⭐ 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 ⭐

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𝐒𝐄𝐔 𝐆𝐈𝐋𝐁𝐄𝐑𝐓

A semana havia passado depressa, e a falta que Gilbert fazia pesava ainda mais no âmago de Anne. Não era só pelo romance, por terem tido tão pouco tempo juntos após revelarem seus sentimentos, mas porque, apesar de tudo, eles ainda eram amigos. Amigos que se ajudavam, amigos que sempre estavam ali um para o outro e amigos que adoravam uma competição em sala de aula.

Haviam outros garotos e garotas inteligentes em sua turma, mas não era a mesma coisa. A empolgação pela disputa não era a mesma, não tinha aquela necessidade que a deixava ansiosa, e muito menos os olhos calmos cor de avelã que a encaram com um certo desafio.

Isso tornava a faculdade um pouco... entediante.

Por Deus! Aquele era o grande sonho de Anne, e tudo simplesmente se tornou desanimador. Tudo por causa da falta que Gilbert Blythe fazia, do desafio que ele representava e do companheirismo que ele exalava. Entretanto, a ruiva não desistiria. Ah, não! Até porque aquele ainda era seu sonho, e apesar dos dias serem um tédio, ela estava gostando do conteúdo que estava aprendendo. Embora muitas vezes ela se pegue pensando nos tempos da escola, na Senhorita Stacey, que fazia uma falta absurda.

— Olá de novo! — Royal a cumprimentou ao sentar ao lado de Anne.

Anne pousou a caneta sobre a mesa e o encarou, sorrindo amigavelmente.

Desde que se apresentou pela primeira vez, Royal se tornou uma pessoa com quem Anne frequentemente conversava, mesmo que pouco. Eles se encontram ocasionalmente várias vezes ao dia, e o rapaz nunca deixava de falar ou fazer algum gesto para a cumprimentar, e ela acabou se acostumando com isso.

— Olá Royal.

— Eu já disse que você fala de um jeito tão... diferente? Reparei isso no primeiro dia de aula. Os seus pais devem ser muito orgulhosos por ter uma filha tão inteligente e poética como você.

O sorriso de Anne se tornou doce. Pensar nos pais deixava ela com uma sensação de calmaria, ultimamente. Depois que descobriu mais sobre eles, ciente de que não foi abandonada, depois que pôs as mãos no livro "A linguagem das flores" e soube mais sobre seus pais, as peças foram se encaixaram e a feria que antes estava aberta, aos poucos estava começando a fechar.

— Tomara que eles realmente estejam.

— Claro que estão! Eles não te dizem isso?

— Meus pais estão mortos, Royal.

O rapaz sentado a frente dela paralisou, os olhos negros se arregalaram em pânico.

— Me desculpa, Anne, não foi minha intensão! Me desculpe mesmo!

— Tudo bem, Roy. Isso não é um problema.

Os olhos negros do rapaz analisaram-na por um tempo, como se quisesse ter certeza de que ela fala sério, de que não está abalada pelo comentário que Anne sabia não ter sido de mal gosto. Royal se ajeita no banco, suspirando de alivio, o que a faz sorrir de leve.

— Se importa se eu perguntasse se... mais? — perguntou ele, e após Anne negar com a cabeça, Royal prossegue: — Foi adotada há muito tempo?

— Alguns poucos anos, na verdade. Eu já era crescida. Foi sorte ter conseguido ser adotada com a idade que eu tinha.

— Que bom que isso aconteceu, ou você não estaria aqui, não é? Comigo.

Anne entreabriu os lábios, se questionando se o tom e as escolhas de palavras que Royal usava significava alguma coisa. No fim, o ignorou, achando que foi só coisa da cabeça romântica e fértil dela, já que vive mais da metade dos seus dias pensando em romance desde que deu seu primeiro beijo.

𝐂𝐎𝐍𝐓𝐈𝐍𝐔𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎 ─ 𝐀𝐍𝐍𝐄 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐀𝐍 𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora