Capítulo VIII

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Meus olhos podiam avistar o castelo da Dama de Copas de longe, era muito bonito com todas aquelas janelas e a grama muito bem cuidada e um caminho de rosas vermelhas.

- Rosas vermelhas. – falei não muito surpreso.

- Eu te disse! – Cheshire sorriu.

No final do caminho das rosas estava um balde de tinta vermelha com um pincél dentro e algumas das rosas ainda estavam na cor branca.

- Devem ter saído às pressas quando foram até o Chapeleiro procurar pela "Alice".

- Provavelmente. – respondi enquanto observava os guardas no portão. – Acho melhor você sumir agora.

- Gosto do seu humor. – o Gato sorriu enquanto seu corpo desaparecia aos poucos junto com o seu sorriso.

Um dos guardas se virou assim que me aproximei do portão e gritou.

- Ei, onde pensa que vai!?

- Vim falar com a Dama de Copas. – disse calmamente.

- Pode deixá-lo passar, a Dama de Copas autorizou. Qual seu nome? – o guarda com que segurava um tipo de lança perguntou.

- Félix Baker.

- Eu sou Oito e esse é o Dois. – respondeu apontando para a numeração estampada no corpo deles.

- Prazer em conhecê-los, mas devo ir antes que a Dama de Copas reclame.

- Sim, vai lá.

Depois de conseguir passar pelo portão, ainda havia um outro jardim com centenas de roseiras crescendo e diversos guardas pintando. Alguns discutiam entre si sobre qual tom de vermelho ficaria melhor, outros jogavam tinta um no outro, e ainda tinham aqueles que faziam seu serviço calados. Nenhum deles pareceu se importar com a nossa presença e continuavam a fazer seus deveres.

- Parece chato. – cochichei baixo para que o Gato pudesse ouvir.

- Sim, fazem isso por todos os lugares em que as rosas estão brancas.

- Como eram antes de se tornarem... cartas?

- Eram pessoas normais que moravam em um vilarejo, o mesmo que a mãe da Alice morava. Quando ela morreu e a Dama de Copas assumiu o castelo, ela os amaldiçoou e todos se tornaram cartas ou naipes como alguns chamam.

- Por que pintar de vermelho?

- É minha cor predileta. – a Dama de Copas apareceu na minha frente num piscar de olhos. – Tem costume de conversar sozinho?

- Ah, sim. É uma mania. – sorri nervoso.

- Venha logo, tenho alguém que está louco para te ver. – deu risada.

O hall de entrada do castelo não aparentava ser tão grande, era pouco iluminado e uma parede era tomada de janelas que deixavam a luz da lua entrar. Do lado esquerdo um corredor com uma vela presa à parede, um pouco mais a frente outra porta mas essa não me chamava atenção e do lado direito uma enorme escada que levava ao segundo andar.

- Gosta do meu castelo Senhor...?

- Baker.

- Isso, desculpe... no calor do momento eu esqueci. – disse ironicamente.

A Dama de Copas guiou todo o percurso, desde a subida ao segundo andar até a chegada à biblioteca. Ela foi até a estante de livros e puxou um específico, "O Caso da Borboleta Atíria".

- Sempre gostei desse livro. – disse enquanto uma passagem secreta se abria.

Por trás da passagem tinha degraus e mais degraus que nos levaram à um calabouço, cheio de celas e um cheiro terrível de esgoto. Entre as quatro celas que estavam ali, uma divisória de ferro que é ativada por um mecanismo perto das escadas que chegamos estava levantada. Alguns ratos caminhavam pelo calabouço sem a menor preocupação se estávamos andando perto deles ou não.

ALICE ESTÁ MORTAOnde histórias criam vida. Descubra agora