capitulo 31🍃

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" Quando me entrego, me atiro.
Mas quando recuo, não volto mais"

— Clarice  Lispector

Boston / 01 de abril /  16:54 PM

Quando shivani  retornou para o apartamento de Sabina, a mesma pôde perceber o quanto sua amiga não estava bem.
Aliás...quem ficaria bem sabendo que havia magoado a pessoa mais importante de sua vida, da forma em que ela o magoara?

Ela queria tantas coisas...
Queria se desculpar, principalmente pela forma em que usara as palavras.
Queria enterrar sua cabeça em seu ombro e chorar. Abraçá-lo como se pudesse fundi-lo com seu corpo, e nunca mais soltá-lo.

Mas não havia escolha...
Ela tinha que o deixar ir... ou melhor...tinha que abandoná-lo para trás.

— shiv...o que você disse pro noah? — Sabina procurou saber, vendo o rosto inexpressivo de sua amiga se concentrar em fazer as malas, antes que a sua mãe aparecesse mais uma vez. — O que você falou pra ele?

Ela queria saber.
Queria saber se havia alguma possibilidade de reverter aquela situação, porque, não importava como visse, aquilo era insano demais para uma pessoa.
Shivani  não tinha aquele direito de simplesmente deixá-lo sem saber da verdade, e sumir como se aquilo não pesasse sua consciência.
Não era assim que as coisas deveriam ser.

Mas a morena nada respondeu.
Ela apenas continuou fazendo suas malas, tentando ignorar Sabina, e até mesmo as inúmeras ligações não atendidas de Noah, que provavelmente ainda estaria confuso com tudo o que aconteceu, num piscar de olhos.

— Shivani! — Sabina elevou a voz, segurando seu braço, e a afastando de perto de suas malas. — Olha pra mim... — Ela pediu, vendo-a balançar a cabeça negando. — OLHA PRA MIM! — A mesma arregalou os olhos ao notar o rosto banhado em lágrimas de sua amiga, fazendo-a soltar imediatamente o seu braço, a vendo voltar para perto de suas malas.

Shivani já havia decidido, e, quando colocava algo em sua cabeça, mesmo que doesse, ela não voltaria atrás.
Mas aquilo estava doendo demais...
Estava machucando demais...
Era angustiante demais..

— Shiv... — Sabina suavizou sua expressão, tocando em seu ombro. — As coisas não precisam acabar assim...

Mas ela apenas balançou a cabeça, tentando afastar qualquer pensamento que fosse, e fechando suas malas.

— Eu já tomei minha decisão, Sabina...

(...)

— Obrigada por ter me deixado passar esses dias aqui...

Sabina parecia chateada.
Detestava ver o quanto sua amiga parecia tão superficial perto de sua mãe, que a vigiava um pouco atrás, e tão monótona.
Ela mais parecia um robô, com falas decoradas e expressões ensaiadas, de alguém que estava sendo controlada pelas circunstâncias da vida.

Shivani forçou um sorriso, acenando para sua amiga e entrando no carro, aonde se encostou para poder chorar em paz.

Enquanto isso, sua mãe, que antes permanecia afastada, se aproximou de Sabina, com um sorriso sacana nos lábios.

— Você mentiu para mim, Sabina... — Ela sussurrou, tocando alguns fios de cabelo da mulher, que estacou no lugar. Tudo o que Priscila queria, era se livrar de qualquer pessoa que pudesse influenciar shivani a mudar de ideia. — Se aparecer no casamento...eu não medirei esforços para te expulsar...

E com o aviso, ela se afastou, entrando no carro com o motorista dos May's.
Não antes é claro, de lhe deixar um sorriso ameaçador.

(...)

Shivani  encarou a paisagem que se passava rapidamente através da janela do carro, enquanto se perdia em pensamentos.
A imagem de Noah...a queria fazê-la chorar, assim como também suas palavras duras no qual usara, sem nem mesmo piscar.

Renata  que observava a filha entretida olhando para a janela, estreitou os olhos, antes de perguntar:

— Algum problema?

Shivani  riu, fazendo o motorista passar a prestar a atenção na conversa.

Se havia algum problema?
A pergunta certa seria quando exatamente, seus problemas acabariam.

Aquilo soou tanto com uma piada, que ela finalmente decidira encarar sua mãe, mostrando o quanto achava graça aquela  pergunta.

— Algum problema? — Repetiu, irônica. — Quer mesmo saber os meus problemas? Quer mesmo saber o quanto está estragando a minha vida?

— Shivani ... — O tom soou de aviso, para que ela se calasse.

Mas ela alargou ainda mais o sorriso. Ou melhor...ela gargalhou.

Shivani  gargalhou de lacrimejar, e isso, para o motorista, transmitia muito os seus sentimentos.

— Eu vou me casar! — Ela gargalhou, limpando as lágrimas no canto dos olhos, e desacreditada, encarou o motorista. — Eu vou me casar, acredita?

— Já chega com isso! — Sua mãe ordenou, nem um pouco contente.

— Parabéns... — Ela chegou a bater palmas, assustando renata, que chegara a pensar que ela havia enlouquecido. — Nossa! Parabéns mesmo...você merece os meus mais sinceros parabéns, por ter destruído a sua filha...

A sua mentira em abril  (Noavani)Onde histórias criam vida. Descubra agora