❛𝐬𝐚𝐧𝐠𝐮𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨 _ 𝐝𝐚𝐧𝐢𝐝𝐢𝐨❜

Quinto

Notas: Meu cap preferido, amém.

Já eram quase oito horas da noite quando os dois começaram a se arrumar. Um – Elídio – tirou a barbicha, sem medo. Já o outro – Daniel – preferiu fazer a barba, mas deixar a marca registrada em seu rosto.

Quase oito em ponto e os dois estavam dentro do carro de Daniel, os aromas de seus perfumes batalhavam naquele pequeno espaço – o amadeirado perfume do mais velho e o cítrico do mais novo.

E a pequena jornada havia começado. O celular mostrava o aplicativo de GPS e o rádio tocava músicas dos anos 2000 – era a programação daquele horário. Dani dirigindo e Lico no carona, às vezes cantarolavam uma música e outras conversavam e especulavam sobre como seria o show – uma vez que era uma banda cover de rock e metal que iria tocar, não sabiam que músicas esperar.

O local tinha um pequeno estacionamento em frente a um estabelecimento fechado – o show seria em uma boate. E no início do estacionamento, ficaram os dois; esperando Anderson.

Elídio se sentiu deslocado naquele lugar, só do estacionamento dava pra ver punks e a maioria só vestia preto, enquanto ele estava de jeans e blusa vermelha. Até Daniel estava mais "rock'n'roll" do que ele. O mais velho vestia uma jaqueta de couro, all star preto botinha, calça preta com o detalhe da corrente e uma blusa com estampa de guitarra. Lico realmente não era parte daquela tribo. Foi fácil reconhecer Andy se aproximando, o tal usava uma blusa do guns 'n' roses que provavelmente iria com ele para o túmulo.

E mesmo que o rebelde Lili estivesse animado para sua primeira vez de ouvidos zumbindo – mas isso só porque ele queria que o amigo mais velho relaxasse e sabia que teria que estar lá pra ver isso –, o mais alto parecia ainda mais:

– Ai meu Kurt cobain!

– Começou... – O de nome peculiar se referiu a transformação de personalidade do amigo metaleiro com um tom de arrependimento.

– Esse é nosso primeiro show juntos! – Continuou animado, como se nada tivesse acontecido.

– Parece que é – Daniel riu da animação e olhou para Lico que ainda parecia arrependido.

Em silêncio, o mais alto enfiou a mão no bolso esquerdo da jeans que usava e tirou de lá três papéis amassados e entregou um para cada amigo, e, por fim, sobrou um para si próprio:

– Já sabem o que fazer!

– Sim, não ler agora, só no meio da cena – Dani disse travesso, sabendo da provável reação dos dois, e assim como previu, eles riram.

[...]

As luzes piscantes no fundo mal iluminavam o local fechado, as mesmas eram testemunhas de tudo que lá acontecia: A mulher que traia seu parceiro no escuro, o vendedor de drogas que se encostava nas paredes, a respiração de cada um que ousasse se apaixonar. O mundo dos roqueiros finalmente havia se formado e o último a gritar "sexo, drogas e rock'n'roll" perde.

Elídio estava encolhido no meio da multidão. Os três optaram por um lugar na parte de cima. A boate tinha o segundo andar para aqueles que queriam evitar aglomerações e rodas de punks que se formavam no térreo. Mesmo assim, muita gente tinha escolhido o local para ver a banda de qualquer forma.

– Não aceitem nada de estranhos, sabem como rola drogas nesses tipos de lugares – O mais alto advertiu sem muita emoção.

Como o moreno não sabia muito sobre o que realmente seria tocado – "me perdoe Mtv", é o que teria dito –, pegou um dos vários panfletos que podia ver no pelo chão a fora. Numa edição medíocre, o papel anunciava que seriam tocadas músicas do: Nirvana, Ramones, Guns'n'roses, Bon jovi e etc pela banda cover da noite. Infelizmente Lico só conhecia o nomes da terceira banda pela blusa de Andy e uma das músicas do Nirvana – smells like teen spirit –, pois a mesma tinha tocado muito nas rádios durante sua infância.