42. Point Of View Mare Barrow

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Durante todos os treinos de beisebol, Thomas estava alí, principalmente porque Davidson prometeu que ele me ajudaria a me encaixar, e eu também desconfiava que ele não conseguia ficar muito tempo longe dos gramados, mesmo com o braço arrebentado. No entanto, quando ele evitou estar trocando palavras comigo, ou me encarando como se soubesse de todos os meus segredos, eu sabia que havia algo errado.

Até onde eu me lembrava ele sempre me tratou do jeito mais normal possível. Mas eu imaginei que mexer com Kilorn ou Maven não era só mexer com Kilorn ou Maven.

— Aí, Mare — isso foi quando ele realmente teve coragem de falar comigo. — Posso te perguntar uma coisa?

Ele estava sem fôlego, e nem sabia porquê, já que Davidson não deixava ele se mexer durante os treinos.

Olhei em volta, o campo totalmente parado e sereno, então assenti.

— O que quer saber?

Ele suspirou, e pareceu receoso em fazer essa tal pergunta.

— Você é o porquê... De Kilorn estar odiando Maven agora?

Eu não sabia responder essa pergunta, porque havia grandes chances de eu ser o motivo, eu havia plantado toda a discórdia. Mas se Thomas não sabia, se Maven ou Kilorn não haviam contado nada para ele, por que eu deveria contar?

Eu ouvi boatos, era inevitável. Eles brigaram feio pelos corredores daquele colégio, e eu não pude deixar de me sentir culpada, nem que fosse só pouquinho.

— Eu não sei — foi o que eu lhe respondi.

Thomas bufou, não aborrecido, mas chateado.

— Você terminou com Kilorn, não foi? Uma semana antes de ele quebrar a cara de Maven...

— Kilorn bateu em Maven? — perguntei, me surpreendendo, disso eu não sabia. Não imaginava que Kilorn fosse tão longe.

— Não foi nada demais — Thomas abanou a mão, fazendo pouco caso. —  Foi merecido, a única coisa que Kilorn me disse. Ninguém me conta nada. As únicas pessoas que parecem saber são Kilorn, Maven, Elane... E talvez Evangeline... Ou seja, todos, menos eu.

— É uma pena que eu também não saiba — lhe lancei um sorriso simpático, sem mostrar os dentes, em busca que ele acreditasse em mim.

— Então você não terminou com Kilorn?

Puxei o ar com força.

— Sim, não existe mas nada entre Kilorn e eu.

— Por causa de Maven?

Me perdi na pergunta, demorando demais para respondê-lo. Apenas balancei a cabeça, mostrando que não.

Thomas levou as mãos ao quadris e então desviou o olhar.

— Já entendi — algo me dizia que ele não havia acreditado na minha negação. — Você e Maven... Vocês — ele procurava palavras, mas não conseguia, incrédulo demais.

— Thomas, não!

— Tudo bem, Mare — ele começou a andar para trás, se distânciando lentamente. — Só se afaste, ok? — ele não queria que eu me afastasse dele, queria que eu me afastasse dos seus amigos, que parasse de pertubá-los.

Ele foi embora, e talvez nunca mais falasse comigo. Me sentei no chão, encolhendo as pernas sobre a sombra das arquibancadas, e fiquei alí por um tempinho, levando todo meu tempo de descanso comigo, totalmente mergulhada em meu estado mais mórbido.

— Ei, garota — olhei para cima, Tristan me encarando da parte de cima de umas das arquibancadas. — Você está morta ou o que?

Me esforcei para rir, pois até para isso eu me sentia esgotada. Talvez eu pulasse o restante daquele treino.

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