Amando Um Coração Ferido

Elena

Jantar na casa dos meus pais é difícil, mas ficou pior depois que meu ex noivo resolveu casar com a minha irmã.
Depois que eu os peguei em flagrante na casa da minha irmã enquanto ainda estávamos noivos.
Mas segundo minha mãe, detalhes não importam. O que importava é que minha irmã, sua garotinha, estava noiva de um excelente partido. Mesmo que para isso, tivesse que me tirar do caminho, o que pelo visto não foi difícil já que não precisou de muito para meu ex noivo ( na época noivo) aceitasse de bom grado os carinhos de Pamela.
Minha mãe e eu nunca nos damos bem. E isso sempre foi um probleminha pequeno até.
Aí, nasceu minha irmã. E virou um grande problema.
Para minha mãe, Pamela é perfeita. E na cabeça dela, fazia sentido o Adriano me largar e ficar com minha irmã. Como ela disse? Ah, sim. O Adriano merecia alguém que não fosse sem sal, como eu. É, minha mãe disse isso.
Esse jantar de hj é para planejar o jantar que antecede ao ensaio de casamento. O mesmo que eu fiz e nesse mesmo jantar, começou a traição dos dois.
Porque eu vim? É a pergunta que me faço. A pergunta que minhas amigas fazem com uma expressão incrédula no rosto. Adriano não está presente hoje. Graças a Deus. Ou então seria uma pegação dos dois que chega dá um troço.
Meu pai não liga muito pra nada.
Então minha mãe toma conta de tudo.
Isso resume a vida de casados deles.
Não posso deixar de sentir raiva da minha irmã, mas pela minha mãe eu sinto outro coisa: mágoa.
Elas sempre foram e sempre serão assim. Suas personalidades são detestáveis a maior parte do tempo com qualquer amiga minha que eu apresentar. Cris e Bruna odeiam elas e vice - versa.
- Então Elena. Como foi no serviço? - minha mãe resolve dar atenção para mim e eu sabia que não seria dada de graça.
- Foi bom. Muito produtivo. É diferente quando o dono sabe realmente o que está fazendo. - respondi cautelosamente. As garotas olharam pra mim com pena. Elas sabiam o que iria acontecer.
- Bem. Você e Guilherme poderiam conversar melhor no jantar que está sendo organizado.
Larguei minha xícara de chá E olhei sem piscar para minha mãe.
- Eu não vou com o Guilherme ao jantar. - avisei calmamente.
- Mas já colocamos o nome de vocês juntos no mapa dos lugares! - retrucou minha irmã brava.
Bruna e Cris pegaram suas coisas e foram para a porta.
Me levantei com toda calma que consegui e avisei:
- Não vou ao jantar. Não há motivo para fazer nada disso. Fico feliz por seu casamento irmã. De verdade. Vocês dois se merecem mesmo. Quanto a você mãe, eu diria pra fingir que eu não existo, mas você já faz então, apenas continue fazendo. Adeus.
E fui embora com as garotas rindo e celebrando por finalmente, finalmente me livrar deles.
Estava tão feliz que assim que chegamos em casa abri uma garrafa de vinho e fiz lasanha. Nada mal para um término de segunda feira, não é?
Chamei o táxi para Cris e Bruna. Elas não queriam ficar e era mais fácil do que levá-las.
Eu sei que quando deitei na minha cama, duas horas depois, eu me senti leve, muito leve.
Eu podia finalmente ter paz.
E por conseguinte, não tive aquela sensação horrível de não ser suficiente o bastante para nada. Aquele pensamento horrível de que você não vale muito.
Hoje nada disso invadiu minha cabeça e dominou meus pensamentos.
Eu sorri.
Agora eu creio que possa finalmente voltar a ser eu ao invés de ficar preocupada com quem não tá nem aí pra mim.
Livre, enfim.