Meus olhos podiam avistar o castelo da Dama de Copas de longe, era muito bonito com todas aquelas janelas e a grama muito bem cuidada e um caminho de rosas vermelhas.
- Rosas vermelhas. – falei não muito surpreso.
- Eu te disse! – Cheshire sorriu.
No final do caminho das rosas estava um balde de tinta vermelha com um pincél dentro e algumas das rosas ainda estavam na cor branca.
- Devem ter saído às pressas quando foram até o Chapeleiro procurar pela "Alice".
- Provavelmente. – respondi enquanto observava os guardas no portão. – Acho melhor você sumir agora.
- Gosto do seu humor. – o Gato sorriu enquanto seu corpo desaparecia aos poucos junto com o seu sorriso.
Um dos guardas se virou assim que me aproximei do portão e gritou.
- Ei, onde pensa que vai!?
- Vim falar com a Dama de Copas. – disse calmamente.
- Pode deixá-lo passar, a Dama de Copas autorizou. Qual seu nome? – o guarda com que segurava um tipo de lança perguntou.
- Félix Baker.
- Eu sou Oito e esse é o Dois. – respondeu apontando para a numeração estampada no corpo deles.
- Prazer em conhecê-los, mas devo ir antes que a Dama de Copas reclame.
- Sim, vai lá.
Depois de conseguir passar pelo portão, ainda havia um outro jardim com centenas de roseiras crescendo e diversos guardas pintando. Alguns discutiam entre si sobre qual tom de vermelho ficaria melhor, outros jogavam tinta um no outro, e ainda tinham aqueles que faziam seu serviço calados. Nenhum deles pareceu se importar com a nossa presença e continuavam a fazer seus deveres.
- Parece chato. – cochichei baixo para que o Gato pudesse ouvir.
- Sim, fazem isso por todos os lugares em que as rosas estão brancas.
- Como eram antes de se tornarem... cartas?
- Eram pessoas normais que moravam em um vilarejo, o mesmo que a mãe da Alice morava. Quando ela morreu e a Dama de Copas assumiu o castelo, ela os amaldiçoou e todos se tornaram cartas ou naipes como alguns chamam.
- Por que pintar de vermelho?
- É minha cor predileta. – a Dama de Copas apareceu na minha frente num piscar de olhos. – Tem costume de conversar sozinho?
- Ah, sim. É uma mania. – sorri nervoso.
- Venha logo, tenho alguém que está louco para te ver. – deu risada.
O hall de entrada do castelo não aparentava ser tão grande, era pouco iluminado e uma parede era tomada de janelas que deixavam a luz da lua entrar. Do lado esquerdo um corredor com uma vela presa à parede, um pouco mais a frente outra porta mas essa não me chamava atenção e do lado direito uma enorme escada que levava ao segundo andar.
- Gosta do meu castelo Senhor...?
- Baker.
- Isso, desculpe... no calor do momento eu esqueci. – disse ironicamente.
A Dama de Copas guiou todo o percurso, desde a subida ao segundo andar até a chegada à biblioteca. Ela foi até a estante de livros e puxou um específico, "O Caso da Borboleta Atíria".
- Sempre gostei desse livro. – disse enquanto uma passagem secreta se abria.
Por trás da passagem tinha degraus e mais degraus que nos levaram à um calabouço, cheio de celas e um cheiro terrível de esgoto. Entre as quatro celas que estavam ali, uma divisória de ferro que é ativada por um mecanismo perto das escadas que chegamos estava levantada. Alguns ratos caminhavam pelo calabouço sem a menor preocupação se estávamos andando perto deles ou não.
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ALICE ESTÁ MORTA
Mystery / ThrillerQuando o Detetive Baker é ameaçado e levado até o macabro País das Maravilhas inesperadamente, ele se vê em um loop no qual questiona sua verdadeira identidade enquanto todas as circunstâncias o conduz a salvar Alice de um final sombrio e sangrento...