor, mas era muito visível que eles se tratavam de forma diferente depois daquilo. Sirius já não reclamava tanto e fazia chocolate quente para Lucius sempre que ele estava lendo um livro interessante. Já o loiro, não conseguia conter o sorriso fácil e o rosto vermelho sempre que o outro elogiava sua comida ou sua aparência.

E foi nesse passo que o mês de Dezembro chegou na sua metade. O Natal estava ás portas e eles estavam quase sem comida, já que Snape não aparecia há vários dias para levar suprimentos. As poções contra dor já haviam acabado, sem contar que a preocupação de Lucius com o amigo deixava Sirius ainda mais irritado, mesmo que dissesse que seu estado de nervos era pela falta de uma refeição decente.

- O que ele tá fazendo? Querendo matar a gente de fome? – Já era o terceiro dia que os dois iam pra cama com apenas uma refeição no estômago. – Se continuarmos assim por mais tempo...

- Ele deve estar com problemas. Essa é a única explicação. – Lucius parou a observação que fazia na janela e decidiu deitar também.

- E se ele morreu? Como a gente sai daqui sem varinha? – o olhar culpado do outro o fez respirar fundo para não explodir. – Não me diz que vocês não pensaram nessa possibilidade. Tem uma guerra rolando lá fora, Malfoy! Puta que pariu! O Ranhoso pode estar apodrecendo em algum canto e nós seremos os próximos.

Era verdade que não tinha pensado em como fariam para sair dali caso Severus não aparecesse mais, mas sabia que o amigo era mais inteligente e teria contado para alguém, ou criado um plano B. Pelo menos era aquilo que Lucius esperava.

- Ele virá amanhã. Eu sei que virá amanhã. – a convicção em sua voz não chegava perto da expressão de descrença de Sirius. Ignorou o olhar e se ajeitou para dormir, ouvindo o outro fazer o mesmo na cama de solteiro do outro lado do cômodo.

Lucius podia parecer insensível, mas aquele assunto também estava deixando-o aflito. Não apenas pelo fato de não terem o que comer, o que já era ruim o suficiente, mas também porque Severus poderia estar com problemas, ou até morto.

Não podia negar que o garoto ranzinza e magrelo tinha se tornado no seu melhor amigo. Um amigo de verdade no meio daquela corja de interesseiros, tanto social como financeiramente. Lucius só confiaria sua vida á Severus Snape, então se ele estivesse morto, não saberia o que fazer.

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Mas as previsões de Sirius se provaram contrárias na manhã seguinte, quando Severus irrompeu pela porta de entrada para desabar no assoalho encardido logo em seguida. O corpo parecia ter sido submetido á muitas maldições e até algum tipo de tortura física.

- Severus... Severus, me responde... – Lucius sacudiu o corpo do amigo, virando de costas para o chão e observando o estrago no rosto de Snape. Até Sirius, que observava tudo de sua cama, sentiu um frio na espinha ao ver o estado que o outro estava. – Me ajuda a colocar ele na cama? Acho que não tenho força. – o pedido suplicante balançou Sirius, mas ele o fez, observando que a bolsa na qual Severus sempre trazia comida estava jogada ao lado da porta.

- Pegue a comida, faça algo para ele comer quando acordar. Veja se tem poções lá dentro também.

- Ele não vai melhorar com poções. Ele deve ter recebido muitas maldições, o corpo dele está em choque. Nem ao menos sei se ele pode se recuperar. – a voz quebrada de Lucius e sua hesitação em sair de perto da cama deixaram Sirius desconfortável.