Já eram mais de dez da manhã e Elídio ainda teimava em cochilar no sofá, Daniel que já estava acordado e na cozinha, preferiu não acordá-lo de seu sono e se arriscar em ter o hóspede de mal humor.
Lá pelas onze, Daniel teve que sair – Lico nem se importou em escutar o que ele tinha pra falar, só concordou. E foi ao meio dia em ponto que, o mais novo, levantou. Ainda com o semblante cansado, foi vasculhar a geladeira atrás de um pedaço de pizza amanhecida.
Com o último pedaço da de calabresa na boca, o moreno foi para a sala assistir algo – ele já estava confortável ao bastante pra invadir a Netflix alheia. Não havia nada que o interessasse naquele momento, então assistiu um filme qualquer e se viu sem nada para fazer em pouco tempo, mas como mente vazia é oficina do Diabo, Elídio se pôs a pensar em maneiras de fazer o anfitrião falar algo, até porque foda-se a ética e o discurso "cada um tem sua hora."
Em poucos minutos ele já tinha um plano maléfico que combinaria com um dia de calor. Calçou o all star, vestiu uma roupa limpa e se apressou para ir em um especifico lugar. E se ele conseguisse ver o futuro, ele se arrependeria, ou refaria tudo de novo.
[...]
Elídio estava esperando o amigo chegar, ele estava sentado no chão da varanda olhando para o portão de forma ansiosa, esperava que Daniel chegasse em qualquer minuto. Por sorte – ou talvez destino –, ele teve de esperar por menos de dez minutos para ver o portão se abrir. Ele recebeu o amigo com um sorriso nervoso e receptivo, e foi respondido por um olhar surpreso e desconfiado.
Ficaram se encarando por um tempo. O de óculos esperava que ele falasse o motivo de estar ali, encarando-o com um sorriso desajeitado. Lico tentava arranjar palavras ao mesmo tempo que rezava para o amigo quebrar o gelo daquele momento quase constrangedor, sorte a dele que o recém chegado o fez:
– Fala logo, e explica o motivo dessas latas de cerveja – Franziu o cenho, pois além de Elídio, na vista do mais velho haviam latas de bebida alcoólica ao lado do amigo.
– Ah – quase gaguejou, não era fácil botar um plano em ação –, eu achei que poderíamos... você sabe... beber juntos, sei lá – saber ele sabia, só era difícil colocar para fora.
O anfitrião desviou o olhar, fez uma careta enquanto pensava – como se fosse uma grande decisão. Isso fez o outro se questionar em pensamento, "o que estou fazendo?", e responder a si mesmo em silêncio, "já vai dar errado.", era complicado não duvidar de suas estratégias.
– Bem – Dani voltou seu olhar para o mais novo e deu um sorriso estranho, quase como o de vilões de desenho animado –, eu aceito então.
Uma luz havia se criado e Lili enrolou um sorriso nos lábios, satisfeito. O mais velho entrou na casa e, em pouco tempo, saiu e logo se sentou junto ao moreno, que já lhe ofereceu uma latinha.
Não havia muito mistério no que o hospede havia planejado: embebedar o outro e fazer o amigo falar algo. Ele mesmo não beberia, fingiria estar no mesmo estado que o outro. Parecia perfeito, dificilmente ele poderia estragar tudo.
– Então, como foi seu dia? – Dani tomou um gole da cerveja logo em seguida.
– Nada de especial... – O moreno se viu nervoso e fingiu tomar um gole de sua lata.
Em pouco tempo, conseguiram desenrolar uma conversa. Não é como se Daniel tivesse tomado com muita vontade no início, e foi nesses momentos que Elídio tinha de fingir, mas, quando percebeu a alegria alterada do outro, começou botar melhor o seu plano em ação:
– Os calafrios passaram? – Começou, cauteloso.
– Sim – Curto e seco, mas não parecia incomodado.
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❛𝐬𝐚𝐧𝐠𝐮𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨 _ 𝐝𝐚𝐧𝐢𝐝𝐢𝐨❜
General Fiction« Mas todos temos que enfrentar os problemas alguma hora - ou dormir pra sempre, quem sabe. » ❆ O frio. O sangue. A mente. Amor é como uma doença e, nesse caso, o doe...