Finalmente estava em casa, e me sentia tão bem por saber que iria descansar mas alguém bateu à porta antes mesmo que pudesse tirar minhas meias dos pés. E então caminhei em direção à porta, respirei fundo e por mais que estivesse com a aparência de que poderia correr uma maratona, mentalmente estava esgotado. Pus o melhor sorriso que podia no rosto, segurei a maçaneta com força e sorri... mas não havia ninguém na porta, apenas um envelope de papel pardo, sem nenhum remetente, sem nada escrito nem mesmo um rabisco se quer de caneta.
O peguei com cautela porque não há pessoa em sã consciência que receba um envelope na sua casa que não haja remetente e não desconfie. Eu o olhava, inspecionava cada detalhe na tentativa de encontrar alguma pista de quem à tinha mandado. Dentro havia um papel, a letra era curva, fina e escrita à mão. Nada parecida com letra de criança, pois havia certa precisão na fôrma das letras e como elas alinhavam-se perfeitamente no papel.
Decidi fazer a leitura mentalmente:
" Caro Senhor Baker,
Sabemos tudo a seu respeito, cada passo e cada respiração.
Estamos ansiosos para encontrá-lo novamente, ou acha que fugindo estaria seguro? Saiba que nada é tão seguro quanto o lugar que um dia você chamou de lar. Todos os dias lembramos do que fez, e precisamos colocar as coisas em ordem novamente.
Por favor, assim que puder, visite-nos. Estamos ansiosos para vê-lo.
Atenciosamente,
D.C "
Fiquei relendo a carta até entender e lembrar-me do que estavam falando, mas nada veio à cabeça. Tentava pensar no que havia feito durante a semana, será que algum cliente ficou ofendido com algum trabalho? Não havia como saber, mas não ia ficar pensando naquilo por muito tempo e logo agarrei o telefone e liguei para o Louis.
- Alô?
- Louis! Preciso de uma informação, coisa rápida!
- Ah, Baker...é você! Mas já é tarde rapaz, ora...falta 10 minutos para meia noite. É tão importante que não pode esperar até amanhã?
- É importante Louis, por favor cara!
- Está bem, está bem... o que precisa saber de tão importante assim?
- Bem, é...por acaso nós tivemos algum cliente recentemente com as iniciais D.C?
- Que eu me lembre não...deixe-me ver aqui, um segundo.
Após 10 minutos esperando Louis voltar a ligação, comecei a pensar na vida enquanto estava encostado do lado direito da janela olhando a chuva cair do lado de fora e escutei um sussurro no telefone que me fez pensar que era a respiração de Louis, e então vi uma silhueta do lado de fora, era uma silhueta familiar, porém não conseguia identificar quem era. Meu coração parecia um tambor de tão forte que batia e minha voz começou a ficar trêmula enquanto chamava Louis do outro lado da linha. Será que estava em perigo? Quem era a silhueta e por quê estava na minha propriedade me vigiando? Nesse momento haviam mais perguntas para serem respondidas do que respostas encontradas, e já não sabia se desligava a ligação ou aguardava mais um pouco.
Afastei-me da janela, e fechei a cortina deixando apenas uma linha fina para que pudesse ver se a silhueta ainda estava a me observar, e ainda estava. Meu coração estava prestes a saltar da camisa, e assim que estiquei meu braço para levar o telefone até o gancho, ouvi uma voz e era Louis chamando meu nome.
- Baker??! Alô?! Baker!!??
- Sim, estou aqui!
- Você me pede uma informação e some! Achei que havia desistido!
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ALICE ESTÁ MORTA
Misterio / SuspensoQuando o Detetive Baker é ameaçado e levado até o macabro País das Maravilhas inesperadamente, ele se vê em um loop no qual questiona sua verdadeira identidade enquanto todas as circunstâncias o conduz a salvar Alice de um final sombrio e sangrento...