Capítulo I

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O cheiro era repugnante.

Havia sangue espalhado por todo lugar e lá estava seu corpo, encostado no tronco de uma árvore, talvez tenha saído pela mesma, pois havia fiapos de madeira nas mangas de seu vestido.

Seus cabelos escondiam seu rosto, que a julgar pelo tempo que permaneceu aqui sem nenhuma ajuda, estava em decomposição. Seu vestido azul rasgado. Próximo de seus pés um pequeno frasco escrito: "Beba-me" e pude notar que ainda continha miligramas de quaisquer tipo de bebida que tenha sido ela.

Dentro de seu bolso, um bilhete escrito: "Mate o Coelho".

Soltei o bilhete surpreso, me afastei do corpo de Alice.

Mas que diabos aconteceu aqui...?!

Havia pegado no sono como de já teria se tornado de costume desde que meus remédios para enxaqueca foram trocados, e...céus, já estava tarde e estava atrasado por causa do maldito alarme que não tocou.Já podia imaginar a cara de Louis quando me visse, ele diria algo como sempre sou irresponsável e não cumpro ordens aliás já era a segunda vez que havia acordado atrasado naquela semana.Não era algo muito comum pois sempre fui cordial e percebi que desde que o Dr. Yung aumentou as doses do meu remédio,também aumentaram as minhas alucinações além de perda de noção do tempo.

Decidi jogar uma água no rosto, trocar de roupa em meros 5 minutos para não atrasar-me ainda mais, peguei meu guarda-chuva preto que estava pendurado no cabideiro próximo à porta de entrada e saí de casa rumo ao trabalho.Estava usando meu tênis preto que havia ganhado de Serena minha irmã,a calça jeans já estava um pouco surrada de tanto usá-la,a camisa verde com a jaqueta preta também não pareciam tão novas.Aliás, era o que menos importava,desde que eu chegasse ao trabalho a tempo.

Vejam bem,nunca fui ligado às criminologias daqui da cidade de Harrow mas Londres em si é uma cidade cheia de mistérios e aventuras então por quê não me juntar à alguem que também goste dessas adrenalinas? Foi quando conheci Louis e viramos amigos, logo decidimos que poderíamos nos juntar e combater a maldade, mas é claro que estamos começando aos poucos, como detetives. Investigamos traições e seguimos maridos infiéis que deixam suas esposas com pulgas atrás das orelhas.

Louis sempre me julgou por ter esse olhar observador em cima das coisas,mas não vejo isso como uma crítica e sim elogio. Posso ter meus momentos em que fico totalmente perdido em minhas tarefas e culpo os remédios que Dr.Yung me passou e acho que sim, podem ter a fórmula tão pesada a ponto de me causar alucinações extremas tanto acordado quanto dormindo,o que não deveria ser normal e juro que já pude me assistir dormindo e acho que chamam isso de projeção astral.

Louis era assim,com uma expressão no rosto que dizia "se afaste de mim ou te mato". As pessoas tinham medo de falar com ele porque achavam que ele sempre as fuzilava com o olhar, mas ele era um grande homem com um grande coração e não machucaria nem se quer uma mosca. Seus 50 anos bem distribuídos em anos de agricultura,ele adorava a estufa que havia recriado em casa depois de ter visitado minha tia-avó Marileen. Era uma estufa pequena, bem arejada e Louis tinha os mais belos vasos de cerâmicas e as mais diversas rosas, algumas que eu jamais tinha visto e não era de se esperar menos vindo deste grande homem com um grande coração em suas mãos. Mas chega de bajular Louis.

Assim que saí de casa havia um carro estacionado no caminho próximo ao beco que fica em frente à casa de Louis,me olhei pelo reflexo e notei em mim, o quão velho havia me tornado durante os anos,o quanto ter 30 anos estava me fazendo bem e me tornando maduro para enfrentar a vida. Tinha 1,60cm e pesava meros 60kgs para um cara que não era tão magro assim,mas sabia o quão importante era comer,chamava meu alimento de cappuccino e não conseguia ficar sem meu vício.

ALICE ESTÁ MORTAOnde histórias criam vida. Descubra agora